Page 8 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990

T e l e f o n i a 9 4

João Carlos Pinheiro da Fonseca

O m enino brinca com a bola e seu milhões de telefones. Expressa de outra ma­ ra o México (2,7 mil), Portugal (2,3 mil) e Co­

neira, a demanda reprimida significa que pa­ réia (1,8 mil).
perfil se transforma, em sequência
ra cada três telefones existentes, dois estão Má países em que o futuro usuário con­

vista pelo artista, em telefone. Esta fazendo falta e há 8,8 milhões de cidadãos tacta a operadora telefônica e na mesma se­

é a capa da presente e d i ç ã o , apro­ dispostos a enfrentar um Plano de Expan­ mana (e até no dia seguinte!) recebe o tele­

priadam ente vinculada aos jogos da são para gozar doslumefícios da posse de seu fone instalado em casa. E não é caso de ’‘pis­

Copa do Mundo, quando perdem os próprio telefone. tolão." Isto traduz um sistema telefónico que

0 lado industrial está a postos, com uma não é saturado, com uma operação comer­
para os argentinos — no fatídico um
capacidade de produção de 1 milhão de ter­ cial eficiente, onde a satisfação do cliente é

a zero preparado pela engenharia de minais por ano, dos quais produz, apenas, en­ Rei. Já no Brasil, a obtenção de um telefone

Dicgo M aradona — ainda na fase tre 600 e 700 mil. Para satisfazer a deman­ começa pelos desembolsos do Plano de Ex­

das oitavas d e final. Mas, há outros da reprimida, em cerca de 4 anos (ou seja, pansão ou, pior, pelo mercado de telefones

ainda na gestão do Governo Collor) será ne­ existentes na praça, através da intermedia­
jogos que não podem os perder. É o
cessário a instalação pelo Sistema Telebrás ção de “corretores especializados". Aqui,o
da quantidade de telefones instala­
de cerca de um milhão e meio de terminais, tempo para a chegada do tão esperado ins­

dos no País. A Argentina possui cer­ anualmente. Sonho? Vamos então aos núme­ talador da Companhia Telefônica pode se dar

ca de 4,2 m ilhões de telefones equi­ ros (Vide Tòbcla). O passado mostra que a em poucos meses, mas também pode levar

valentes a 13.3 telefones por 100 ha­ capacidade de instalação de terminais do Sis­ dois, três e até quatro anos. O Sistema Tele­

tema Telebrás tem se fixado em torno de brás (valores de abril) tem cerca de 346 mil
bitantes. O fírasil terminou o ano de
meio milhão de tenninais/ano. 1 louve um pi­ contratos de autofinanciamento vencidos -
89 com 14 m ilhões de telefones, p a ­ co de 635 mil terminais instalados, no ano de representando terminais comercializados há

ra uma população de 150 milhões de 1989. A capacidade de contratação de termi­ mais de 24 meses e ainda não ativados - três

habitantes, com uma densidade te­ nais tem se revelado maior, mas tem decor­ quartos dos quais concentrados no Estado de

lefônica in ferior a 10 telefones para rido de maneira desigual. Nos anos de 86 e São Paulo. A situação, no entanto, já esteve

87 foram contratados, respectivamente, 984 bem pior: ao apagar das luzes, em 89, eram
cada 100 habitantes.
e 659 mil terminais, porém no biênio subse- 414 mil contratos nesta situação.

qüente a contratação já caiu para 210 e 348

Dem anda Reprimida mil terminais telefônicos. Serviço

Dizem que nosso jogador da Copa, ou se­

Os dados básicos de nossa Copa das Te­ ja o terminal telefônico, é caro para o País. Se ao invés de futebol estivessemos falan­

lecomunicações sáo conhecidos. Temos uma Será isto verdade? Dados revelados pela Re­ do de Torneio Aberto de Tênis, para man­

demanda reprimida de 6,5 milhões de termi­ vista Siemens mostram que o custo de cer­ ter a analogia desportiva com nosso sistema

nais telefônicos. Como sabem os aficionados ca de 4 mil dólares adotados pela Telebrás telefônico, já estaríamos perdendo o jogo

— e pelos dados oficiais — sáo cerca de 35% para nosso terminal está abaixo do que pa­ desde o início pela pobre qualidade do ser­

a mais de telefones (o aparelho em si) do que gam as administrações da Itália (4,4 mil dó­ viço prestado. Os motivos desta má perfor­

de terminais (o elemento comutador na cen­ lares), Japão (7,2 mil) e Estados Unidos (7,6 mance sáo at ribuídos pelos técnicos do se­

tral). A demanda reprimida é portanto de 8,8 mil), mas acima do que custa um terminal pa­ tor a três razões principais — tarifas baixas

T e íe b ro sil, Juiho'Agos>o.’^
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