Page 17 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1992
P. 17

troquímica,  ainda  que  possa  estudar                                                                             ra deverá ter um programa de capaci­                                                                                      “ É  como  se  o  País  caminhasse  para



        concepçõescognativas abstratas. Exis­                                                                               tação de seu corpo técnico e a produ­                                                                                     trás” ,  comentou  um  cientista.  Quan­


        tem vários modelos para a realização                                                                               ção  de  bens  de  informática  no  País                                                                                   to  ao  financiamento  de  órgãos  inter­


        da IA como o  das  redes  neuroniais  -                                                                             deverá  visar sua  progressiva exporta­                                                                                   nacionais,  como  o  BID,  algo  utiliza­



        baseada em  aprendizado  e  equilíbrio                                                                             ção.  A antiga  Lei  7232,  de reserva de                                                                                  do  por  outros  países,  ele  sofreu  res­


        de  elementos  interligados  -  e  como                                                                             mercado,  gerou cerca de  111  milhões                                                                                    trições  pelos  problemas da  dívida ex­



        processamento  simbólico.  O  que  se                                                                              de  dólares  investidos  em  atividades                                                                                    terna  e  da  reserva  de  mercado  que


        quer é ter daqui  a dez anos  uma má­                                                                              de  pesquisa  e  desenvolvimento.  Com                                                                                     impedia  a  realização  de  licitações  in­


        quina de uso geral que entenda a  lin­                                                                              patamares  de  faturamento  anuais  da                                                                                    ternacionais, geralmente associadas a



        guagem  humana  e  reconheça  confi­                                                                               ordem  de  6,7  bilhões  de  dólares,  a                                                                                  este tipo de empréstimos.  “A política


       gurações  e  atue  logicamente  (e  nem                                                                             indústria  de informática deverá gerar                                                                                    do  Governo  Federal  até  agora  tem


        sempre) tal como o  fazemos.                                                                                       pela nova Lei  mais de  100 milhões de                                                                                    sido  a  do  salve-se  quem  puder” ,  ob­



              Com  a  presença  de  Sílvio  Vieira,                                                                        dólares  em  atividades  de  P&D  junto                                                                                   servou  irônico  um  dos debatedores.


       do CNPq;  de  Arthur  Pereira  Nunes,                                                                               aos institutos de pesquisa. A comuni­                                                                                             O  cientista  Julian  Salek  vê  reces­


       da Abicomp;  de José  Maria Martins,                                                                                dade  acadêmica  se  mostrou  esperan­                                                                                    são na conjugação da abertura de mer­



       do  Depin;  de  Júlio  Salek  Alves,  da                                                                            çosa,  mas  será  preciso  regulamentar                                                                                   cado e baixo investimento em pesqui­


       UFRJ; e de  Ricardo  Reis,  da  UFRS,                                                                               primeiro  a  Lei  8248.                                                                                                   sa,  uma conjugação perversa de fato­



       discutiu-se o financiamento à pesqui­                                                                                                                                                                                                         res  negativos  para  a  informática  no


       sa e os incentivos da  Lei  8248/91  que                                                                                                                            Quadro                                                                    País,  e queixou-se  que há  projetos já


       vieram substituir  os  itens caducos da                                                                                                                                                                                                       aprovados  pelo  Governo  mas  que es­


        Lei  7232/84,  referentes  à  reserva  de                                                                                  O quadro visto pela Abicomp, uma                                                                                  tão  parados  por  não  se  soltarem  as



       mercado  de  informática.  Pela  nova                                                                               entidade que reúne a  indústria  nacio­                                                                                   verbas.


       lei, ainda não regulamentada, o Esta­                                                                               nal  de  computadores,  já  não  é  tão                                                                                           Salek  observou  ainda,  ao  historiar



       do deverá, ao comprar bens de infor­                                                                                otimista.  Nos  três  últimos  anos  caiu                                                                                 a atuação  do  Núcleo de Computação


       mática,  privilegiar,  primeiramente,                                                                               para metade a mão-de-obra emprega­                                                                                        Elctrônica-NCE/UFRJ junto à indús­


       aqueles desenvolvidos no País, depois                                                                               da  na  indústria  nacional  de  informá­                                                                                 tria, que a abertura do mercado exige



       os aqui  fabricados,  mas com  altos ní­                                                                            tica, cujo faturamento diminuiu 47%.                                                                                      do  País  a  formação  de  recursos  qua­


       veis  de agregação  local,  c,  finalmen­                                                                           A crise refletiu-se numa queda de 69%                                                                                     lificados.  ‘‘É preciso ter profissionais


       te, os fabricados apenas  no  País.                                                                                 na  atividade  dc  P&D  do  setor.  Se­                                                                                  que não se acovardem  frente à tecno­



             Até  outubro  de  1999,  os  bens  de                                                                        gundo  Pereira  Nunes,  está  havendo                                                                                      logia  e  que  não  se  refugiem  apenas


       informática aqui  produzidos  não  pa­                                                                              um  descompasso entre a  rápida aber­                                                                                    na  teoria” ,  observou  o  pesquisador,


      garão  IPI,  com  a  finalidade* de  bara­                                                                           tura  para o exterior e as  novas  regras                                                                                 para quem existem três campos de atua­


      tear o produto junto ao consumidor.                                                                                 -  ainda  não  regulamentadas  -  para  a                                                                                 ção da pesquisa de informática no Bra­



      O financiamento oficial  se  restringirá                                                                            produção local. Como defesa, a maio­                                                                                      sil:  a  integração  de  hardware  e  soft­


      apenas  para  empresas  de  capital  na                                                                             ria  das  empresas  foram  buscar  par­                                                                                    ware  para  soluções  específicas  ainda



      cional.  A  Lei  8248  ainda  prevê  a  re                                                                          ceiros tecnológicos no exterior. O Bra­                                                                                   não  cristalizadas,  como  o  processa­


      dução dc até 50%  do imposto de ren                                                                                 sil  quer  ou  não  quer  ter  uma  indús­                                                                                mento paralelo, e as aplicações da in­



      da  devido  pelas  empresas  de  capital                                                                            tria  local  de  informática?,  perguntou                                                                                  formática  para  especificidades  brasi­


      nacional  ou  não,  referentes  a  despe­                                                                           o  representante da  Abicomp.                                                                                              leiras, como na agricultura.  Já Ricar­


      sas  por  elas  efetuadas  em  P&D/In-                                                                                      O  CNPq,  órgão  que  distribui  as                                                                               do  Reis,  da  UFRS,  disse  não  ver  na



      formática.  Pessoas jurídicas  poderão                                                                              verbas  para  atividades  de  P&D,  em                                                                                    abertura  uma  maior  catástrofe  e  ob­


      reduzir até  1%  do  imposto  de  renda                                                                              1990 chegou a  distribuir 3  milhões dc                                                                                  servou que há empresas que estão so­



      por motivo de aquisições de ações no­                                                                               dólares  para  pesquisa  na  área  de  in­                                                                                 brevivendo  porque  estavam  tecnolo­


      vas em empresas dc informática.  Em­                                                                                formática.  O  País  tem  400  pesquisa­                                                                                  gicamente preparadas.


      presas,  de capital  nacional  e  não  na­                                                                          dores  sênior  nessa  área  e  precisaria                                                                                          No terreno da microeletrônica, des­



     cional,  deverão  investir  um  mínimo                                                                               dc,  no  mínimo,  10 bilhões dc  dólares                                                                                   tacam-se as iniciativas do Centro Tec­


     de 5a/o cm P%D e pelo menos 2%  cm                                                                                   para  a atividade de  P&D.  Em 91  e 92                                                                                    nológico de Informática-CTI, coman­



     convênios com institutos de pesquisa.                                                                                não  houve verbas do  CNPq  e  as  per-                                                                                    dado por Carlos Mammana, que pro­


            Pela nova Lei a empresa estrangei­                                                                            pectivas para  1993  não  são  melhores.                                                                                   move  o  projeto  para  Circuitos  Inte­

                                                                                                                                                                                                                                                     grados (CIs)  para aplicações específi­



                                                                                                                                                                                                                                                     cas ou  ASICS e os do CPqD da Tele-


                                                                                                                                                                                                                                                     brás,  explicado  por  José  Domingos



                                                                                                                                                                                                                                                     Favoretto,  com  a  implementação  da


                                                                                                                                                                                                                                                     biblioteca  de  células  para  uso  públi­


                                                                                                                                                                                                                                                     co.  A  idéia  é  ter  projetos  multiusuá-



                                                                                                                                                                                                                                                     riuos  com  o  que se  barateam  o custo


                                                                                                                                                                                                                                                     dos  componentes.  O  CPqD  vai  abrir



                                                                                                                                                                                                                                                     - ou já abriu - licitação nacional  para


                                                                                                                                                                                                                                                     engenharia de circuitos integrados.  O


                                                                                                                                                                                                                                                     CTI  fornece  milhares  de  ASICS  por



                                                                                                                                                                                                                                                     ano  para  a  Ericsson.  O  Brasill  per­


                                                                                                                                                                                                                                                     manece sem  uma  fundição  de  silício,



                                                                                                                                                                                                                                                     em  tecnologia CMOS de dois micra e


                                                                                                                                                                                                                                                     manda fazer seus projetos na ES2 eu­


                                                                                                                                                                                                                                                     ropéia.  A  situação  da  microeletrôni­



                                                                                                                                                                                                                                                     ca nacional  foi  resumida por Cláudio


                                                                                                                                                                                                                                                     Mammana:  ‘‘Somente  com  custos



                                                                                                                                                                                                                                                     competitivos  a  indústria  se  interessa­


                                                                                                                                                                                                                                                     rá pelos produtos do CTI e do CPqD” r


                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                     (JFQ


     l-studantes, professores cpesquisadores formam u retaguarda que vai defendera tcenologia brasileira
   12   13   14   15   16   17   18   19   20   21   22