Page 17 - Telebrasil - Março/Abril 1988

geira que objetiva reduzir a inflação. Se isto Almir — Temos o Trópico R, que hoje é um teceu no passado. Sua vinda só pode ser bené­

ocorrer as coisas se normalizarão. Caso não sucesso. Existem três indústrias que o produ­ fica por estimular a competição e consequen­

ocorra, eu não duvido que medidas comple­ zem e daqui a pouco teremos mais uma. Este temente dando melhores condições de com­

mentares serão tomadas para manter o equi­ equipamento está disseminado no País intei­ pra e de absorção de novas tecnologia para o

líbrio do mercado de trabalho. ro. Os investimentos feitos foram pesados, Brasil.

mas altamente justificados porque o desen­

TB — Ainda sobre pessoal, mas agora enfo­ volvimento de uma tecnologia de comutação TB — Como o senhor vè as perspectivas de

cando o aspecto gerencial. Falou-se que o Sis­ digital é motivo de orgulho para o Brasil, investimento e das contratações que alguns

tema Telebrás procuraria manter seus exe­ além de ser fantástico do ponto de vista eco­ elementos de indústria acham que não estão

cutivos em màos de pessoas que seriam da nômico. saindo no ritmo esperado?

própria área de telecomunicações. O senhor Almir — Vejo a situação extremamente fa­

vè possibilidade de maior influência da polí­ TB — E quanto ao Trópico RA? vorável em termos de investimento. Passa­

tica no preenchimento de cargos nas empre­ Almir — 0 Trópico RA irá competir com os mos de 800 milhões de dólares, em 85, para

sas do Grupo Telebrás? equipamentos das maiores multinacionais, 1,9 bilhões este ano, podendo chegar a 2 bi­

Almir — O que se tem constatado é que, con- não tenho dúvida. Será uma competição sa­ lhões Por outro lado, seria surpreendente se

tranamente a todas as previsões, o fato de se dia, na minha opinião. Será o momento de não existissem queixas. Mas, de fato, as in­

ter um ministro político não levou à situação avaliarmos a convivência de um sistema ge­ dústrias estão com carteiras de pedidos mui­

de todos os cargos serem preenchidos por nuinamente nacional, como é o Trópico RA, to grandes, como jamais tiveram.

políticos. O ministro tem dado uma lição de com sistemas extremamente sofisticados,

competência administrativa ao preencher os com evolução tecnológica que vêm de outros TB — Quantos terminais serão instalados

cargos com homens extremamente experien­ países. Isto poderá até nos ajudar no desen­ este ano?

tes do setor. O fato de terem sido nomeados volvimento do Trópico RA. Acho que a convi­ Almir — Este ano saem 800 e poucos mil,

técnicos, por outro lado não impede que algu­ vência entre os dois subconjuntos é perfeita­ fruto das grandes contratações efetuadas em

mas pessoas que vieram de fora por indicação mente tranquila e deverá trazer benefícios 86. Em andamento, devemos ter algo como

política se integrem perfeitamente em nos­ tanto para nós quanto para as multinacio­ 1,5 milhões de terminais já contratados. Este

sas regras de trabalho e atuem como técni­ nais. ano, ainda estamos avaliando, poderemos

cos. Então, a situação não nos aflige. O sis­ contratar de 700 a 800 mil novos terminais.

tema está muito bem administrado com téc­ TB — Novos parceiros internacionais como

nicos nascidos no setor ou pessoas oriundas AT&T, Northern, Alcatel devem ter interes­ TB — Sua mensagem Final?

de outras áreas que nós recebemos bem, como se em colocar produtos de comutação e ou­ Almir — Uma mensagem de otimismo mas

am anhã poderemos ser bem recebidos tros, no Brasil. O senhor já recebeu alguma com realismo. Sou aliás mais realista do que

alhures. sondagem neste sentido ou há uma reserva otimista. Mas em matéria de TCs tenho que

de fato" com as empresas de fora que aqui já ser otimista: um belíssimo parque indus­

TB — Passando ao assunto da tecnologia. Es­ se encontram? trial, empresas bem estruturadas, pessoal

tima-se que para desenvolver um sistema di­ Almir - Vejo a vinda de grandes grupos responsável para não sairem fazendo greves

gital de comutação de grande porte se neces­ como ps citados como algo benéfico para o malucas por aí e dotado de conhecimento téc­

sita de investimentos da ordem de 1 bilhão de País. E preciso, porém, que se associem a gru­ nico, vontade de acertar e apetite para o tra­

dólares. Como Ficará o mercado da comuta­ pos nacionais de modo que consigam trans­ balho fora do comum. Com todos estes ingre­

ção e a situação do Trópico, em particular? ferir sua tecnologia para nós, tal como acon­ dientes o resultado só pode ser bom. v

Constituinte aprova modelo estatal das TCs

As telecomunicações públicas serão Oliveira (PFL/RJ), que juntam ente com do, ao longo do tempo”.

exploradas pelo Estado. A Assembléia Eraldo Tinôco (PFL/BA), articularam W anderley G regoriano de Castro,

Nacional C onstituinte, no A rtigo 23, pelo Centrão a aprovação do texto sobre que já foi diretor jurídico da Telebrás e

aprovou que: "compete à União m anter TCs por acordo de lideranças, enfatizou agora faz parte do elenco de dirigentes

o Serviço Postal Atem X); explorar dire­ três pontos: manteve-se o atual modelo do Grupo ABC, observa que o âmbito es­

tamente ou m ediante cessão, a empre­ das TCs e radiodifusão; modificou-se o tadual e municipal é considerado esta­

sas sob controle acionário estatal, os mecanismo de concessão de emissoras tal e assim um Governo E stadual ou

serviços telefónicos, telegráficos, de de rádio e tevê; e abriu-se espaço para a uma Prefeitura poderá obter, em tese,

transmissão de dados e demais serviços iniciativa privada para serviços de in­ concessão para explorar TCs sem parti­

públicos de telecomunicações. E asse­ formação através da rede pública. E que cipação financeira da Telebrás. Sobre

gurada a prestação de serviços de infor­ serviços são esses? Para Arolde, trata-se serviços de Informação opina que sua

mação por entidade de direito privado de coisas tais como proteção ao crédito, definição, hoje, "é o livre pensar”, mas

através da rede pública de TCs explora­ rádio-táxi, e serviço limitado privado as em presas interessadas deverão ser

da pela União Atem XD; explorar dire­ E stará então tudo resolvido? Não credenciadas pela União e passar pelo

tamente ou m ediante autorização, con­ ainda. O próprio Arolde reconhece que Mimcom.

cessão ou permissão, os serviços de ra­ term os como serviço público estatal Quanto à manutenção da concessão

diodifusão sonora, de sons e imagens e terão que ser bem definidos. J á Delson da CTBC (MG), do grupo ABC, marcada

demais serviços de TCs”. Siffert, do grupo ABC, opina que o mo­ para expirar em 91, ele acha que as dis­

Ainda mais, foi aprovado no Artigo delo das TCs mudou bastante. Roberto posições transitórias, por acordo de li­

24 que "cabeprivativam ente à União le­ Lam oglia, diretor da Telebrás, acha, deranças, m anterão as atuais conces­

gislar sobre águas, telecomunicações, pessoalmente, que as definições do texto sões. As opiniões, porém, divergem .

radiodifusão, inform ática e energia "não estão muito rigorosas”. Para Ed- Paulo Hesíander Couto, presidente da

Atem V) e serviço postal Atem V I)” e no m ur Pollini, vice-presidente da Tele­ Telem ig, é de opinião pessoal que 10

Artigo 58 "ó de competência exclusiva brás, em term os pessoais, dim inui a anos terão sido suficientes para a CTBC

do Congresso Nacional apreciar os atos margem de negociação para os que que­ ressarcir seus investim entos. Mesmo

de concessão e de renovação de conces­ riam a privatização do Sistem a Tele­ sem e star aprovada em definitivo, a

são de em issoras de rádio e televisão brás e o texto é um reconhecimento pú­ nova C o n stitu iç ã o já gera in d a g a ­

Atem X II/’. Respondendo à pesquisa blico da eficácia do modelo adotado, mas ções. UCF)

efetuada pela Revista Telebrasil junto o conceito do que é ou não é um serviço

ao legislativo, o D eputado Arolde de público "terá que ser melhor trabalha-