Page 14 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1991
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P o l í t i c a N a c i o n a l d e I n f o r m á t i c a :
U m p a i n e l h i s t ó r i c o n a I n f o ’ 9 1
F oi um encontro histórico. Numa mesma mesa, co presente foi escasso e não chegou a preencher o
espaço do mini-auditório. A atitude dos ex-dlgnatá-
reunidos num dos muitos auditórios do Centro
de Convenções do Anhembi, em São Paulo, os princi rlos era modesta, mas repleta do simbolismo do de
pais homens responsáveis pela condução da políti ver cumprido. Kival Wbber, após seu depoimento, re-
ca de informática brasileira deram seu depoimento tlrou-se antes do término "por compromissos inadiá
e falaram do momento atual. Lá estava o pioneiro, veis". Edson Dytz deu um forte recado e declinou
Ricardo Saur, da extinta Capre, ao lado de ex-secre de maiores comentários na rodada ílnal do encontro.
tários da toda poderosa ex-Secretaria Especial de In Luiz Henrique Silveira, deputado, detalhou a nova
formática — SEI, substituída, em 12.01.90, pelo De Lei de Informática tramitando no Congresso Nacio
partamento Nacional de Informática e Automação nal. Joubert Brízida, general da ativa, trouxe depoi
— Depln. Estavam presentes, Joubert de Oliveira mento escrito. Os palestrantes demonstraram preocu
Brízlda, Edson Dytz, José Rubens Dória Porto, José pação com os perigos da abertura indiscriminada
Ezil Veiga da Rocha, Kival Chaves Weber. Completou- do mercado. Ibdos acharam que a PNI — apesar de
se o quadro com a presença de dois ex-dirigentes erros — teve resultado positivo e ensinou o País a
da Ciência e Tbcnologla — Ministério, hoje, extinto dominar a informática. Esta, sendo considerado um
— e que foram Luiz Henrique Silveira e Déclo Zagot- bem estratégico, é fundamental para alcançarmos
tis. Faltaram Otávio Gennari Netto, ex-Secretário competitividade internacional, que é o discurso do
da Sei e Renato Archer, ex-Ministro da C&T. atual Governo. "A informática brasileira precisa ser
Nomes como os de Danilo Venturinl foram ressus preservada” , concluíram os membros do Painel.
citados. O cenário do encontro foi singelo. O públi Eis, a seguir, um resumo dos pronunciamentos
feitos. As datas entre parênteses se referem ao perío
do em que o palestrante ocupou cargo de secretário
de informática ou equivalente.
(E— D ) D. Zagottls, J. Brízlda, E. Dytz, A. Muse (Succsu-SP), K. Weber, E. Veiga e R. Saur
RICARDO SAUR (72/79) — A reser mática. A PNI, que se valeu do nascimen Já se tinha acumulado e a indústria, hoje
va de mercado, ainda que sob nova roupa to dos micros e dos m lnis, acelerou o pro despede engenheiros e professores para
gem, terá que continuar. A partir da extin cesso de capacitação tecnológica do País, se preparar para revenda de produtos com
ção da Capre, em 79, a visão do Governo ainda que às custas do usuário. A fase tecnologia de fora. O Brasil, no entanto,
sobre informática passou do social, para heróica da PNI acabou, mas foi ela que for terá que reverter este processo se náo qui
o enfoque industrial. A vocação da infor taleceu o poder de barganha nacional e ser depender da tecnologia externa Ser.
mática no País é rumo às tecnologias que viabilizou as atuais Joint-venture, com tec capacitação interna, o nosso mercado náo
"requerem cabeça" ou seja software e ser nologia estrangeira. O aparente liberalis saberá sequer escolher, dentre as tecnolo
viços. Sem o domínio do hardware não mo internacional não disfarça o protecio gias externas que lhe serão oferecidas, s
há domínio do software. Produzir localmen nismo dos mercados, como ocorre no que mais lhe convém.
te bens de informática, mesmo com produ G att O Brasil tem sido alvo de pressão
tos não tão estado-da-arte, beneficia o externa no sentido da manutenção e alar DORIA PORTO (85/86) — Ocorre*
usuário que tem, aqui, a fonte de assistên gamento do fosso tecnológico que o sepa autofagia do homem brasileiro em itíaça-'
cia e da tecnologia. A PNI foi um dos trun ra do mundo desenvolvido. A perda da ca à informática, único setor que cresce
fos Jogados na mesa da dívida externa (é- pacitação tecnológica em eletrônicda/in ria estagnação da década de 80 Vinte
poca Funaro). O Unitron foi o único clo formática afetará o País desde da indús anos de esforço em informática estão sen
ne do micro da Apple feito no mundo. Tbr- tria até a área militar. do Jogados fora, com a postura da
minou-se com o Unitron, mas não com o Administração, além de se ter Instaura^
saber armazenado na cabeça das pesso EDSON DYTZ (84/85) — A ação do um clima de "gelérla geral" no País. A
as. O Brasil será bom Jogador, no estádio atual Governo além de fraca é incompeten rada da PNI terminou com a
internacional do software. te. Não há projeto definido para a Informá da sociedade em relação às perspeem *
tica e sim idéias soltas que levam o País que ela criou.
JOUBERT BRÍZIDA (82/84) — O pa a uma dependência crescente da tecnolo
ís, hoje, tem mercado Interno, parque in gia externa. A abertura Indiscriminada EZIL DA ROCHA (87/89) - j
dustrial diversificado, infraestrutura sedi do mercado, como está sendo conduzida, houve uma PNI plena no País. Uma f* ^
mentada e recursos qualificados em infor vai destruir a capacitação tecnológica que ca precisa ser "abraçada’ pelo Pres
reíetro* Ncv '