Page 22 - Telebrasil - Julho/Agosto 1999
P. 22
E m q u e o B r a s i l d i f e r e d o s E U A
João Carlos Pinheiro do Fonseca
A grande onda da globalização está sendo reavaliada.
0 tema da Ciência e Tecnologia volta às discussões que tratam do
desenvolvimento.
a opinião de Ozires Silva, di vimento lutam para se indus- “ ¦” nização dos países pe
N trializar. Tendem a fabricar os Para se ciente que a dos paí
riféricos é menos efi
retor de Tecnologia da Ficsp,
os países desenvolvidos - os
mesmos produtos sem direitos
Estados Unidos, cm particular - têm
ram mais para apresentar ino
infra-estruturas industriais que fabricam à marca ou tecnologia. Demo desenvolver um ses que lideram a eco
nomia mundial”. Para
de forma consistente produtos moder vações e praticam preços mais país, nada ilustrar o seu raciocí
nos, avançados, inovativos, eficientes e altos, embora sejam nessas re nio, Ozires Silva citou
atrativos aos consumidores. Tais países giões que as matérias-primas substitui a o comportamento das
sabem, com grande habilidade, lançar são abundantes e a mão-de- pessoas, seu nível edu
seus produtos no mercado de forma rá obra é barata. competência cacional e de treina
pida e flexível para sociedades que são “Nos países cm desenvolvi mento, a qualidade e
participativas e dinâmicas. mento, os contratos de licenci de sua população" eficácia das infra-es
Prosseguindo em sua análise, ponde amento de produtos ou servi truturas e o desenvol
rou Ozires Silva que nos países desen ços concedidos pelos donos das
Ozires Silva - Fiesp vimento da ciência e
volvidos “há uma base industrial ampla técnicas e dos processos apenas - -------------------------da tecnologia como al
e diversificada que oferece alternativas permitem as atividades indus
guns dos componentes
ao investidor e ao empresário, para criar triais centradas nos resultados já consc-
r necessários para dar uma resposta ao de
produtos complexos, com inovação e guidos pelos fabricantes originais”, en
safio do desenvolvimento.
qualidade final. Valores crescentes são fatizou Ozires Silva, acrescentando, ain
“Os governantes, por sua vez, consti
agregados aos recursos naturais de uma da, que tal equação gera um quadro pre
tuem uma moldura do que faz a socie
forma continuada c competitiva em re ocupante para as populações dos países
dade. Não há razão visível para que em
lação a seus concor emergentes. “Os preços
presas e organizações sejam altamente
rentes”. altos reduzem a deman
produtivas e os governos se considerem
De acordo com o da, os salários mais bai
isentos de empreender este esforço”, cri
diretor da Ficsp, nos xos limitam o poder de
ticou Silva.
países centrais ocorre compra e as vendas me
Referindo-se ao avanço tecnológico em
a agregação de valor nores sacrificam o retor
países em desenvolvimento, ele questio
aos recursos naturais no”, sentenciou.
nou se a chegada de marcas como
que resulta cm bene Segundo o diretor da
Hyundai, Daewoo, Samsung e muitas ou
fícios diretos para sua Federação da Indústrias
economia. “Empregos de São Paulo, numa eco tras poderia ter sido imaginada há 15 ou
de nível relativamen nomia menos eficiente, 20 anos.
te alto são gerados c não se geram investi Ele questionou que marcas, salvo pou
bons salários são ofe mentos adequados e os cas exceções, o Brasil pode ostentar lá
recidos. Ocorre com governos, para aumentar fora? “Temos sido incapazes de imple
isto uma elevação dos suas receitas, incremen mentar políticas que incentivem a gera
padrões sociais com tam os tributos. Com ção de tecnologias próprias, determinan
Ozires Silva
resultados dificilmen isto, retiram parcelas es do a capacidade das nações. Nada subs
te conseguidos pelas senciais à expansão da titui a competência e o nível cultural das
nações periféricas”, observou ele. iniciativa privada e fecham o círculo vi populações no processo de desenvolvi
Por sua vez, as nações em desenvol cioso do subdesenvolvimento. “A orga- mento”, concluiu o diretor da Fiesp.