Page 21 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1992

mercado da telefonia celular ten­ de 28 milhões de dólares mensais pa­
0 ra o Sistema Telebrás.
de a crescer com as sucessivas
Do ponto de vista de mercado, no
licitações a serem efetuadas no
Sistema Telebrás e que contem­
se demonstrado um serviço que se to­
plam as operadoras estatais. A ope­ entanto, a telefonia móvel celular tem
ração privada deste tipo de comuni­ do mundo quer, por ora, se cinge aos
cação, objeto de desejo de muitos, mais afortunados. Tomando o exem­
esbarrou em disposições constitucio­ plo da Telerj, que foi a primeira ope­
nais existentes que regem as teleco­ radora do Sistema Telebrás a ofere­
municações públicas e deu origem a cer serviço móvel celular, o cliente
batalhas jurídicas entre as forças pri- paga uma taxa única equivalente a
vatistas e os defensores do monopó­ 114 dólares - a 8 cruzeiros o dólar -
lio estatal das telecomunicações. Por além de 34 dólares mensais fixos, acres­
ora, Brasília, Rio dc Janeiro e Curiti­ cidos de 40 centavos de dólar por mi­
ba são as capitais em que a telefonia nuto de chamada transmitida ou re­
celular é uma realidade, com serviços cebida. Para os que esperam utilizar
oferecidos pelas Telebrasília, Telcrj e muito o serviço, a operadora dá des­
Telepar. contos sob forma de franquia. Por
Bo Westman, da Ericsson, empre­ 106 dólares mensais, a Telerj dá uma
sa que detém 40% do fornecimento franquia dc duzentos minutos men­
de sistemas celulares no mundo, pre­ sais, o que equivale a pouco mais de
vê um futuro promissor para o mer­ três chamadas diárias de dois minu­
cado brasileiro. O especialista proje­ tos cada uma.
tou, dentre outros, 180 mil terminais
para o Estado de São Paulo e 70 mil
para o Estado do Rio de Janeiro, che
gando a um total dc meio milhão dc A conta do celular pode rapida­
terminais instalados para os próximos mente crescer se o cliente for do tipo
anos que poderão gerar uma receita que recebe muita chamada. I; costu­
meiro um usuário divulgai o número
de seu aparelho apenas para os seus
mais íntimos.
adquirir seu próprio terminal celular
A telefonia
celular tende ocorrendo ampla oferta dc terminais
a crescer com as no mercado privado. Aparelhos maio­
licitações.
res e mais pesados são mais baratos e
situam-se numa faixa de 450 dólares.
Já o aparelho miniatura - daquele ti­
po que dão status para quem o utiliza
- pode chegar a custar 1.700 dólares.
Terminais precisam ter indicativo co­
locado em seu interior pela operado­
ra que é a detentora de algoritmo pró­
prio necessário ao processo. Este fato
tem minimizado o contrabando e o
roubo de terminais celulares.
Mas quem não quiser adquirir um
terminal celular ou preferir experimen­
tar o serviço pode recorrer ao serviço
da Loca-Cell, uma empresa presidida
por Matteo Levi e que possui um es­
toque de mil terminais para alugar.
Criada em 1991, a Loca-Cell foi cons­
tituída por acionistas e uma institui­
ção financeira de primeira linha - o
nome da instituição é cuidadosamen­
te guardado como segredo de Estado
, *. . V *
pela locadora - que captou recursos
no mercado financeiro internacional
para iniciar sua atividade.
O aluguel mínimo do terminal pe­
la Loca-Cell é de 24 horas e custa 15
<»• * dólares, onde já se incluem cinco de
seguro. A empresa utiliza o sistema
de garantia prévia através de cartão
ço que a operadora cobra por minu­
de crédito. Na utilização do terminal,
o cliente paga três vezes e meia o pre­
to, sendo o controle feito pelos minu­
tos registrados no próprio “ display”
do terminal. Para chamadas DDD são
cobrados 2,7 dólares por minuto que
passam a 17,7 dólares no caso de cha­
mada DDL A locadora, com sede em
São Paulo, atua no Rio, Brasília e
Curitiba, locais onde já existe telefo­
nia celular e seus maiores clientes são
homens de negócio em trânsito que
não podem perder tempo.
Mesmo frente a preços não popu­
lares, a adesão do mercado à telefo­
nia celular continua crescendo. A Te­
lerj, ao ser escrita esta reportagem,
contava com 20 mil assinantes, repre­
sentando metade dos 40 mil terminais
que o sistema implantado pela NEC
pode suportar. Eduardo Levy, dire­
tor de operações da Telerj, revelou
Conta que a instalação de terminais se dava
a um ritmo de 150 terminais por dia
e que em fevereiro próximo já não
haveria mais estoque de terminais.
A crescente expansão da cobertura
celular - de Angra dos Reis a Cabo
Frio rumo aos pontos turísticos do
o cliente que deve Estado, deverá estimular ainda mais
o interesse para o serviço junto aos
moradores do Rio de Janeiro. Cleber
Ajuz, da Celular Global, uma empre­
sa fornecedora de equipamentos ce­
lulares, observou que o uso do servi­
ço celular se destina também ao pro­
fissional que opera na rua, acrescen­
tando que ‘‘muitos motoristas de taxi
já compram aparelhos celulares, que
ele considera um instrumento parte
de seu trabalho0 .
O assunto da telefonia móvel vem
despertando crescente interesse entre
técnicos e empresários, já atingindo o
mercado de serviços. Numa realiza­
ção da Treinamento Especializado -
Tres, foi realizado no Hotel Meridién,
no Rio de Janeiro, o Io Seminário de
Telefonia Celular que reuniu cerca de
70 participantes, dentre técnicos e es­
pecialistas da área. O evento contou
com a presença significativa do presi­
dente da Associação Brasileira das Em­
presas Revendedoras, Instaladoras e
Mantenedoras de Equipamentos e Sis­
temas de Telecomunicações-Aberimest,
Vander Stephanin, e do presidente do
Sindicato da Indústria de Instalação
e Manutenção de Redes, Equipamen­
tos e Sistemas de Telecomunicações
do Estado de São Paulo-Sindimest,
Edwaldo Sarmento. ?