Page 7 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1990
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A Equitel tem em carteira encomendas sufi
cientes para os próximos 12 meses e espera nes
te período firmar contratos com a Telebrás, en
tre 100 e 200 linhas, em tecnologias EWSD.
A empresa é diversificada em sua produção,
que inclui PABX, Rádio Digital, além de cen
trais CPA-Ts. Contrato recente foi assinado
pela Equitel com a CRT, no valor de 10 bilhões
de cruzeiros, para implantar telefonia rural
em 95 localidades. “ Neste fornecimento foi
utilizada a figura do contrato turn-key, em F. V. Souza. G. G. Garbi.
que assumimos a liderança de 30 subfornecedo-
res, sem a necessidade da utilização do recur
so, a nosso ver complicado, do Consórcio” ,
observa, experiente, Luiz Carlos Bahiana, pa
ra quem agora a hora é sobretudo de “ obser
var o dia-a-dia” .
Por sua vez, Geraldo Garbi, Diretor-Presi
dente da NEC, é de opinião que a figura da re
serva de mercado de 50% para o Trópico de Jod Raubcr — SNC.
ve cair visto que qualquer tipo de reserva ge
ra ineficiência e o melhor regime é o da compe L. C. Bahiana S. Lopes.
tição. Convergindo com a opinião de Joel Rau-
ber, ele favorece a manutenção dos contratos no fato de que a abertura do comércio para o Com um potencial, se for o caso, de fornecer
de obrigações para o Trópico ainda mais que exterior, de fato, indexa os preços em dólares, até 900 mil linhas de centrais digitais AXE por
“ tudo o que foi contratado deve ser honrado” . ao passo que se congelam os preços, interna ano, a Ericsson, no Brasil, representa 13% dos
A extinção da reserva geográfica significa pa mente, em cruzeiros. negócios da empresa no mundo.
ra a NEC que agora a empresa poderá concor Na Ericsson, Sérgio Lopes, Diretor Comer — Apenas utilizando recursos próprios, a
rer em todo o mercado de comutação do Bra cial, aguarda mudança na política industrial Telebrás dificilmente atenderá à demanda repri
sil e “competir é algo a que estamos acostuma de acordo com a orientação maior do Presiden mida bem como não melhorará a qualidade
dos” . te Collor de Mello. Por uma questão de equi do sistema telefônico pelo uso de medidas ape
A escassez de novas encomendas por parte dade, ele acha que se deve acabar com todo ti nas paliativas. Será preciso recorrer a um Pro
do Sistema Telebrás começa a preocupar Geral po de reserva, já que a reserva geográfica das grama de Governo, com participação de inves
do Garbi. A NEC possui uma carteira de con empresas nacionalizadas foi extinta. Assim, timentos privados. Serão necessários de 5 a 6
tratos para mais 6 meses, mas já ocorreram re qualquer empresa deve poder competir no mer bilhões de dólares anuais e não os atuais 2,3
duções de pessoal desde o mês de janeiro, da cado de centrais de pequena capacidade (até 4 bilhões, caso se queira chegar ao final deste
ordem de 10%. Um grave problema, segundo mil linhas) e não apenas os produtos desenvol século, com uma densidade de 10 terminais
o executivo, é o congelamento do preço dos vidos no País, como é o caso da Irópico K. por 100 habitantes — observa realisticamente
equipamentos numa situação de aumento men A I riesson vai lançar no mercado um no Sérgio Lopes.
sal de 10% dos preços da economia. “Se isto vo PCM, desenvolvido aqui, c que dentre ou Fernando Vieira de Souza, que dirige o
não for sanado, o parque industrial que ope tras novidades será configurado poi software. CPqD da Telebrás, ao falar do Trópico, obser
ra a medio e longo prazos poderá parar” , ad Desde 88. a empresa vem desenvolvendo uma va que foram investidos 65 milhões de dólares
verte Garbi, acrescentando que há contradição séiie de produtos, inclusive para a LM Ericsson. em seu desenvolvimento, sendo 40 milhões ape
nas para o lYópico RA. Incluídos nestes estão
5 milhões dc dólares relativos à participação
Alpha: o Trópico vai compelir da indústria local. Ele vê duas grandes vanta
gens a favor da tecnologia Irópico. A primei-
ra c a dc que o custo do desenvolvimento do
“Querem acabar com a proteção ao pro bricante, o custo cai pau 210 a 411 dólares
duto brasileiro, agora que ele está pronto por terminal. software já está amortizado c o verdadeiro cus
e vai começar a real concorrência”, ponde Sobre as mudanças na Política Industrial to, daqui por diante, será apenas o do hardwa
ra Sebastião Alpha, Diretor de Operações e da Portaria 215, comenta o executivo que re. A outra vantagem está no fato que o Trópi
c Mercado da PHT, uma das quatro empre não se deve contundir a reserva de merca co foi desenvolvido para as condições brasilei
sas (as outras são a Tilebra, SESA c SID) do de 50°o, com os contratos de obriga ras e não irá requerer novas adaptações ou
credenciadas pelo governo brasileiro para ções. () término do contrato de obrigações modificações, como é o caso das tecnologias
participar do desenvolvimento, juntamen do Trópico R. em 30 de agosto deste ano, CPA-Ts vindas de fora. “ É claro que para ex
te com o CPqD, e comercializar centrais não preocupa Sebastião Alpha visto que portar o Trópico RA teremos que trabalhar
digitais, com tecnologia Trópico. era algo já esperado. Quanto ao Trópico mais” , concede Vieira de Souza, acrescentan
Ele observa que, historicamente, o Pa RA. ele passou a ser vendido a partir da in do que o TYópico RA já virá equipado com
is apresentou mercado interno, capital e re tegração do hardware e deverá gozar de PO I'S (Plain Ordinary Telephone Services) ou
cursos humanos suficientes para desenvol uma cota mínima de 60 mil terminais, por seja serviços do tipo “ feijão com arroz” e tam
ver um produto na área de comutação. fabricante, para os próximos quatro anos. bém com alguns PANS (Possible Avaliable
New Services), isto é com serviços sofisticados,
Com a introdução do Trópico, o mercado “Não temos medo de competir c entende que só as CPAs podem oferecer.
de comutação pública, passará a ser dispu mos que houve mudança nas cabeças do
tado pelos fabricantes nacionais com empre novo Governo, porém não se deve ser mais
sas que foram nacionalizadas c que tiveram realista do que o próprio Rei. Os países de PME
a vantagem de uma reserva geográfica du senvolvidos, como Japão, Estados Unidos Operando no extremo inferior do mercado
rante muitos anos, diz Alpha, acrescentan e Europa, protegem internamente sua pró de CPAs, empresas como a Zetax, Batik, Intel-
do que no passado, a tecnologia Trópico pria tecnologia, quando ela é boa. Porque brás, querem liberdade para competir no mer
chegou a ser apenas uma esperança no não devemos fazer o mesmo com a tecnolo cado. José Luiz cie Souza, diretor de tecnolo
CPqD c que segundo se propalava ”não gia Trópico, que é excelente?”. gia da Batik (ex-engenheiro do CPqD) é taxati
haveria fôlego para desenvolver tal produ vo: “ Por que não se libera a tecnologia Trópi
to no País, visto os imensos investimentos co para quem dela quer fazer uso?” . A Batik
que haviam sido feito, lá fora, pelas multi está rcenfatizando o pleito que fez junto à
nacionais, para chegar ás centrais CPA-Ts”. Administração, em 87, para recebei a tecnolo
O diretor da PH T, que também é dire gia Trópico, mas não obteve ainda resposta.
tor da Prornon, observa que o TYópico, é Lembra José Luiz que a l n central brasileira
com justiça um produto “preferencial”, dotada de manutenção centralizada foi a Elcom,
visto empregar tecnologia descentralizada da Batik. A Elcom que é uma CPA, do tipo
c distribuída c com isso pode operar de for espacial para 768 terminais, tem mais de 1.000
ma econômica em toda ampla gama de apli equipamentos vendidos além de ter ganho o
cações. “Mas é necessário escala de produ prêmio dc melhor Design na 1a Bienal Brasilei
ção anual de 60 mil terminais para que a ra do Design, na categoria Comunicações e
faixa de custo do Trópico tique entre 350 Telefonia. Espelhando a opinião da pequena e
a 650 dólares por terminal; para 90 mil ter média empresa diz com determinação o diretor
minais, o custo baixa para 290 a 560 dói a da Batik: “ Vamos competir de qualquer ma
res/t; e para 150 mil terminais ano, por fa neira, com tecnologia própria, do CPqD ou
até mesmo importada” . (JCF)