Page 27 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1999
P. 27
¦Comentário
‘ Roberto Kresch
A Tclcbrasil congrega as mais impor cicio da delegação que confere aos organis um compromisso de qualidade (monitorado)
tantes entidades do País envolvidas na
pelos fornecedores, o acesso a tecnologia ex
mos privados.
produção e operação de bens e servi
terna - quando necessário - seja desonerado,
Até que ponto pode o Estado, em que
ços de telecomunicações. Nessa condição, não os centros de desenvolvimento de telecomu
pese o direito mencionado acima, interferir
deve c não deseja ficar alheia á discussão das na mecânica interna de funcionamento das nicações sejam apoiados e os financiamentos
questões mais relevantes que afetam o setor, entidades privadas? Parece-me que deve ha para produção sejam mais fáceis e leves, dc
nos seus mais diversos segmentos. £ frequen ver urn grande cuidado nesse tipo de interfe
te, porém, o surgimento de temas sobre os rência, para se evitar uma nco-estatrzação
"Tornar mais competitiva a
quais as diversas categorias de associados não dos serviços.
tém visões convergentes. Isto c muito natural, Até onde pude aprender, exercendo fun indústria local sem
mormente em um setor tão diversificado, seja ções profissionais cm ambos os lados - in paternalismo exagerado"
cm tecnologia, mercado ou aspectos dustria e operadoras - e, também, na arca
regularório». governamental regulatona, o sistema de con
A discussão dos pontos nos quais ruo haja modo que os produtos nacionais se tomem
comenso não deve ser, no entanto, evitada, eít atraentes para os compradores.
que a Tclebrasil é, hoje, uma força muito rrm E cloro que continua a ser necessária uma Telebrasil
ptssenutiva da área e, como tal, rirve? parti» i • fiscalização, cm nome da delegação conferida
pardo» acontecimentos que oi sr dt -enrolam, pelo Estado, nus operadoras de serviços. Mas
Como navegai’ entre essas aparentes con* cu estou convencido de que, se as condições
tradições? Uma forma (jue me moue é a ex de fornecimento nacional tiverem o devido novem
posição, através da Associação, de pontos' apoio (às veres, basta que o Governo não
dc-ziit* das várias correntes de opinião, atrapalhe), as aquisições serão feitas no País,
ensejando o debate dos temas c a busca dos pois "negócio é negócio" c ninguém está aí
caminhos mais convenientes para o progresso para perder dinheiro. As operadoras também bro-dezem
co desenvolvimento do setor. necessitam de financiamentos locais, mes
K nma linha que, como profissional de lon mo tendo acesso a fontes externas. Esses fi
£3 vivem ta em várias das vertentes em que as nanciamentos podem ser subordinados à de
telecomunicações brasileiras sc dividem ~* ( »o* monstração de que não há desigualdade de bro/99
verno, fornecedores e industrio mc atrevo a tratamento entre fornecedores locais e es
tentar sugerir um caminho para a resolução trangeiros.
do impasse existente na questão da aquisição Quem sabe se poderia pensar em um Ins
dos bens c serviços necessários às operadoras tituto de Qualidade Industrial, que seria o
do» serviços dc telecomunicações. fiador dos fornecedores locais, não permi
Sc, por um lado, as empresas privadas de tindo a prática de jogadas destinadas a
vem ter o direito dc escolher seus próprios desqualificar os produtos brasileiros.
trole pelo mercado só pode scr influenciado Acredito que, mesmo sem uma interfe
(sem intervenção direta) por fatores dc ‘"atra rência tão direta nos projetos das operadoras,
''Devemos procurar a ção" e não dc “coerção". Em outras pala o Governo poderia incentivar a aquisição de
formulação de um pacto vras, o que se deve buscar é uma forma de bens e serviços nacionais. Não é necessário ir
Governo-Indústria" atrair os compradores para os fornecedores ao detalhe de cada aquisição para se saber,
que desejamos proteger (indústria nacional) em grandes números, se os “delegados do
c não uma forma de obrigar essa ligação. Estado" (concessionários) estão exorbitando
Caminhos e os meios dc melhor atenderem í Ao Governo federal e aos governos esta no seu direito de fazer o que quiserem, inva
seus mercados, também é verdade que as con duais cabe procurar maneiras de tornar mais dindo o direito de defesa da sociedade brasi
cessões que elas detém não passam de delega* com petitiva a indústria local sem leira.
çõesdadas pelo Estado, que c o único c verda- paternalismos exagerados, mas evitando as Não sejamos maniqueístas. Há mais de
<lciro dono do direito de operar serviços d< terríveis sobrecargas provocadas pelo famo uma forma de se esfolar um gato, diz um
telecomunicações no País, so “custo Brasil". ditado.
Uibc ao Estado defender a sociedade qtu Devemos procurar a formulação de um 4 Roberto Kresch é coordenador do Conselho Editorial
c|ç representa e, portanto, é legítimo que eh pacto Governo-Indústria, pelo qual as car da TELEBRASIL
om o (iinipnmento de certas regras no exer gas absurdas de impostos sejam aliviadas, haja