Page 21 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1991

Telefonia Celular:

' Joáo Carlos Pinheiro da Fonseca

Duopólio é modelo escolhido

A união das tecnologias do microprocessa­ nível? A telefonia móvel celular esbarra

dor e das comunicações rádio propiciou no problema da utilização do espectro rá­

o surgimento da telefonia móvel celular. dio, que é um bem escasso na natureza.

E quem não vai querer possuir um peque­ Pesquisas técnicas, como codificação digi­

no telefone, individualizado e portátil, que tal e a utilização de microcélulas, fazem

o acompanhe aonde ele vá, ao invés de antever a acomodação de milhões de usuá­

no lar,

depender¦ de um telefone fixo — rios desta nova modalidade de comunica­
nem sempre dispo­

no escritório, na rua — ção, dentro do espectro disponível.

E. Cosentino e

J. Ferreira (D),

PRs da Telerj e

da Telebrás.

0 modelo estabelecido pela Secretaria com (tecnologia Northern Telecom). A licita­

Nacional de Comunicações-SNC para a explo­ ção em São Paulo seria suspensa por erro

ração do serviço móvel rádiocelular no País para o futuro já surge o conceito do tele­ técnico dos parâmetros propostos na licitação.

é o do duopólio. Roberto Blois, da Secretaria Efone personalizado em que ao invés de Posteriormente, em julho de 85, a Tele­

de Serviços Privados de TCs, justificou o haver uma série de dígitos — cada conjun­ brás publicaria edital unificado para forneci­

modelo dizendo que, em cada Estado, a con­ to para um tipo de aparelho (telefone, telex, mento de sistema de TMC, com tecnologia

cessionária que explora as TCs públicas te­ fax) e localidade (casa, fábrica, residência) AMPS, para sete cidades brasileiros: São

rá de competir com um operador privado pa­ — é o indivíduo que será identificado por Paulo (Telesp), Belo Horizonte (Telemig), Sal­

ra efeito do serviço móvel celular, o que re­ um número universal (tipo cartão magnéti­ vador (Telebahia), Recife (Telpe), Curitiba (Te­

dundará em benefício para o usuário. Na ba­ co) que a rede, inteligentemente, saberá re­ lesp) e Fortaleza (Teleceará). O País não pos­

se do Decreto 96.618 (de 31.08.88) e da conhecer aonde ele estiver. Um tema polê­ suindo tecnologia rádio celular móvel analó­

Portaria 06/89, que tratam do serviço radio- mico por suas implicações, no até então es­ gica ou digital teve que fazer composição

móvel celular, está a concepção, defendida tável regime de monopólio para a explora­ de grupos nacionais associados a empresas

pelos técnicos da SNC, que este serviço, ção das TCs, a telefonia móvel celular des­ de fora, detentores da tecnologia celular.

por ser facultado “ ao uso de passageiros ponta no cenário mundial e local como um Em fevereiro de 91, foram habilitados co­

de veículos em movimento” , se classifica dos grandes negócios do século. Ela vai re­ mo fornecedores de sistemas de TMC, peran­

como público-restrito e portanto está fora volucionar o modo com que o usuário co­ te o Sistema Telebrás, os grupos: NEC; Eric-

do monopólio constitucional produzidos pa­ mum até agora utilizou o telefone, desde son; Promon/Northern; Villares/Motorola; Sid

ra os serviços públicos de TCs. dos tempos de sua invenção por Graham Telecom/AT&T; Elebra Telecom/Novatel/Alca-

Nem todos, porém, pensam assim. Pau­ Bei, em 1876. O telefone passará a ter atri­ tel; e Equitel/Astronet.

lo Eduardo Gomes, do Fittel, declarou no Ce­ butos dos mais preciosos — a modalidade Ainda em fevereiro, porém, o edital unifi­

lular 91, promovido pela RNT em São Paulo, e a portabilidade. Vive la différence! gritam cado para fornecimento de TMC para seis

que é um risco tomar tal posição e fez a pre­ os usuário e eles estão dispostos a pagar operadoras do Sistema Telebrás, inclusive

visão de longa batalha a ser travada no judi­ até mais para gozar das novas facilidades São Paulo, foi cancelado e até o fechamen­

ciário contra o ingresso de um operador pri­ que o serviço móvel celular oferece. to desta matéria não havia ainda sido rea­

vado na exploração da telefonia móvel radio- berto. Dentre as razões invocadas para es­

celular, que ele vê como sendo apenas uma te cancelamento, foi a de que as operadoras

extensão da telefonia pública, fixa. estatais deveriam primeiro canalizar esfor­

Seja por indefinição jurídica, ou por me­ res de sistemas móvel celular, em regime ços para saldar compromissos com telefo­

ro acaso, a implantação do duopólio para te­ de chaves em mão (turn key), para as locali­ nes de carnes já pagos e não entregues, an­

lefonia rádiomóvel celular teve início pelas dade de Rio de Janeiro, São Paulo e Brasilia. tes de pensarem em implantar este serviço.

operadoras de TCs públicas. Em abril de 89, No Rio, ganharia a NEC do Brasil (com tecno­ A telefonia móvel celular é vista pelos espe­

foi lançado edital para qualificar fornecedo- logia NEC Corp.) e em Brasilia a Elebra Tele- cialistas como um investimento de rentabili-