Page 26 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1995
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itando Inglaterra e Austrália julho de 1997, a Austrália estará se gradua a velocidade de avanço?
como exemplos a serem pelo liberalizando totalm ente o seu Para Fernando Xavier, a resposta
menos estudados pelo Brasil, o sistema de telecomunicações. parece variar segundo as circuns
Secretário Executivo do Minis Fernando Xavier fez um sintético tâncias objetivas de cada país.
tério das Comunicações, Fernando relato da experiência vivida pela Por isso, segundo ele, esta é uma
Xavier Ferreira (na ocasião na posi Austrália. Lá, inicialm ente, foi área onde não existe um modelo
ção de ministro interino), abriu ofi mantida a empresa estatal e provi completo a ser copiado por inteiro.
cialmente os trabalhos e iniciou sua denciou-se uma mudança na legisla Segundo Fernando Xavier, apesar
conferência fazendo uma queixa. ção de modo a colocá-la numa base da velocidade com que o Sistema
Em suas palavras, o processo de im comercial. Telebrás cresce, que é superior
plementar a reforma do setor de te Simultaneamente, uma segunda mesmo à da economia ou à da
lecomunicações no Brasil começa a licença foi emitida, de modo a população do Brasil, ainda assim ele
provocar estresse pela velocidade e estabelecer uma competição entre a é extremamente insuficiente em
pela urgência com que todos os empresa estatal e a nova empresa relação àquilo que a sociedade exige
segmentos da sociedade anseiam por privada licenciada. Assim, a despeito do grande
uma solução. Na telefonia celular, emitiram trabalho que realizou no passado, o
Países como Inglaterra e Austrália, apenas três licenças: uma para a modelo atual está superado. Nas
que em sua opinião adotaram uma empresa estatal e duas para grupos palavras do ministro interino, mostra
solução de boa qualidade para a privados. à evidência não ter condições de
reforma de suas telecomunicações, No início desse processo a em retomar o processo preenchendo o
‘'se caracterizaram por fazê-la dentro presa estatal perdeu muito mercado. gap que aí está e que cada vez mais
de um cronograma extremamente Justamente devido à falta de acultu- se acentua.
bem elaborado", disse o ministro. ramento do ambiente competitivo, Na opinião de Fernando Xavier,
Cronograma bem elaborado, nas segundo Fernando Xavier. temos, todavia, uma estrutura básica
palavras — talvez metafóricas — de Mas, qual a diferença entre optar que nos permite projetar a reforma
Fernando Xavier Ferreira, pare por um caminho agressivo, de pri das telecomunicações brasileiras a
ceram, no caso, traduzir algo que vatização imediata, e outro, onde partir do que existe.
pode ser rápido, mas nunca preci
pitado. Foi assim, segundo ele, que
aqueles dois países levaram mais de
um ano para conseguir mudar suas
legislações. Mas o fizeram, a seu ver,
do modo mais acertado.
Nesse contexto, Fernando Xavier
considera recorde o prazo em que o
Brasil promoveu a emenda constitu
cional para implementar a reforma
das telecomunicações.
Duas tendências
O Secretário do Minicom identifica
basicamente duas correntes que se
destacam em todo o mundo, no
processo de reforma das telecomu
nicações. Uma, de grande agressivi
dade na implementação (que foi a
seguida pelo Chile), onde de
imediato se privatiza tudo e espera-
se que a própria competição regule
o mercado.
Outra, onde o processo obedece a
um planejamento central "extrema-
mente estruturado". É o caso da
Austrália, que teve a primeira lei
básica de telecomunicações para dar
início ao processo de reforma criada
cm 1988. Mas tendo pela frente um
planejamento de nove anos.
Assim, somente a partir de Io de