Page 52 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1996

P O L Í T I C A & N E G O C I O S

João Carlos Pinheiro da Fonseca

E preciso manter a mistura correta gravação — traz consigo a neces­ escala de produção seja economica­

sidade de uma nova unidade fabril que
mente condizente e que o mercado
de tecnologia e economia para

levar o carro da microeletrônica
seja induzido a expandir e renovar a
custa muito caro. Uma fábrica feita
ao pódio, foi o recado de Paul

Otellini vice-presidente executivo, para a geração 386 não serve para frota de seus computadores. A batalha
fazer processadores 486 e muito
pelo “Intel inside" é vital para nós,

mundial, para vendas e marketing da menos para Pentium e para o P6, o pró­ concluiu o vice-presidente Paul

Intel Corporation, em recente visita ximo chip da Intel que ainda não tem Otellini. A marca “Intel Inside”, co­

ao Brasil. Com mais de 35 mil pessoas, nome oficial. Fábricas tornadas lada num computador, significa que

a Intel espera faturar US$15 bilhões obsoletas, em três ou quatro anos, são no interior da máquina há uma pastilha

este ano com a venda de chi ps micro- utilizadas na fabricação de memórias de silício, contendo milhares de

eletrônicos. O grande desafio da Intel rápidas e de dispositivos periféricos. transistores, fabricada pela Intel.

— que detém mais de 80% do mer­ A Intel mantém complexos fabris Na tecnologia dos processadores, o

cado de microprocessadores — é em Santa Clara (Calif.), Portland, Al­ tamanho dos wafers aumentou de 2"

manter investimentos crescentes buquerque (Novo Mex.) e na Irlanda. (anos 70) para 6" (anos 90) e a finura

em produtos, cujo ciclo de vida c A fábrica para produzir o P6, com da litografia melhorou de 10 micra para

cada vez mais curto. tecnologia de 0,25 mícron, ocupa mais 0,8 micron. O Pentium utiliza wafers

Em vinte e oito anos de sua história, de 150 mil metros quadrados de área. dc 8", litografados com precisão de 0,8

a Intel dedicou quinze á fabricação de em Rio Rancho, no Novo México, e a 0,35 microns, facultando velocidades

unidades centrais de processamento. O nela a Intel já investiu o equivalente a de 66 a 133 MHz. Mas isto elevou seu

foco central da organização são os um bilhão de dólares. investimento fabril para um bilhão de

microprocessadores de uso geral por A boa notícia é que cada geraçãc dólares a fim de produzir 5 mil unida­

oposição aos chips especializados — de chips permite fazer máquinas coir des semanais. O próximo P6 continuará

que se sucedem em gerações tecno­ maior poder computacional e a um custe com wafer de 8" mas as raias chegarão

lógicas. O chip 286, lançado em 1985, menor. Em 1991, nos Estados Unidos a 0,35 micron e até menos e serão

alcançou seu pico de popularidade em uma máquina 386, pulsando a 25 MHz

1989. O chip 386, de 1987, teve seu custava da ordem de seis mil dólares necessários três a quatro bilhões de

pico em 1991. O chip 486, nascido em Em menos de três anos, um computadoi dólares por fábrica.

1990, teve sua maior popularidade em com chip 486 DX-2, de 66 MHz, po­ Será que os próximos proces­

1994 e 1995. Estamos agora na Era do deria ser encontrado por US$2.800 sadores Intel vão continuar baseados

Pentium, uma máquina de 32 bits (64 Em meados de 1995, o custo de urm na tecnologia do silício? Sim, disse

bits internos) originada em 1993, que máquina Pentium caiu para US$1/ Paul Otellini à TELEBRASIL, acres­

já tem em seu encalço o P6 que deve mil. Dado importante é que o custe centando que até o ano 2000 a tec­

decolar este ano. O sucesso de um novo ielativo do mip (milhões de instruções nologia já terá chegado aos 0,25

chip atropela o investimento feito na por segundo) caiu, em quatro anos, dc microns, bem perto do limite de

geração anterior. O processador 386 US$225 do 386 para US$11, nc 0,1 micron estimado para a tecnologia

teve vida útil de sete anos, o 486 de Pentium, mostrou o executivo da Intel CMOs (complementar}’ metal oxide),

três, o Pentium ainda menos. com litografia não-Raio X.
A má notícia é que os investimento: Nao é apenas o custo de uma nova

totais necessários à fabricação d(
Tecnologia chips se avolumam cada vez mais. Sc fábrica ou a evolução da tecnologia que

O poder computacional do chip de­ já foram de 100 milhões de dólare: pesam nas decisões corporativas da

pende do tamanho de sua base de si­ Para a geração 386, aumentaram pan Intel. A quantidade de homens-ano

lício (wafer) e da precisão do proces­ um bilhão de dólares para a 486, cincc para levar um novo processador da

sos litográfico em gravar elementos bilhões para o Pentium e deverão se prancheta á linha de produção, cresce

(raias) contíguos. Cada tecnologia — de 10 a 15 bilhões para o P6. Pan exponencialmente. Em 1995, a Intel

tamanho do wafer e raia mínima de justilicar tais cifras é necessário que ; deve investir US$ 1,3 bilhões em P&V.

Vinte por cento deste total são gastos