Page 5 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1990
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editorial
C o m p e t i r n ã o é o f i m
Salomão Wajnberg
(Secretário executivo do G eatic
e D ire to r da TclebrasU)
prosperidade nacional é criada, e não processo competitivo capaz de iniciar uma
Aherdada. Ela não brota dos dons naturais reação inovadora na indústria, seja através
de um país, nem de sua força de trabalho. de recursos próprios ou da injeção de
A competitividade de uma nação depende investimentos e tecnologias competitivas,
da capacidade de sua indústria de se inovar por intermédio de novos sócios.
e aperfeiçoar. Companhias superam seus Dentre os instrumentos da Nova Política
melhores concorrentes, em todo o mundo, Industrial, um deles tem grande poder
por causa da pressão dos desafios. Elas se estimulador — O Poder de Compra do
beneficiam do fato de ter, em casa, rivais Estado. A indústria nacional continuará a
fortes, fornecedores agressivos e clientes ter a preferência na aquisição de produtos
exigentes. Não é por coincidência que as pela empresa estatal.
nações de maior desenvolvimento tecnológico Não haverá restrição nas licitações quanto
são também as que apresentam maiores à origem do capital ou da tecnologia. Será
níveis de competição no mercado interno. exigida agregação de valor nacional, em
As empresas conquistam vantagem competitiva níveis tais que não prejudiquem a
através de atitudes inovadoras, como uma competitividade do produto. Serão
reação a ameaça de sua permanência no incentivados, mediante o estabelecimento
mercado. Elas aplicam a inovação em seu de uma margem percentual adequada,
sentido mais amplo, incluindo novas produtos resultantes de desenvolvimentos
tecnologias e novas maneiras de fazer as coisas. locais ou que utilizem componentes
Às vezes, trunfos como mercados fechados, microeletrônicos projetados no País.
ou boas relações com os consumidores, ou Serão facilitadas as importações de
o uso eficaz de tecnologias existentes permitem equipamentos c sistemas, não fabricados no
que uma companhia estagnada permaneça País, para implantação de novos serviços
entrincheirada numa posição por anos ou públicos e privados. Só haverá importações
mesmo décadas. Mais cedo ou mais tarde, de produtos cuja produção local esteja aquém
porém, rivais mais dinâmicos acharão um dos níveis internacionais de preço e qualidade,
modo de neutralizar tais trunfos. em margem a ser definida.
Após quase duas décadas de proteção, a Empresas bem-sucedidas são suscetíveis ao
indústria de comunicações se tornou forte e previsível e ao estável — elas defendem o
variada atendendo a quase totalidade das que têm. A mudança é norteada pelo medo
necessidades do Sistema Nacional de de perder. Todos os níveis de organização
Telecomunicações — SNT. A continuidade rejeitam informações que poderiam sugerir
desta política protecionista tendia a tornar novos rumos, modificações ou desvios das
o complexo industrial nacional lerdo no normas. Entretanto, o medo do fracasso se
atendimento às necessidades de modernização mostra freqüentemente mais poderoso que
do SNT e não competitivo nos produtos a esperança da vitória. E isto é que vai
similares a nível internacional. impelir a indústria nacional para frente.
A Nova Política Industrial, ao eliminar
restrições e reduzir o processo de proteção,
seja a nível interno ou externo — através
da exposição gradual do mercado à oferta
internacional — , introduz gradualmente o