Page 9 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990
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que não geram recursos suficientes para in ção de novos equipamentos e serviços, uma sidências com luz, água encanada, esgoto e
vestir; uso demasiado do sistema pela popu quantia entre 2 e 2,5 bilhões de dólares. Do (presume-se) candidatas a possuirem um te
lação, visto que o serviço é muito barato (vi ponto de vista físico, a meta do Sistema Te lefone, isto sem contar 6 milhões de estabe
de quanto custa uma ficha telefônica); e re lebrás é a de instalar entre 700 e 800 mil ter lecimentos de negócios. Em termos de tele
tração dos investimentos e conseqüente cres minais por ano. Outra meta que Van Dam comunicações, o objetivo é adentrar o Século
cimento da planta abaixo das necessidades me quer controlar de perto é a entrega, com XXI com o País dotado de 29 milhões de ter
dos usuários. Uma análise dos índices da re prioridade, dos telefones já contratados pe minais telefónicos além de 3,8 milhões de
de, nos últimos anos, mostra que o conges los usuários, há mais de 24 meses. A Tele terminais móveis (telefonia celular) e 3,5 mi
tionamento do trafego e o número de chama brás tem em carteira 1,2 milhões de pedido lhões de acessos para serviços nâo-telefôni-
das interurbanas têm crescido muito mais ra para novos telefones, que foram efetuados cos. Isto porém não será fácil.
pidamente do que a colocação de terminais nos últimos dois anos, dos quais cerca de 1/3 Para atender a 86% da demanda, estima
em serviço e que, por outro lado, a receita por já ultrapassaram o prazo, fatídico, de 24 da para 1999, a Telebrás deverá crescer dos
terminal tem caído em proporção ao cresci meses. 9 milhões de terminais que ora apresenta,
mento do tráfego dos terminais em serviço. para alcançar 25 milhões ao final do século.
Apesar dos números, seria totalmente in O F u tu r o Isto representa um crescimento anual que
justo dizer que o Sistema Telebrás tem se deverá ser por incrementos progressivos: 0,5
mostrado inativo. A partir de 86 foi deflagra Planejar para o ano 2000 — afinal é da milhão, em 90, que já serão 1,5 milhões, em
do um Plano de Descongestionamento. Tra qui a somente dez anos — é a tentação de 94, e 2,5 milhões de terminais instalados, em
dução: foram acrescidos orgãos comuns, nas qualquer grupo empresarial. A Telebrás 99. A canalização interurbana não poderá fi
centrais telefônicas, bem como juntores e cir quer ver o Brasil ingressando no Segundo car para trás e terá um acréscimo de 1,4 mi
cuitos interurbanos, além da duplicação da Milênio dotado de uma densidade de 13,3 lhões de circuitos, nos próximos dez anos,
rede de longa distância, no período de 88 a terminais por 100 habitantes, isto é, alcan dos quais a maioria (1,1 milhões) será em tec
90. Somente em 91, porém, e se tudo der cer çar a densidade que o Uruguai, hoje, possui. nologia digital. Frente a esses números o Sis
to, começará o usuário a perceber a volta a A América Latina (excluído o México) tem tema Telebrás devera andar afiado e ser com
padrões de qualidade que já gozou em 83. um PIB de 563 bilhões de dólares e uma po petente na expansão do serviço, nos próxi
O presidente da Telebrás, Joost Van pulação de 333 milhões de habitantes dos mos quatro anos.
Damme, do alto de sua experiência opera quais o Brasil — um gigante pela própria na
cional adquirida em longa atuação no Siste tureza — participa, respectivamente, com DADOS ESSENCIAIS DA EXPANSÃO
ma Telebrás, começou a ativar a máquina pa 57% e 45%. Ao se falar em densidade tele
ra dar solução aos problemas mais premen fônica, porém, o Brasil já não é tão grande ITEM 85 8 6 87 8 8
tes. Dos 3,5 bilhões de dólares, que totalizam assim, ficando atrás de Costa Rica, Uruguai 89
o orçamento do Sistema Telebrás para este e Argentina, sem falar, naturalmente, dos Demanda
ano, uma parcela de 9% (US$315 mil) está países desenvolvidos. Terminais (103) 8400 9200 9900 10600 11400
sendo reservada para o descongcsf ionamen- No ano 2000, teremos 42 milhões de fa Terminais em
to da rede e correrá por conta da contrata mílias, das quais 32 milhões dotadas de re- Serviço (103) 6600 6800 721 7600 8100
Contratados no
POR QUE O SERVIÇO VAI MAL Ano (103) 635 984 659 210 348
Instalados no
ND ICC ÍNDICE BASF Ano (103) 294 346 487 514 635
RELATIVO ( 1 0 0 igual a)
Investimento por
Terminais 147 151 160 169 180 4,5 milhões Terminal adicionado 2,8 3.9 4,1
em serviço (mil dólares)
Receita de 111 104 1 0 0 124 164 30 dólares/més Investimentos
Exploração por terminal (milhões de dólares) 1061 1410 1582 2068 2587
6 % de taxa de
Congestionamento 135 267 433 447 447
CO Nacional
Em termos de modernização, a idéia é
Minutos de Interurbano 140 167 177 184 209 136 chamadas ano instalar, a partir de 92, somente tecnologia
por terminal
digital, tanto na comutação quanto na trans
missão e, a partir de 98, só fibra ótica para
os enlaces entre as centrais. Daqui a 5 anos,
80% da rede de assinantes será servida ain
Brasil visto pela UIT da por pares metálicos, porém com uma ex
tensão máxima limitada a 3 km. Os investi
mentos anuais a serem feitos serão, inicial
Transcrevemos abaixo trecho do documen manda de linhas telefônicas.
to da Conferência de Plenipotenciários da Ao mesmo tempo, a qualidade do serviço mente, da ordem de 4 bilhões de dólares e
União Internacional de Telecomunicações aos assinantes piorou sensivelmente, acaban crescerão até 7,4 bilhões, a atingir o ano
UIT. maio de <39, referente à falta de investi do com quase 10 anos de melhoria da qualida 2000. Sob outra ótica, tais investimentos re
mentos efetuados pelo Brasil na área cie de. O índice composto da qualidade cios servi presentam entre 0,9 a 1% do Produto Inter
telecomunicações: ços telefônicos diminui cerca cie 2% em 1985, no Bruto (PIB) do País.
“ Depois de mais de dez anos de rápido 10% adicionais em 1986 e mais 17%, em 1987. E as metas deste Governo? Até 1994, a
crescimento, a Telebrás se converteu no maior O caso cio Brasil põe em realce a necessidade Administração Collor quer: instalar mais 4,3
e num dos melhores sistemas cie telecomuni cie realizar investimentos contínuos nas tele milhões de telefones; crescer em 80% as fa
cações dos países cm desenvolvimento, e ocu comunicações a fim de satisfazer a demanda
pava o décimo lugar do mundo, embora seus crescente desse serviço e permitir a manuten cilidades de escoamento de tráfego; digita
investimentos anuais estivessem declinando, ção perm anente cias redes existentes” . lizar 45% da rede; quintuplicar as facilida
passando cie 1,5 bilhões de dólares americanos, Países desenvolvidos perceberam que in des Transdata e decuplicar os acessos Ren-
em 1982, para aproximadamente 800 milhões vestir em telecomunicações era fundamental pac. Quer ainda ter funcionando 100 mil te
de dólares anuais em 1983, 1984 e 1985 devi para o desenvolvimento. É o caso da França lefones móveis (telefonia celular); estar com
dos ás dificuldades económicas vividas pelo que, após período cie relat ivo atraso, lançou nas a 2? geração de satélites funcionando no es
País. décadas cie 70 e 80 um plano de modernização, paço e possuir a rede-piloto RDSI em teste.
Dois ou três anos depois percebe-se, clara prioritário, de suas telecomunicações. No Bra Ela vai ainda prover o cidadão comum com
mente, as consequências dessas reduções. Em sil, as telecomunicações já gozaram de status
1987, o número de solic ilações de serviço te de prioridade, ocasião em que foram implan cartão magnético para chamadas em telefo
lefônico pendente subiu cie 1,5 milhões para 2,5 tados os t roncos que formariam o atual Siste nes públicos e introduzir a central digital Tró
milhões (equivalente a quase 40% das linhas ma Nacional de Telecomunicações. Sem água, pico RA, em grande escala, na rede. E um
em serviço), aumentando assim, novamente, porém, os troncos ressecam, assim como sem senhor cardápio e só nos falta aguardar e tor
o abismo já considerável entre a oferta e a de investimento as redes congestionam. cer para os resultados da Copa, em 94, nos
serem favoráveis. *