Page 18 - Telebrasil - Julho/Agosto 1990
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___________ Inform ática___________
G o v e r n o q u e r r e n o v a r m o d e l o
modelo utilizado para o desenvolvi
O necessidades do usuário local. “É preciso sileiro comece a automatizar a produção
ele, é fundamental que o industrial bra
mento da indústria de informática
harmonizar as políticas da pesquisa, da
no Brasil está sendo objeto de reavaliação se quiser competir lá fora.
produção e do uso da informática no País,
por parte do Governo. Há críticas que os levando em conta que boas telecom unica O E stado de São Paulo representa
com putadores n acion ais — principal ções constituem am biente essencial ao 70%' da produção da informática brasilei
m ente os de pequeno porte — sáo mais bom desem penho da inform ática”, con ra, em termos de hardware. “O Brasil si
caros, menos confiáveis e menos sofisti cluiu Lazarinni. tu a -se , m u n d ialm en te, em 21.° lugar
cados que o sim ilar estrangeiro. Ouve-se como produtor de aparelhos de TV e é o
falar na em issão pelo Governo de um “lis 15? da indústria automobilística mas con
tão” de equipam entos que poderão ser segue ser o 6" mercado de informática. 0
importados — pagando tarifas aduanei preço dos computadores pessoais (PC)sáo
ras — para competirem com o sim ilar na de 2 a 2,5 vezes mais caros do que o pro
cional. Edson Fregni, presidente da Asso duto estrangeiro, mas já foram 6 vezes
ciação Brasileira de Computadores e Pe m ais caros e o preço dos PC fabricados no
riféricos- Abicomp reage e comenta: Brasil continua baixando.” Estes e outros
— O Governo está abandonando o mo fatos são utilizados por Paulo Roberto
delo da busca da autonomia tecnológica F eldm an, PR da Sucesu-SP, para con
para, em troca, enfatizar os aspectos de cluir que com as novas medidas previstas
preço e qualidade do produto. A escala de pelo Governo a empresa nacional de in
produção em nosso País torna qualquer formática poderá “vir a morrer na praia
produto caro. N ossa indústria autom o num momento em que está pronta para
bilística, uma verdadeira reserva de mer decolar para competir em termos de preço
cado para as em presas aqui instaladas, e qualidade, com o produto importado'’.
coloca no País autom óveis que custam Segundo o PR da Sucesu-SP, a quali
vinte vezes mais do que eles custariam lá dade do produto de informática brasileiro
fora. No caso da informática brasileira, os já atinge padrão internacional, ainda que
produtos custam de 25 a 200% a mais do o mesmo não aconteça quanto ao nível de
que seu sim ilar estrangeiro, mas isto é sua sofisticação. Mesmo assim, o avanço
perfeitamente compatível com os custos da indústria brasileira em computadores
do equipamento importado. de 16 bits tem sido considerável.
A área de software brasileira repre
Reserva senta apenas 10% do mercado total de in
formática, o eme é pouco em relação à mé
A política de informática começou a dia de 40% observada em outros países.
ser delineada por técnicos na década de Paulo Feldman critica o modelo da nossa
70. Já em 76, nascia no meio académico, a Edson Fregni, presidente da Abicomp. política de software, em especial o fato de
idéia de reserva de mercado, mas foi so que está vedada à importação direta de
mente, em 84, após amplo debate com a A aplicação da informática na ativi programas estrangeiros. Estes são vendi
sociedade, que a Lei de Informática seria dade econômica deu origem a expressões dos, obrigatoriamente, através de distri
aprovada pelo Congresso Nacional tra tais como automação bancária, autom a buidores nacionais que formam—na opi
zendo em seu bojo duas idéias-chaves: ção de escritórios, automação comercial nião do PR da Sucesu-SP — um cartório
produto sim ilar ao nacional não entra no (supermercados), automação industrial e que encarece de 8 a 9 vezes o produto de
mercado e a indústria nacional deve de m uitas outras, cada uma representando software importado. Como o Governo não
senvolver suas próprias tecnologias. um mercado específico. Steve Ortiz, que canalizou dinheiro para o desenvolvi
Lembra Fregni que passados m ais de dirige a Associação Brasileira para Con m ento do software nacional e os progra
6 anos, a Lei de Inform ática propiciou trole e Automação Industrial-ABCPAl, m as estrangeiros estão nas mãos de car
uma indústria local que dá emprego dire foi um dos convocados pelo Governo Col- tórios é preferível liberar de vez a impor
to a 50 mil trabalhadores, com uma folha lor para opinar sobre os critérios de im tação de software, acha Paulo Feldman
de pagamento equivalente a 500 milhões portação de bens de inform ática. Para (JCF). *
de dóíares/mês e suportando uma equipe
de cerca de 8 mil projetistas. Wilson La-
zarinni, hoje presidente da Federação La
tino-A m ericana de Inform ática-FLAI, Listão deixa ABICOMP intranqüila
distingue no Brasil três tipos de política
para produtos eletrônicos: reserva de
O p r e s id e n te d a A b ico m p , E dson a espada de Dâmocles, representada por
mercado para a informática; compras do Fregni, centra a discussão nas modifica um listão de produtos que poderão vir a ser
Sistem a Telebrás para as telecomunica ções que o Governo, a seu ver, está introdu im portados, m antém o mercado nacional
ções; e Zona Franca, com importação li zindo, levianam ente, inclusive com a im intranqüilo. Enquanto reina a incerteza no
vre de insumos, para bens de eletrônica portação do sim ilar nacional. Diversos mo mercado de informática, a crise começa a se
de consum o. A este quadro devem ser delos, diz ele, podem ser aplicados para instaurar em certas indústrias.
acrescentadas as políticas de software um a política de inform ática: 1) indústria U m tra d ic io n a l produtor da regiáo
nacional, com tecnologia nacional; 2) idem, Sul-Sudeste teve que cortar sua produção
(que defende o produto nacional), a de re
com tecnologia e stra n g e ira (technology de 2 mil unidades'm és para apenas 500.
cursos hum anos (que ainda não regula transfer); 3) idem com capital e tecnologia frente à indefinição ressentida pelo mer
mentou a atividade do profissional de in estrangeiros [joint-venture); 4) origem do cado. A sugestão de Edson Fregni é de que o
formática) e a de microeletrônica. capital qualquer, desde que a produção seja Plano Nacional de Informâtica-Planin seja
Enfatiza o presidente da FLAI que a feita no País; 5) importação direta ou atra levado quanto antes ao Congresso Nacio
política de informática não deve ser vol vés de em presa nacional. nal, para que seja discutida a mudança do
tada som ente para o controle de importa Diz Fregni que o setor de informática modelo de informática. (JCF).
precisa viver um clima de segurança e que
ção de produtos sim ila res ao nacional
m as deve também levarem conta as reais
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