Page 27 - Telebrasil - Julho/Agosto 1995
P. 27
TB — Essa política de comunicação TB — O que acontece em outros mente transferível ao sistema Telebrás.
tem funcionado? países?
r_^ r
HG — Ontem completei minha visita à HG — Não seríamos originais ao imagi TB — E verdade que só vão sobrar
terceira indústria que fabrica o Trópico. nar que parte da receita do CPqD pode poucas tecnologias de comutação?
Amanha vou receber, aqui no CPqD, ria advir de mecanismos previstos em lei. HG — No mundo das Telecomunicações
executivos da Telesp, uma parceira e sobram mitos. Um deles foi dizer que só
cliente. Até os russos se interessaram TB — Mas não é a Telebrás que haveriam três ou quatro tecnologias de
pelo Trópico e quase não acreditam nos garante os recursos do CPqD? sistemas de comutação, até o final deste
relatórios de falhas do Trópico R. São HG — Hoje, é. Caso o sistema Telebrás, século. Dissemos que o Trópico seria
bons demais. tal como hoje existe, viesse a desapa uma delas. Ao contrário, novos atores
recer, poderia haver uma cláusula na entraram no jogo da comutação, como
TB — E quanto ao Trópico RA? concessão para exploração de serviços Coréia, índia e China.
HG — Comporta-se como mais uma que reservasse pequena parcela da re
tecnologia do mercado de comutação. ceita das concessionárias para pesquisa TB — A China também?
Perde algumas concorrências e ganha e desenvolvimento em telecomunicações. HG — Já estive três vezes na China e
outras. Tudo ocorrendo normalmente. pude observar que este país desenvolve
Já temos mais de um milhão de linhas TB — Seria uma política de Estado? centrais digitais. Existem mais de quinze
da tecnologia Trópico contratadas e HG — Sim; seria uma política de Esta centros, tipo CPqD, na China e dedica
800 mil linhas instaladas. Podemos do que vincularia a outorga de uma con dos aos correios e ás telecomunicações.
dizer que já é um produto competitivo. cessão a recursos para P&D de tecno
logia. em TCs. Haveria uma política de TB — Há mais mitos?
TB — Quanto ao preço? desenvolvimento industrial e tecnoló HG — Dizem que vão sobrar três ou
HG — A introdução da tecnologia gico para TCs, com o CPqD sendo um quatro grandes operadoras de teleco
Trópico teve isso de bom Podemos de seus focos, como acontece em outros municações. Na verdade são alianças
atribuir a ela a queda do custo do ter países. Estabelecidas algumas regras, que as operadoras fazem para não per
minal de comutação. É um produto haveria, localmente, soluções competi derem clientes em seu próprio país. Isso
competitivo que eu considero em evo tivas e as empresas poderiam escolher não quer dizer que as outras organi
lução e que disputa espaço com outras entre a tecnologia local ou importada. zações percam sua identidade.
tecnologias internacionais.
TB — Enquanto isso, como fica o TB — Quer dizer que sempre houve
TB — Deseja citar algum outro CPqD atual? mitos?
produto de sucesso no CPqD? HG — Queremos que o CPqD pro HG— Quando o CPqD da Telebrás fez
HG — O cartão indutivo que é supe duza mais, com menos recursos e em seu primeiro equipamentos digital,
rior á ficha e mais barato que a tarja coisas que as operadoras realmente MC P-30, ouvimos dizer que isso não era
magnética. China e Romênia têm se necessitam, coisa para o Brasil fazer. A mesma coisa,
interessado por seu uso. Nossa meta é quando partimos para comunicações
a qualidade. ópticas. Fizemos a fibra. Mas não fa
ríamos a fibra monomodo. Ai está ela.
TB — Como fica o CPqD frente a um Depois foi dito que pais em desen
futuro incerto? volvimento não poderia fazer comutação.
HG — Estamos mais maduros para
enfrentar mudanças. Vamos supor um poderia fazer sistemas de médio e grande
cenário ultraliberal. A Telebrás se pul porte e os Trópico R e RA surgiram.
veriza e interesses multinacionais. que
possuem seus próprios centros de pes TB — Qual a lição?
quisa, assumem as operadoras. HG— Tecnologia não é mistério quan
TB — A tônica é o ( PqD se voltar do è feita com dedicação e competência
TB - O que aconteceria? para o sistema Telebrás? desde e desde que haja algum recurso.
HG — Nesse cenário, se o ( PqD qui HG— Correto. O CPqD visava no Utilizamos até menos recursos que no
sesse subsistir, a curto prazo, como uma passado, criar um parque industrial exterior. Na minha visão particular, o
entidade autónoma, seria uma situação brasileiro. Não se recuperava o inves sucesso passado não garante o futuro
difícil. O C PqD teria que angariar re timento com o que se cobrava das mas dá mais confiança para vencer
cursos, eu imagino, através de soluções empresas pela tecnologia do CPqD. O desafios.
competitivas que colocasse no mercado. en foque passou a ser o sistema Telebrás
Já nas atividades relacionadas com o e queremos saber o quanto vale nossa TB — Como os funcionários reagem
conhecimento estratégico da tecno tecnologia. à atual conjuntura?
logia, necessário para uso nacional, a HG Não há uma pessoa no setor que
situação seria mais complicada e pre TB — Há outros grupos interessados não sinta certo frio na barriga, frente a
cisaríamos de ajuda do setor privado. na tecnologia do CPqD? possíveis mudanças, mesmo que elas
HG — Temos multinacionais de peso sejam para melhor. No CPqD isto
TB — Poderia explicar melhor? interessadas em nossa tecnologia e que também acontece e até mais que nas
HG — O que vislumbramos é o seguin já vieram até nos procurar. operadoras, pois somos meio e não
te. Se a atuação do CPqD é importante atividade fim. Temos que ser realistas e
para o Estado brasileiro é preciso que TB — Como o CPqD se vê no desen converso com meu pessoa! Todos são
o C ongresso e o Governo disso tenham volvimento de software? gente grande e sabem que o mundo não
consciência de urna maneira transpa HG — Boa pergunta. Temos um pouco vai acabar mas querem ver as coisas com
rente. E importante para o País ter uma a imagem de desenvolvedores de hard clareza. Minha obrigação é dirigir as
atividade de desenvolvimento em TCs ware mas abrimos um importante atividades do CPqD para alcançar
que possa ser um braço do Governo, segmento novo de sistemas de suporte resultados cada vez mais voltados para
para uma política tecnológica. á operação, cuja tecnologia é direta obtenção de resultados. (J.C.F.) Y
Jul./Ago./95. Telebrás»! 27