Page 15 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990
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Como os técnicos do Ministério da Economia na, afetada desde o Plano Brasil Novo.
previram, ao acabarem com o Anexo C, as impor O presidente da Furukawa, Anselmo Nakatani,
tações das primeiras semanas ainda não foram em está preocupado com a chamada “abertura dos Brasil não vai se modernizar se as importações de
números fantásticos. Só de máquinas de costuras portos ’ ’ pelo Governo, isto é, com a liberação das máquinas não forem liberadas”.
importadas entraram no Pais 122 unidades, a importações: Por sua vez, o presidente da ABDIB, Tèóphi-
US$ 3.114. Isto dá um preço médio de US$ 26, — E necessário que o Governo não faça uma lo Orth, reconhece que os segmentos do setor de
cada. Com os impostos, fica por menos de abertura emocional, porque isto pode ser preju bens de capital deixaram de se modernizar apoia
Cr$ 4 mil para o consumidor final. No mercado na dicial ao País. Pode haver uma corrida para a im dos no protecionismo. “Há nichos na atividade que
cional, o mesmo produto sai por Cr$ 15 mil, mais portação de televisores, geladeiras, vídeos, produ precisam encarar o desafio da modernização e da
ou menos. Um pouco mais agitadas estão as com tos de TCs, etc. Essa medida poderá diminuir as eficiência. Também temos de ter garantia de que
pras de televisores estrangeiros: 1.122 unidades, reservas internacionais (dólares com os quais o vamos importar equipamentos que permitam in
por US$ 324 mil. No final das contas, sai por Brasil paga sua dívida externa), e não trazer ne formatizar tanto os processos de produção quan
Cr$ 50 mil cada. Um TV com som esteriofônico, nhum beneficia to a parte de projetos. O Brasil talvez seja o últi
montado na Zona Franca de Manaus, custa no Rio A tese do diretor-presidente da Furukawa é a mo País do mundo a trocar a prancheta de proje
de Janeiro mais de Cr$ 100 mil. de que “o Governo não deveria permitir a impor to pelo computador” enfatizou.
Na área de telefonia, já está sendo vendido na tação de produtos acabados, mas de matéria-prima Já para o economista Simão Davi Silber, pro
Zona Franca de Manaus e nos free-shops dos ae para que as empresas brasileiras continuassem fessor da USP, que tem trabalhos sobre a compe
roportos internacionais do País, o Twin-Fone, produzindo” . Ele ressaltou ser mais importante titividade da indústria nacional, o risco de suca-
atualmente o único telefone no mundo que pode que haja preocupação com a qualidade dos produ teamento de parte do parque industrial instalado
ser usado por duas pessoas ao mesmo tempo pa tos fabricados no Brasil. no País impede uma abertura mais ampla para o
ra falar com uma terceira, pois sua unidade bási Outro que está preocupado é o economista Yos- exterior. “Liberação exige economia com um mí
ca contém dois fones e dois bocais. Por fim, foi ex hiaki Nakano, um especialista no assunto, que já nimo de estabilidade, sem problemas de defasa-
tinta a proibição de mais de 300 produtos, entre trabalhou no Ministério da Fazenda na gestão de gem cambial como ocorre hoje” , pondera. Para o
eles videocassetes, camcorders, televisores, pro Bresser Pereira, em 1987. “ Liberar importações economista, abrir importações de produtos acaba
jetores e equipamentos de som. para tentar segurar preços internos é um equívo dos nesse momento “é um ruído que vai levar o
co que teria efeito bumerangue. Antes disso, é pre País à direção contraria da modernização”.
Opiniões divergem ciso fixar regras gerais, que signifiquem uma si- Para Edmilson C. Fonseca, diretor da Enlace
Telecomunicações e Informática Ltda., a abertu
Para Paulo Vellinho, presidente da Associação ra para importações não deve se limitar a produ
Brasileira da Indústria Eletro-Eletrõnica-Abinee, tos acabados, mas principalmente a componentes.
“a importação de produtos mais sofisticados é in Caso contrária muitas empresas irão à falência an
conveniente para o consumidor, porque os fabri tes mesmo de poder fazer concorrência com pro
cantes não podem oferecer assistência técnica” , dutos estrangeiros.
acrescentando que um caso típico são os automó Atentos para a legislação já aprovada pela Câ
veis, cuja liberação tanto alarde causou na impren mara dos Deputados, regulamentando direitos do
sa. “Quem adquirir um veículo importado pode consumidor, diretores do Grupo Mappin, a quin
acabar (endo apenas duas alegrias: quando com ta maior rede de lojas de departamentos do País,
prar o carro e, depois, no momento de vendê-lo, relutam em fechar negócios com fornecedores ex
porque quando ele começar a apresentar os pri ternas de eletrodomésticos como televisores, ví-
meiros problemas o consumidor não terá a quem deos, forno de microondas e geladeiras que, em
recorrer, exceto a mecânicos curiosos” , advertiu. alguns casos, custam até 50% a menos, sem as
Vellinho não teme que a indústria nacional de atuais alíquotas de importação.
eletroeletrónicos perca espaço para produtos im Estamos sendo pnxurados por fornecedo
portados, divulgados como de última geração. "A res do Japão, Coréia, 1'aiwan, Estados Unidos e
tecnologia de que nossa indústria dispõe hoje é de Europa, mas decidimos descartar totalmente as
última geração” , garantiu. Ele não descarta, po importações de fabricantes que não estejam dis
rém, que os tabricantes nacionais tenham que ado postos a garantir assistência técnica permanente
tar uma postura diferente, como a nrduçãodos lu frisou 1 Vdro Carbone, diretor do Depto. de Co
cros por unidade, para apostar na fabricação em mércio Exterior do Grupo Mappin. Segundo ele,
maior escala. Essa mudança, inclusive, deve se es apenas os fornecedores japoneses se mostraram
tender a Uxlos os outros setores da indústria na Anselm o Nakat.mi, PRdu Furukawa, (‘sUí prxv- interessados em investir na rede nacional de as
cional, como forma de recuperara produção inter ivpado com a nova "abertura dos portoe". sistência técnica.
O c r o n o g r a m a d a s l i b e r a l i z a ç õ e s
1V de julho de 1990: industriais), para modernizar a indústria na produtos farmacêuticos em prazos e condições
• Acabou o período de transição da liberaliza cional e reduzir seus custos de produção, adequadas aos objetivos gerais da política in
ção. A s empresas que estavam submetidas ao tornando-a competitiva intemadonalmente. dustrial e de comércio exterior.
limite de ÜS$ 2 bilhões de importações, nas • A importação para a indústria têxtil terá suas A partir de 1? de janeiro de 1991:
últimas dois meses, ficam livres para impor- alíquotas reduzidas, inclusive para produtos • .4 abertura se inicia na área de informática,
tarem o que quiserem, no valor que desejarem. acabados, sem restrições. com a liberação da importação de 59 produtos
• Serã divulgada uma lista de produtos que te • A s ,'cquenas e médias empresas, em alguns de baixa capacidade de processamento. A s alí
mo sua alíquota de importação reduzida. Pa casos, terão que se associarem às grandes ou quotas de importação que protegerão os fabri
ralelamente, serã iniciada a discussão com em- participaivm como fornecedoras de subprodu cantes nacionais estão sendo discutidas entre
piesáriospara utna ampla reformulação das ta tos. governo e empresários.
rifas atuais, com vistas à redução do protecio • Os portos serão, em parte, privatizados. Se A partir de 1V de novembro de 1992:
nismo. Serã anunciada oficialmente a criação rá facilitada a importação de 1.200 produtos • Todos os bens de informática, de qualquer
do Banco de Comércio Exterior, com maior constantes do Anexo C da Tarifa Aduaneira tipo, estarão com importação liberada. Inicial
participação da iniciativa privada, objetivan Brasileira, que estiveram com a entrada no mente, a indústria será protegida com alíquo
do o financiamento das importações e Brasil proibida desde 1975.0anexo foi extin tas de impoitação elevadas, mas estas serão re
exportações. to em 1 6 de março, mas o fluxo de importações duzidas gradualmente para expor a indústria
• As guias de importação serão liberadas em ainda não estava normalizado. brasileira à concorrência internacional.
cinco dias, e não serão mais retidas casuísti • A modernizarão industrial e comercial, con A oartir de 14 de março de 1995:
camente pela burocracia. substanciada pelo aumento da produtivndade • O presidente Collor pretende encerrar seu
As empresas importadoras que precisavam e por padrões internacionais de qualidade, a governo com as alíquotas de importação com
apresentai um índice médio de nacionalização serem alcançadas com base na crescente ca patíveis com as praticadas pelos seus parcei
de 85%, terão, doravante, que apresentar o ín pacitação tecnológica. ros comerciais, numa média de 20% (a máxi
dice máximo de 70%. • A implementação de modernas estruturas ma será de 40% e a mínima de 5%). Atualmen
• Os produtos que não são fabricados no Bra de produção e consumo de bens de serviço cm te, a alíquota máxima chega a 105%. Desta for
sil terão sua alíquota fixada em 5% e em alguns todo o espaço econômico nacional, pela difu ma, supõe que a indústria nacional competirá
casos serão isentos de tributação. Em segui são de novos padrões tecnológicos. em igualdade de condições com os produtores
da, serão reduzidas as alíquotas dos bens de • O Código de Propriedade Industrial deverá internacionais.
capital (máqina que fazem novas máquinas) e ser revisto. Na revisão do código destaca-se a
bens de produção (maéjuinas e equipamentos extensão da proteção patentária a pnxessos e