Page 26 - Telebrasil - Julho/Agosto 1995
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o alto de sua experiência de vinte TB — E qual a essência do desafio TB — Diminui então o leque de
e três anos de sistema, dos quais do CPqD? produtos desenvolvidos no CPqD?
dezenove passados no CPqD, HG — O CPqD precisa manter forte HG — Em relação há seis anos atrás
D Hélio Marcos Machado Graciosa, interação com os clientes para saber de somos agora mais seletivos. Hoje, temos
48, é desde de fevereiro deste ano diretor suas necessidades tecnológicas. Nossos menos produtos industriais, porém mais
de pesquisa e desenvolvimento a Tele- principais clientes, concluímos, são hoje competitivos.
brás. Ele concedeu esta entrevista exclu as empresas do sistema Telebrâs.
siva para a TELEBRASIL. numa sala de TB — Um laboratório do Terceiro
reuniões, anexa a seu gabinete no CPqD TB — A indústria não interage mais Mundo pode ser competitivo?
em Campinas, onde expôs, num falar afá com o CPqD? HG — Ser competitivo mundial
vel, conceitos abrangentes sobre o futuro HG — Não é bem assim. Trata-se de uma mente não significa ter como prio
do CPqD. Nas paredes da sala, de estilo questão de ênfase. O CPqD em sua his ridade nossa inserção no cenário
“clean’', bilhetes manuscritos com cane tória, registra uma fase de forte atuação mundial e nem temos planos paro
tas coloridas, tipo “Pilot”, ostentavam no desenvolvimento de produtos junto à isso. Precisamos, porém, de produtos
déias-chave relacionadas com o desafio indústria, para sua utilização junto ao de primeira classe para que nossos
de “como preparar o CPqD para a sobre sistema Telebrâs. Durante uns quinze clientes — as operadoras do sistemas
vivência num ambiente de competição”. anos, o CPqD atuou dessa maneira. Telebrâs — possam competir com
um desempenho mundial de primeira
Telebrasil — Como definiria o CPqD? TB — E o que mudou? classe.
H. Graciosa — Como centro de pesqui HG — No início da década de 90, o
sa e desenvolvimento do Sistema Tele- modelo de substituição de exportações TB — O CPqD está se repensando?
bráspara as telecomunicações que é uma mudou para o da inserção competitiva HG — Certamente. No antigo modelo,
das áreas da economia mais influen no mercado internacional, da globali o CPqD escolhia empresas com as quais
ciada pela mudança tecnológica. Tele zação e da abertura de fronteiras ao pro desenvolvia um produto e elas depois
comunicações e informática, ou seja, a duto externo. Com isto, o CPqD precisou contavam com o apoio da Telebrâs que
telemática são fortemente baseadas na reformar seu modo de atuação. Agora obrigava as operadoras a adquirir tais
tecnologia. Isto o mundo inteiro sabe. damos mais ênfase ás transferências de produtos. A abertura para o exterior,
tecnologia para as operadoras do sis mexeu com este modelo de inspiração
TB — O que faz o Centro? tema Telebrâs e sendo mais seletivos paternalística.
HG — O modelo é voltado, essencial naquilo que denominamos de “desen
mente, para o Sistema Telebrâs possibi volvimento de produto ". TB — O que sucedeu?
litando a oferta de novos serviços, a HG — Mudamos nosso perfil. Os atuais
redução de custos e a integração produtos do CPqD não são mais
operacional Damos também contribui criticados. Eles estão no mercado,
ção ao desenvolvimento tecnológico do digamos, por competência e não por
setor industrial das TCs, paternalismo.
TB — Mudando o modelo das TCs, TB — Como a tecnologia Trópico se
como fica o CPqD? comportou nessa abertura?
HG — Estamos frente à iminência de HG — A Telebrâs liberou o mercado e
uma profunda mudança no sistema a tecnologia Trópico teve que disputá-
institucional o que è um desafio. Acho lo. Quando a Telebrâs mandava em
que um centro de P&D em telecomu presas comprarem o Trópico ocorriam
nicações tem o seu lugar, mas precisa reclamações. Se fo r perguntado às
demonstrar valor. operadoras a condição do Trópico R.
a resposta será que ele não dá problema
TB — Como assim? e é tido como uma jóia de equipamento.
HG — No passado, orgâos de pesquisa O Trópico, na sua faixa, compete com
e desenvolvimento eram apoiados como outros equipamentos.
parte de um dogma religioso. Isto já não
ocorre. As atividades de P&D estão TB — Como o diretor do CPqD \è a
fortemente ligadas ao mercado. Não se sua gestão?
cogita em desenvolver algo, sem antes HG — Sou um funcionário da casa e
pensar no beneficio que isto trará para dentro de minha estratégia está o da
o usuário e para a sociedade. São eles, comunicação com o pessoal de dentro
Diretor Hélio Graciosa,
afinal que sustentam a pesquisa. dezenove anos de CPqD. e de fora do CPqD.