Page 21 - Telebrasil - Março/Abril 1991
P. 21
da SEI — já tiveram importação libe reserva não poderão cobrar preços apenas, a necessidade da existência
rada. E o Conin alterou a resolução que ultrapassem em 20% os de produ da lista de produtos que continuam
reguladora das joint-ventures tecnoló tos estrangeiros similares. Este per sob o guarda-chuva da reserva. “Teria
gicas de modo a permitir que o sócio centual decresce até o fim da reser sido mais interessante adotar direto,
estrangeiro possa ter não apenas 30% va. A meta é 6%. Para que isto acon nesta fase de transição, a proteção ta
do capital, mas também ser o respon teça, a indústria reivindica a revisão rifária”, argumenta o presidente da
sável pelo aporte de tecnologia. e conseqüente redução das alíquotas Sociedade dos Usuários de Informáti
de importação de insumos, partes e ca e Telecomunicações (Sucesu), Fá
A ssociações peças. Hoje os impostos correspondem bio de Souza Neto, que considera a
a 42% da composição de custos de lista muito genérica.
Acordos com empresas estrangei um microcomputador. Uma das iniciativas que mais agra
ras passaram a ser vistos como a sal Outras medidas são aguardadas pa dou os usuários foi a adoção do Pro
vação da indústria nacional. “Esta ra os próximos meses. Muitas delas grama de Melhoria da Relação Pre-
mos diante de duas perguntas básicas estão previstas no projeto do II Pla ço/Desempenho, que estabeleceu a li
— diz o diretor da Microsoft no Bra no Nacional de Informática encami beração imediata, a partir de julho,
sil, Gregório Diaz — Quem vai se as nhado ao Congresso Nacional em ja da importação de equipamentos para
sociar com quem? E quanto tempo a neiro passado. O Planin decreta mu os quais o similar nacional custe 2,8
empresa que não se associar levará danças substanciais na concessão de vezes mais. Atenta, a Associação Bra
para falir?“ E preciso garantir, no en incentivos, delegando ap Conin a tare sileira das Indústrias de Computado
tanto, que o fabricante nacional se fa de definição das classes de bens e res e Periféricos (Abicomp) já traba
transforme em mero distribuidor de serviços que serão beneficiadas. lha no sentido de colaborar com a de
produtos estrangeiros, uma vez que finição das variáveis que servirão de
o conhecimento do mercado e a pos Lei de Softw are parâmetro para esta análise baseada
se de grande rede de revendedores no preço. “Primeiro será preciso sa
são vistos como os grandes — quiçá Uma comissão interministerial foi ber com que preço do mercado inter
únicos — trunfos motivadores do inte criada para reformular a Lei de Soft nacional o governo vai trabalhar", diz
resse de uma empresa estrangeira ware. Ao término de seus trabalhos, Arthur Pereira Nunes, secretário exe
em se associar à empresa nacional. propôs o fim da obrigatoriedade de cutivo da associação.
E isto é tudo o que se tem de con cadastramento do software e do exa O preço médio dos produtos dife
creto das propaladas mudanças a se me de similaridade; a liberação da co re muito de mercado para mercado.
rem realizadas pelo governo. Assiste- mercialização de software estrangei Os preços no Japão são maiores que
se hoje a um grande esforço de adap ro por empresas não nacionais; e a isen no mercado europeu, que são maiores
tação das empresas nacionais ao no ção de impostos, salvo os 25% retidos que o do mercado americano. Além
vo cenário que se avizinha. Para so sobre as divisas remetidas a título disto, a taxação incidente sobre o pro
breviver será necessário, sobretudo, de direitos autorais. Por tanto, tudo duto importado tem, até hoje, acarre
tornar os produtos mais competitivos. indica que, em pouco teni|>o, o softwa tado um sobrecusto de 150%, em mé
O que só se consegue tendo preço e re estrangeiro terá livre circulação dia. O preço para análise será o do
qualidade. Dois fatores considerados no Pais. O que acontecerá com os pro país de origem, ou o preço final pa
críticos nos últimos anos. dutores nacionais? Nem eles sabem go pelo usuário brasileiro?
Não faltaram estudos apontando dizer. A preocupação da indústria conti
os altos custos do equipamento nacio Todas estas propostas estão sendo nua a mesma. “Queremos regras cla
nal em comparação ao similar estran aplaudidas pelos usuários, inteiramen ras", diz Arthur Pereira Nunes. Sem
geiro, conseqüência dos altos custos te favoráveis à flexibilização das re elas, corre-se o risco de continuar à
de produção. Pelas novas regras dita gras do jogo. de modo a facilitar o margem das interpretações feitas pe
das pelo Conin, a partir de julho, os acesso a tecnologias essenciais ao de los adm inistradores da política, no
fabricantes nacionais protegidos pela senvolvimento do País. Questionam, exercício de suas atividades.
7
I ----- 1
1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989
Fonte SEI (atual Oepln) Fonte: SEI (atual DepinyAbicomp
A indústria nacional superou a estrangeira. A indústria de informática acompanha o PIB