Page 46 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1987
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C ó d i g o d e B a r r a s : U m a p e d r a
n o c a m i n h o d a a u t o m a ç ã o c o m e r c i a l
Jen n er de Paiva
Os setores de automação comercial e bém a falta de apoio maior por parte dos nos informaria no preciso momento da
industrial, no Brasil — em seus vários produtores de hardware. Alinhavando o nossa necessidade”, ressaltou.
aspectos — , vêm reativando os seus ín impasse está a dificuldade na obtenção — Os donos de supermecados come
dices de crescimento de forma lenta e de leitoras ópticas, que são instrumen çam a se dar em conta do que estão per
gradual. Diante do quadro econômico e tos essenciais para o usufruto do código dendo, com a atuação pouco eficaz da
da crise atual, tanto o comércio quanto a de barras: etiquetas identificatórias do atual administração — concluiu Anto
indústria estão em compasso de espera produto, cuja implantação é ainda pro nio Galvão.
do reaquecimento do mercado consumi blemática, porque sua importação está No T.’ Infoc, a Itautec também estará
dor, aguardando novas medidas econô proibida, em escala comercial, pela Se presente com seu projeto de automação
micas que deverão ser tomadas pelo Go cretaria Especial de Informática (SEI). com scanners (leitoras ópticas do código
verno, principalmente após a promulga A classe do comércio de supermerca de barras) e o gerente de automação da
ção da nova Constituição. dos promete comparecer em massa ao maior cadeia norte-americana de super
O presidente da Sobracon (automa Seminário de Informatização do Comér mercados, a Publix Super Markets, to
ção industrial), Thomas Lanz, e o presi cio (Io. Infoc), que se realizará nos dias 19 talmente informatizada, já confirmou
dente da Abac (automação comercial), e 20 de outubro, em São Paulo, no Hotel sua vinda ao Brasil. A Itautec implan
Antonio Galvão, apesar de possuírem Hilton. Abrirá o seminário o presidente tou recentemente o mais complexo sis
enfoques diferentes em suas áreas de in da Associação Brasileira de Supermer tema de automação comercial de São
teresses, convergem para um mesmo cados (Abrás), Arthur Antonio Sendas. Paulo nas lojas da Droga Raia, empresa
ponto de vista: os altos custos de implan E a Em bratel, por sua vez, está que atua no comércio varejista de pro
tação da automação seguram o ímpeto atenta a este evento e vai demonstrar dutos farmacêuticos há mais de 80 anos
do comércio e da indústria, obrigando- uma série de serviços como a Trans e ganhou a concorrência internaciona!
as a adiar uma nova realidade adminis ferência Eletrônica de Fundos (TEF), o para a implantação de seu sistema no
trativa. acesso ao cadastro de emitentes de che maiòr hipermercado português, situado
Para o presidente da Sociedade Bra ques sem fundos e aplicações de Pontos em Lisboa, o Continente.
sileira de Comando Numérico (Sobra de Vendas (PDVs). A Embratel, por
con), "devemos ter sempre em mente a oferecer uma gama de facilidades nos Código de Barras
palavra criatividade, pois só assim ven serviços de automação comercial, é uma
ceremos os novos desafios, mantendo a das mais interessadas na agilização da Fala-se dos scanners, dos custos, mas
compatibilidade tecnológica dos produ implantação dessa nova tecnologia de há um problema delicado que efetiva
tos brasileiros, criando uma base sólida ponta. mente pode entravar qualquer tenta
de pesquisa, desenvolvimento e forma Para o presidente da Abac, Antonio tiva de automação em massa no País: a
ção de mão-de-obra, e gerando mais de Galvão, profissional com longa vivência questão do código de barras. No Brasil
dois milhões de empregos por ano”. no comércio, a implantação da automa ele já está padronizado desde 1983. na
Com esta ju s tific a tiv a , dem ons ção comercial "é uma questão de uma representação EAN (European Article
trando grande esperança na retomada economia flagrante, como aquela deri Numbering), nosso passaporte para o
do mercado, o economista TJioroas Lanz vada da agilização à boca-do-caixa. Há Mercado Comum Europeu.
anuncia a realização para os dias 25 e 26 também uma economia muito maior e A Zanthus Ind. e Com. de Informá
de novembro deste ano, em São Paulo, mais sutil, não imediatamente men tica, fabricante de terminais de ponto?
do "Simpósio sobre Robótica: Revisão da surável, como aquela propiciada pelo de venda, assim como outras firmas de
Situação B rasileira” . Segundo ele, a aumento da rot ação dos estoques e redu informática, conseguiu da SEI a permis
exemplo de eventos anteriores, a coor ção das margens, sem perda da renta são para importação de um lote de scan
denação geral está recebendo "resumos” bilidade. O computador, caricaturando- ners, que emprestou à cadeia de lojas
de trabalhos, para compor o programa o, seria como um hiper-atento garoto de Mappin, de São Paulo, para testes.
oficial das palestras. recados que nas poupasse empatar capi Por outro lado, o empresariado se di
tal de giro em estoques supérfluos. Ele vide entre otim istas e pessimistas
Automação comercial quanto ao tempo necessário à completa
automação comercial. Os mais otimis
Por sua vez, a automação comercial tas acreditam num esforço conjunto em
do País limita-se, no momento, à im torno da implantação do código de bar
plantação de alguns pontos de vendas ras, e marcam data para daqui a dois
(PDVs) em São Paulo nos ramos farma anos. Os pessimistas não festejam antes
cêuticos (Rede Drogas Raia), shoppings, de 1997.
magazines, etc. Os grandes usuários, O fato é que o acordo recente entre
que seriam os supermercados, estão co Abac, Abras e Abia (Associação Bra
medidos, num momento de baixa eu sileira de Indústrias Alimentícias'já é
foria pós-cruzado. Os comerciantes do um aceno para o estabelecimento da
setor, com preocupação mais imediatas, chamada linguagem comum para o co
relutam diante dos altos custos de im mércio, com a padronização numérica
plantação da automação e se queixam de cada produto do mercado, dígitos es
da falta de equipamentos Chardware) e tes traduzíveis em barras. Dado o ponta
de programas (software). pé inicial, as próximas metas serão a
Do outro lado do círculo, os fabrican padronização dos documentos e. num
tes seguram a sua produção, alegando a terceiro momento, a comunicação entre
pouca demanda. O mesmo acontece com Thomas Lanz, presidente da Sobracon, diz computadores, para uma reposição in
as software-houses, que sentem tam que há falta de criatividade. teligente e ágil dos estoques comerciais