Page 6 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990

Conjuntura:

C r i s e r o n d a o s e t o r , a t e n t o

• João C arlos Fonseca

Jo e l M a rcia n o

R äuber, Secretário

N a cio n a l de

C om unicações.

Tudo poderá ser dito, exceto que teleco­ de efetiva de crescimento do setor é de a utilização intensiva de Centrais Trópi­

municações e informática, dois importan­ 600 mil linhas/ano e (se tudo der certo) co — cuja tecnologia “ ficará disponível

tes itens do Complexo Eletrônico (os ou­ os próximos dois anos serão utilizados a quem se interessar” , conforme afirmou

tros são componentes, automação e eletrô­ para recuperar a importante credibilida­ o vice-presidente da Télebrás, Edmiir Pol-

nica de consumo), vêm passando por um de que a lêlcbrás e o monopólio estatal lini — permitirá aumentar a escala de pro­

período de marasmo. Ainda que as enco­ devem ter frente ao usuário. Já há casos, dução a ponto de baixar o custo do termi­

mendas, para muitos, tenham sido pou­ como em São Paulo, que correm ações nal. Para o presidente da Telebrás, o Pro-

cas ou inexistentes, o discurso da mudan­ na Justiça, de promitentes-usuários acio­ com poderá trazer cerca de 100 mil novos

ça liderado pelas autoridades governamen­ nando a operadora local, para obtenção terminais para o sistema.

tais, convergindo políticas econômicas, in­ do que lhes é devido. Por outro lado, na

dustrial, de ciência e tecnologia, e de aber­ América Latina, a empresa operadora ar­ Mudanças

tura para o exterior, têm mantido em per­ gentina, Entcl, foi adquirida pela Compa­

manente alerta planejadores, investidores nhia Tblcfónos de Esparta e Bell Atlantic Dentre as mudanças a serem esperadas

e homens de negócio, frente às perspecti­ (EUA) e já se noticia a intenção das Fran- para o setor, a posição da Telebrás, expres­

vas que se delineiam. ce-THecom, NTT e South western Bell, sa por Joost van Damme, é a de reorien-

em adquirir a lêlefónos do México.
Telebrás tar a atuação do CPqD, vulgarizar a tec­
Dentre as idéias destinadas a minorar nologia TVópico, abrir as aquisições de

As dificuldades com que se defronta a crise que ronda o setor, cita-se o “ Pro- equipamentos para fabricantes externos

o setor das telecomunicações é bem tradu­ com” , um sistema cooperativo entre em­ e deixar o aparelho telefônico, propria­

zida por Joost van Damme, presidente presa privada e operadora estatal. Em re­ mente dito, por conta de cada usuário.

da Telebrás, ao explicar em entrevista ex­ sumo, consiste num grupo (como um Con­ O novo (antigo) CPqD passará a atuar

clusiva à REVISTA TELEBRASIL que domínio) interessado em ter telefones, ele­ em especificações, em arquiteturas de re­

“ a indústria se queixa de não fazermos ger um líder que procurará um Consórcio de em prestação de serviços ao segmento

encomendas, os empregados se queixam de Fornecedores para efetuar projeto e industrial (o Trópico precisa de desenvol­

que pagamos salários baixos e os usuários executar a obra, que será ligada —¦ “ sem vimento contínuo), e manter-se alerta nas

se queixam que não receberam o telefo­ burocracia” , conforme promete Rauber áreas estratégicas de microeletrônica, fotô-

ne pelo qual já pagaram. Nossa priorida­ — à rede pública. A fonte de recursos se­ nica e do software para manter o Pais

de n° 1 será atender aos 1,2 milhões de rá de futuros promitentes usuários, de ca­ em dia com o ambiente HighTèc.

promitentes-usuários (dos quais 400 mil pital de risco ou de financiamentos, que Já a abertura da aquisição de equipa­

já ultrapassaram o prazo contratual de receberão em retorno da doação do siste­ mentos para fabricantes do exterior, ela

24 meses) que ainda não receberam telefo­ ma à operadora ações da empresa estatal. não é vista como problema pela Telebrás,

ne*’. O Condomínio ainda dará parte dos re­ desde que haja comprometimento dos for­

Van Damme promete fechar o ano com cursos arrecadados (com base num custo necedores” , disponibilidade de divisas e

400 mil novos terminais, fruto de um in­ médio de terminal em torno de 3,7 mil licitações de grande porte. “Quem tiver

vestimento de 2 bilhões de dólares, elevan­ dólares), para a expansão do Sistema Tele­ melhor preço, leva” , admite Joost Van

do a planta instalada para 9,5 milhões brás. Damme, para quem esta abertura é orien­

de terminais. Para o ano que vem c para O assunto “ Procom” está em estudo tação geral do Governo.

os dois anos subsequentes, promete Joel na Secretaria Nacional de Comunicações, A lista de pendências do setor de tele­

Rauber, Secretário Nacional das Comuni­ que deverá lutar para atender ao social, comunicações, aos poucos vai diminuin­

cações, que a Tfelebrás irá investir algo frente à realidade do custo do terminal do. Por ocasião do fechamento desta ma- ;

próximo de 3,5 bilhões de dólares anuais. no Brasil, que ela julga ainda muito eleva­ téria, estavam iminentes novas licitações

É bom lembrar, porém, que a capacida­ do. Permanece no ar a interrogação, se para telefonia móvel celular em outras re- j