Page 23 - Telebrasil - Julho/Agosto 1999

G e r ê n c i a n a c i o n a l Rui Campos, diretor tia Eenasoft, a in­

dustria no País virou, na ultima década,
Já para o presidente ela Academia Bra­

uma grande usina tie montagem e gera
sileira de Ciências, Moacir Krieger, se o

poucos empregos nobres. “O Brasil, com
conhecimento científico na época da Re

uma base instalada de 6 milhões de PC's,
nascença era circunscrito às universida­

vive ainda essencialmente de monta­
des, que funcionavam muito bem na for­

gem”, queixou-se Campos.
mação de recursos humanos, mais tarde

Laércio Coscntino, da Microsiga,
foi repassado ao setor produtivo.

achou que o fenômeno da globalização
A Coréia do Sul, nos anos 80, tinha

nada mais c do que o escoamento da
produção científica inferior a do Brasil.

produção dos países mais ricos, com ge­

O quadro mudou nos últimos 16 anos c
ração de empregos lá fora. “A índia e

cientistas coreanos produzem tanto quan­

Israel progrediram tecnologicamente, ao
to os nossos. Segundo Krieger, criou-se
passo que o Brasil está se tornando um

um “círculo virtuoso”, com gente f azendo

mero montador de máquinas e
tecnologia c gerando recursos que propor­

implantador de sistemas. Será preciso
cionam o crescimento científico.

valorizar o serviço e o software nacio­
O Brasil possui cerca de 56 mil profes­

nais”, denunciou Cosentino.

sores e 62 mil alunos na pós-graduação,
No ponto-de-vista de Fernando Nery,
dos quais 14 mil são doutores. A diferen­

presidente da Assespro Nacional, é im­

ça entre os EUA e o Brasil reside na ab­
portante identificar o talento do Brasil.

sorção da mão-dc-obra universitária pela

Para ele, não se trata de reserva de mer­
empresa privada. Lá , 68% dos pesquisa­
cado e sim de apoio do governo. “A Em­

dores trabalham nas companhias particu­

presa Brasileira de Aeronáutica
lares. Aqui, este percentual se encontra nas

(Embraer) conseguiu ser uma das prin­
instituições de ensino superior.

cipais fornecedoras de jatos regionais do
- A ciência nacional c insuficiente e a

mundo”. Fernando Nery advogou os in­
sociedade não dá o apoio necessário para

centivos para a tecnologia, o financia­
ejuc surjam verbas adequadas ao seu de­

mento do BNDES e o uso de poder de
senvolvimento, constatou Moacir Krieger.

compra do Governo. *
Em mesa-redonda sobre os “Caminhos

da tecnologia”, o empresário Max Gon­ ASSOCIAÇÃO BflAS'LPRA DE mKOMUNlCAÇOE

çalves ressaltou que todas as indústrias, * Ozires Silva já foi ministro da Infra-Estrutura e

hoje, são dependentes de tecnologia. Para presidente da Embraer.