Page 9 - Telebrasil - Março/Abril 1991
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cializados e privados, paralelamente nome da concessionária. Para suces Cunha promete
aos serviços monopolizados.” Ele dis so da desregulamentação há que remo
tinguiu nichos de serviços de teleco ver impedimentos regulamentares e gestão profissional
municações, a serem prestados de culturais e citou o caso das plantas
modo não aberto à correspondência comunitárias (empresa privada por na Telerj
pública e destinados ao uso de bem instalar e comercializar a rede, e re
determinado grupo de pessoas físicas passá-la à operadora) e de condomínio
ou jurídicas nacionais (serviços limita (nada diferente de um PABX num es ex-primeiro secretário do PRN, no
dos), por permissionários privados critório)”. Rio, consultor de empresas, Eduar
do Cosentino Cunha, foi empossado pre
usando meios próprios ou combina “A revogação da Portaria 109 (co O
dos com os da rede pública. O novo municação de dados) feita em 90 e a sidente da Telerj, com a presença de par
regulamento dos serviços limitados nova regulamentação do serviço limi lamentares, do Secretário Nacional de Co
está pronto para ser levado ao Presi tado e os editais de habilitação para municações, Joel Marciano Rauber, de fun
dente da República”, informou o pa exploração do serviço móvel celular, cionários e diretores da empresa, convida
dos e imprensa. Discursaram, além do em
lestrante. por empresas privadas, foram exem possado, o presidente interino por 11 me
plos da remoção de regulamentos à ses que deixava o cargo, Fred Zamagna
Liberalização liberalização dos serviços.” Padilha — que agradeceu a colaboração
Tocando no ponto das tarifas, mos dos funcionários — o deputado Arolde
A liberalização do setor terá co trou Joel Rauber que há exagerado Oliveira (PFL-RJ), que ressaltou a renova
mo efeito, segundo Joel Rauber, am subsídios do interurbano e internacio ção como algo fundamental e criticou as
pliar o mercado de trabalho e estimu nal (56 e 14% da receita global) ao ser baixas tarifas praticadas no setor e o Se
lar as estatais a competir, e lembrou viço local (30%) e que tarifas baratas cretário Joel Rauber que prognosticou
que “não há nenhum vínculo entre a escondem o alto preço que é pedido que a nova direção “colocará novamente
a Telerj na posição de destaque que já teve”.
concessão de um serviço de TCs e a para o autofinanciamento de telefo Lendo seu discurso, Eduardo Cunha
propriedade dos equipamentos ou da nes. Não há necessidade de tarifas na ressaltou a legitimidade do Governo Col-
rede utilizada que podem ser instala cionais e de repartição de receitas lor, conferida por 35 milhões de votos, e
dos, alugados (leasing), cedidos (fran únicas, que deveriam ser diversifica os objetivos da mudança do quadro do
chising) e operados por terceiros em das, concluiu Joel Rauber. (JCF) País através da moralização dos atos dos
governantes e da modernização da admi
nistração pública e de seus administradores.
Fazendo um diagnóstico da empresa
CPqD:
que irá dirigir, ele observou que a Telerj
tornou-se uma empresa “com estrutura
V i e i r a d e S o u z a f a l a d a s m u d a n ç a s arcaica e ineficiente, mesmo em detrimen
to de seu quadro funcional”, e citou den
tre outras causas a “absoluta falta de boa
tência em certas áreas e conhecimen gestão das administrações anteriores”.
to geral de outras, suficiente para acom Ele .criticou aspectos contábeis que foram
panhar o que acontece “lá fora” e jus utilizados e disse que a empresa tem “ín
tificou: o País não possui escala indus dices elevadíssimos de funcionários por
mil terminais, cometeu o erro de vender
trial em microelctrônica, por que ela
terminais sem condições de entrega, não
não é econômica, mas tem competên priorizou investimentos pela capacidade
cia do projeto à difusão do chip. Do
de retomo” e tem problemas de congestio
minar tecnologia, como a do Trópico, namento da rede.
não é, no entanto, garantia de sua ex Sobre pessoal, disse o novo presiden
portação mundial, que depende, inclu te que os empregados estão desmotivados,
sive, de outros fatores como financia receberam pouco treinamento e praticam
Ozircs Silva quer setor estatal rentável. Na fo mentos ao consumidor. duplicidade de tarefas, ao passo que o pla
to, telefone público a cartão, desenvolvido no O Trópico compete aqui com os nejamento é apenas um mero cumprimen
CPqD. produtos vindos de fora e que preci to das normas da Telebrás. Ele classificou
de absurdo a área de sistemas estar subor
sam ser adaptados às particularidades dinada à diretoria económico-financeira,
D ominar o segredo das caixas pre brasileiras (como a Discagem Direta anunciando que a passará para a presidên
tas e servir de ponte entre a Uni
a Cobrar), e sua presença já fez cair
versidade e a indústria que “em gran o custo do terminal (só comutação) cia “Nossa prioridade será descongestio
de maioria não têm laboratórios” é a de 700 para 350 dólares, gerando uma nar o sistema, atender a camês atrasados
função do CPqD, objetivou Fernan economia potencial de 140 milhões e dar uma administração profissional à
do Vieira de Souza, 52, um engenhei de dólares/ano, para o Sistema Tele empresa estatal, como se ela fosse priva
ro de eletrônica formado pelo ITA, brás, garantiu Vieira de Souza. da”, prometeu Eduardo Cunha.
na turma de 61. Para ele, que dirige O CPqD passa por mudanças estru
o Centro de Pesquisa e Desenvolvi turais e ao invés de desenvolver equi
mento, da Telebrás, a tecnologia só pamento vai ter visão sistêmica de
deve ter duas finalidades: baratear partes que se inter-relacionam. Proces
ou acrescentar novas funções ao que samento de sinais, engenharia de soft
já existe, sendo que às vezes ambas ware (um grande filão em que temos
as coisas coincidem como é o caso know-howl) e sistemas digitais serão
das fibras ópticas que por isso já do as áreas enfatizadas. Junto com a mu
minaram o mercado de entroncamen dança do organograma, está implíci
to entre centrais.
ta uma revolução da cultura do Cen
Acha o dirigente que não é preci tro, permanecendo o elemento essen
so saber, e nem é possível saber “tu
cial: gente capaz e (supõe-se) motiva Ao centro, Eduardo Cosentino Cunha, com
do sobre tudo”, bastando ter compe- da. (JCF) Joel Rauber (à direita na foto) e Fred Padilha.