Page 12 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990
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mando o sistema de cotas para o de tarifas alfan
Em relação à abertura para o comércio exte
degárias, que progressivamente deverão ser dimi rior, o representante do Banco Mundial recomen
nuídas, e ao mesmo tempo mantendo uma taxa de
dou que sua implantação deve ser imediata e não
câmbio que incentive as exportações e a produção gradual, acompanhada de uma desvalorização da
no mercado doméstico. Para atrair investimentos
moeda e da estabilização da economia. “Nadaim
estrangeiros será necessário alcançar a estabilida pede de que o Brasil alcance superávits em seu co
de econômica e regulamentar, “de modo apropria mércio exterior, ainda que sejam liberalizadas as
do", a remessa de lucros. Fechando o quadro de importações. A liberalização do comércio exterior
medidas será preciso privatizar aquelas empresas irá forçara modernização do aparato produtivodo
estatais que não constituem um monopólio natural. País e não há razão pela qual o Brasil deixe de ga
O aconselhamento final de Stanley Fischer é nhar a corrida que irá provavelmente se estabele
o do equilíbrio fiscal do Governo a ser obtido “pelo cer com os tigres asiáticos e com os países do Leste
corte de despesas públicas desnecessárias e pelo Europeu”, reiterou Armeane Choksi.
aumento de impostos”. A parte final de seu pronunciamento foi dedi
cada ao aspecto social da privatização repetindo
Banco Mundial o argumento de que o dinheiro do Governo deve
ser empregado para dar a infra-estrutura social de
O crescimento econômico do Brasil, desde o que o País necessita. A seguir, citou números
início da década de 80, tem sido da ordem de 2,1% A criança brasileira completa apenas 4 anos dees-
e que transformado em crescimento per capita é tudos, o que representa metade do que estuda uma
próximo de zero. O investimento das estatais caiu Armeane Choksi, diretor do Dep. do Brasil, Ban criança coreana e um dos menores índices da Amé
de 8% do PNB, na década de 70, para apenas 2% co Mundial. rica Latina. De mil nascimentos, o índice de mor
na última década. A partir de 1983, o País passou talidade infantil é no Brasil de 63, atrás da Colôm
a exportar capitais, sob forma de pagamento da anos de carência e juros baixos (7,75% aa) mas so bia (46), Argentina (32) e Chile (18). Se tomadoo
dívida, equivalente a 5% do PNB e representan efetua desembolsos quando os projetos estão em Nordeste apenas, o ingresso de crianças na esco
do entre um terço a um quarto dos investimentos andamento e há dinheiro local em contrapartida. la secundária é de 30%, inferior a Ghana (35%).
internos que fez no mesmo período. Este foi o qua O Brasil tem 4,8 bilhões de dólares com crédito O Brasil gasta 10% do PNB ou seja 27 bilhões de
dro, sombrio, traçado por Armeane Choksi, que aprovado, pelos quais paga taxas da ordem de dólares a valores de (86) para fins sociais, masos
historiou a ajuda do Banco Mundial ao Brasil, em 0,25% ao ano por não ter dado andamento aos pro resultados alcançados são poucos — a parte da po
termos de empréstimos para as áreas de energia, jetos, como no caso de um empréstimo emergen- pulação considerada pobre (41%) se beneficia ape
agricultura, transporte, crédito bancário, desen cial para o Rio de Janeiro que, até agora, por ra nas com 20% dos programas sociais. Dentre um
volvimento urbano. zões ignoradas, ainda não decolou. Em 1989, o grupo de vinte países analisados, o Brasil é o País
Ele explicou que, além de atuar como catali Banco Mundial aprovou 0,7 bilhões de dólares de da desigualdade na distribuição da renda, apenas
zador de empréstimos de outras fontes, o Banco empréstimos para o Brasil mas deverá aprovar 1,5 superior a Honduras e a Serra Leoa e no mesmo
Mundial atua a prazos longos (15 anos), dá cinco bilhões para este ano. nível da Colômbia e do Panamá. v
P a l a v r a d a M i n i s t r a Z é l i a
• O Brasil dispòe das bases necessárias para sicas. Stria irrealista imaginar um Brasil mo privado para reequiparas instalações. Se nào
projetar-se, sem frustnções, no quadro comple dernizado com os vicias de um Estado avalia houver essa interação, entre as medidas gover-
xo e mutante dos anos 90. Essa projeção não dor das relações entre os distintas agentes que namentaisea tesposta do setor privado, o Pais
se d a rã gratuitamente, sem um n forço deci atuam na economia, ptxle nefastamente ser levado a now e defini-
dido de reflexão e planejamento. • Esperamos contar, neste processo de moder tivo retrocesso
• A equação que se nos apresenta requei so nização, coma maturidade dos vános st'gmen- • A paulatina retirada da presença do Estado
luçòes nem sempre evidentes. Nào sendo um tos stxiais. pressupõe o processo da desestatizaçào Esta
País hegemônico, o Brasil tem limites nas di • Reiteramos nossa posição em relação à livre só pode ser viabilizada se contarmos com os
retrizes que regem a organização jxilítica eeco- negoàaçào salarial. Ela é essenciale o momen setores internos brasileiros.
nômica mundial. Demonstramos, na Instôriã to é agora. Entretanto, o Estado estará atento • .4 modernização tecnológica é ponto essen
recente, ter condições de acompanhar o qua para proteger o trabalhador e o consumidor. cial na retomada do desenvolvimento Nocam-
dro externo ainda que, nas últimos anos, esti Qualquer aumento rejxtssados aos preços fa ix) externo ampliam-se crescentemente obstá
vemos incapacitados de seguir de perto o rit rá voltara inflação Não queremos fazer reces culos ã transferência de tecnologia mais ran
mo das transformações. são mas não hesitaremos ern enfrentá-la pa çadas e as práticas protecionistas. No âmbito
• Ê verdade c/ue se consolidou na mente bra ra evitara volta da inflação Disto as Senhores interno, constata-se a acomodação de alguns
sileira a convicção de que o Paísprecisava mu não tenham dúvida! setores produtivos. Todas as oportunidades de
dar e recuperar o espaço perdida • A menor interferência estatal deve corres- vem ser exploradas e isto não ocorreu no pas
• E conhecido o diagnóstico da economia mun ponder, necessariamente, em prazo aceitável, sado.
dial para o próximo decénio e é fácil concluir maior dinamismo do setor privado A libera • Se não houver trabalho governamental pa
que os rumos da economia brasileira precisa ção do setor externo deve corresponder esforço ra melhor distribuição da renda e para redu
vam ser radicalmente transformadas, sob ris zir distâncias sociais com as quais o País
co dc sermos levadas a um irreversível estado acostumou-se a conviver, todo o processo, em
de atraso. Por força do descontrole inflacioná última análise, pode resultar frustrada .4 per
rio o País trilhava rumos opostos ao da moder manência do problema do endividamento por
nização quase uma década, frustrou a sociedade em
• A multiplicação da riqueza financeira redu uma série de aspirações legítimas. Vamos n?-
ziu de forma drástica o investimento produti ceber uma missão do FMI para negociar um
vo. O parque industrial alcançou elevados ní acordo standby e a partir daí iniciarmos enten
veis de obsolescência e perda de competitiva- dimentos com bancos privadas e credores ofi-
dade internacional. O processo de acumulação dajs.
desigual de riqueza foi em detrimento da for • À base da solução do problema da dírida. es
mação de um significativo mercado interno. peramos poder aumentar o aporte de recursos
O País fechou-se ã importação, protegendo se financeiros dirigidos ao Brasil. Pata isto o Pais
tores que não mostravam disposição para mo deve mostrar-se viável e oferecer elementos
dernizar-se Deixamos de atrair poupanças que aumentem a margem de con fiança do in
externas. vestidor externo nas potencialidades nacionais.
• O processo de ajuste que atravessamos era • O IBGE divulgou sensível queda da ativida
necessária e inadiável, mas devemos tratar do de produtiva brasileira. A reversão dessa va
que virá após a fase de acomodação. lidade não pcxle ser imediata. O Governo tra
• Vozes discordantes têm se pronunciado so balha para que ela ocorra no mais breve prazo
bre o fvqx'1 do Estado na economia, quer se cri possível e sem prejuízo do potencial que o País
tique excessiva interferência, quer o contrário, soube acumular.
corno no caso da livre negociação salarial. • Estou segura de que a intensidade de nosso
O Estado deve a^r-se ãs suas atividades bá trabalho oferece razões para confiança. (JCFi