Page 49 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1987

Afirmamos inúmeras vezes que a história início, o fortalecim ento do setor, para mais Esta conquista pode ser considerada ver­

das telecomunicações b rasileiras com pre­ ta rd e, com o S istem a T e le b rá s auto-sus- dadeira epopéia. Levar telecom unicações a

ende duas fases de características bem dis­ tentado, prom over o atendim ento social. um in te rio r, m u itas vezes d esp ro vid o de

tintas. A primeira, a anárquica, foi a vivid a A estratégia escolhida não poderia deixar energia elétrica e de estradas, foi árdua tare­

no período anterior à promulgação do Código de considerar, de um lado, a escassez de re­ fa. E xigiu audácia e espírito pioneiro, além

Brasileiro de Telecomunicações; a segunda, cursos financeiros, e, de outro, as razões da de soluções modernas de engenharia, como o

a institucionalizada, é a atual, isto é, a pos­ boa engenharia que impunham im plantar, aproveitam ento de energia solar e com unica­

terior à vigência daquele instrum ento legal. s e q ü e n c ia lm e n te , os tron cos p rin c ip a is ções por satélite. Considero que esta tarefa

É imperioso que se caracterize que o Código (grandes artérias), os troncos estaduais (ar­ som ente foi superada pela gran d e obra de

também criou os instrumentos necessários à térias secundárias) e, após, os vasos capilares Rondon, ao estender linhas telegrá fica s na

elaboração do projeto do Sistema N acional de que conduziriam a in teligên cia aos pontos região amazônica, no princípio do século.

Telecomunicações, ao definir, em seu corpo, extrem os do nosso imenso território" Foram Destaque-se que u m eta de leva r teleco­

os conceitos básicos de en gen h a ria . N e le estas as razoes que impuseram a im planta­ municações a todos os municípios foi cum pri­

constam as definições de tronco, redes contí­ ção, de início, dos serviços de m aior rentabili­ da, apesur das dificuldades que o setor pas­

nuas, centros principais de telecom u n ica­ dade, de acordo com a sepuinte prioridade: sou a enfrentar, a partir de 1980, quando lhe

ções, circuitos portadores com u ns, p ara 1) serviços in tern acion ais; 2) serviços in ­ fortim totalm ente retirados os recursos pro­

transporte das diversas modalidades de tele­ terurbanos interestaduais; 3) serviços locais veniente» do F N T (atual ISSC ) e o acesso à

comunicações, enfim o fu n dam en tal para em grandes cidades; -I) serviços interurbanos poupança externa tornou-se in viável, com a

que se estruturasse o Sistema Nacional. intraestnduais; e 5) serviços locais mis de inuxidesvulorizuçáo do cruzeiro, em fins de

Ainda é o Código que au toriza o Poder mais cidades o/ou localidades. A consequên­ 1979. Esta últim a fonte de recursos que v i­

Executivo a criar uma empresa para explo­ cia desta política foi garantir: I) pleno aten­ nha sendo largam ente utilizada por diversos

rar os serviços da competência da U nião; e. dim ento da demanda por serviços internacio­ setores da economia, especialm ente eletrici­

sabiamente, prevê fonte de recursos pura tal nais e in terestadu ais; 2 ) razoável aten di­ dade, siderurgia e o próprio setor de teleco­

empresa implantar os sistem as que lho ca­ m ento da dem anda por serviços locais nas m unicações, não poderia co n tin u a r a ser

biam explorar. A empresa (E m bratel), criada grandes cidades e por serviços interurbunos muito utilizado por este últim o, uma vez que

em 16 de setembro de 1965, im ediatam ente intraestnduais; e 3) atendim ento ainda defi­ o Sistema Telebrás, não tendo acesso a bun-

se lançou em sua g ig a n tesca ta re fa . Em ciente por serviços locais nas demais cidades cos de d esen volvim en to (B IR D e B ID ) era

1972, ela promoveu a 1." integração nacional e outras localidades. obrigado a recorrer a bancos com erciais, com

pelas telecomunicações, ao levar sous t ron­ Os resultados obtidos por esta política, de suas elevadas taxus de juros e de "spreads” .

cos de microondas às ca p ita is e a lgu m a s dezem bro de 1973 a dezembro de 1978. foram C laro exem plo deste quadro é a Com pa­

grandes cidades; e, como já havia, em 1969, excepcionais, como o comprovam os seguin­ nhia R iogra n d en se de T eleco m u n ica çõ es

se integrado, através do satélite, ao sistem a tes dados: 1 ) aumento do tráfego internacio­ (C R T ) que, por ter retardudo o início do seu

internacional, conquista a E m bratel a ad­ nal e in teru rban o nacionul de respectiva­ grande plano de expansão — só o fez em 1980

miração e a confiança do povo brasileiro, fa­ m ente 306*7 e 283*7; 2) aumento do número — está atravessando atu alm ente d ifícil si­

tor decisivo para o sucesso da execução dos de telefones em serviço de 138%; e 3) o nú­ tuação, tornando-se mesmo in viável, por ter

planos que se seguiram àqueles eventos. m ero de municípios atendidos por telecomu­ recorrido tarde a em préstim os externos.

Paradoxalmente, as conquistas da E m ­ nicações passou, apesar da baixa prioridade, A tingida a meta de integração de todos os

bratel vieram escancarar, pelo contraste, o de 2.174 para 2.964, isto é, 36%. municípios ao Sistem a N acional de T eleco­

elitismo e o atraso das telecomunicações do Constituída esta sólida base, o M inistério municações, pôde o M in istério cobrar do Sis­

País. Consciente desta deplorável situação o das C om unicações, já contando com o Sis­ tem a Telebrás a conquista de outro grande

Ministério das Comunicações prom oveu a tem a T eleb rá s organ izado e com poder de ob jetivo — a popu larização do telefo n e —

criação da Telebrás, com a missão de cobrir alavancagem , pode reorientar a sua política para o que já havia baixado atos form ais —

tal lacuna, a qual, em um país continente, de atendim ento, não só da demanda básica, sete portarias e diretrizes — regulando esta

como o Brasil, se revestia da m aior g r a v i­ como tam bém daquela imposta por razões so­ m a téria e m ais in te rio riza ç ã o e te le fo n ia

dade, pois impossibilitava a sua integração ciais, esta últim a sintetizada na interioriza- rural.

política, econômica e, especialm ente, social. ção do telefone. Foi o que realm ente ocorreu Em tais atos, o M in istério disciplinou até

Dentro desta realidade, a Teleb rás, de­ logo após a posse do novo governo, em 15 de os tipos de equipam entos que deveriam ser

pois de criada e cumprindo sábia orientação m arço de 1979. empregados, bem como as fontes de recursos

do Ministério das Comunicações, estab ele­ A Telebrás foi instruída para direcionar o que poderiam ser utilizadas. Os atos específi­

ceu uma estratégia que lhe assegurasse, de seu planejam ento no sentido do atendimento cos sobre telefonia rural visavam apoiar o de­

dos o b jetivo s sociais, tam bém . O cu m pri­ senvolvim ento da agricultura e da pecuária.

m ento de tão nobre tarefa exigiu mudança na S ig n ific a tiv a fo i a p o rta ria que a d m itiu

política de atuação do Sistem a Telebrás. Ele grande sim plificação nas centrais telefô n i­

que vinha atuando como grupo privado, in­ cas, a fim de, pela cobrança de m enores pre­

vestin d o som ente em projetos rentáveis — ços do autofm anciam ento, increm entar a in ­

reafirm e-se que tal ação era im positiva para teriorização e a popularização do telefone.

se construir base técnica, adm inistrativa e Para cum prir a orientação m in isterial, o

econ óm ico-fin an ceira — devia estabelecer S istem a T e le b rá s te v e de ad otar soluções

outras prioridades, a fim de se adaptar a uma inovadoras, para o que contou com a grande

rea lid a d e política. A ssim , foram definidas cooperação e a criatividade da indústria na­

m etas de interiorização e de telefonia rural cional. C en tra is telefôn icas sim plificadas,

(Colaboração do que deveriam ser sucessivam ente atingidas. cen tra is te le fô n ic a s co m u n itá ria s, lin h as

gen. José Antonio A prim eira, a m ais m arcante, foi levar tele­ compartilhadas, telefones públicos e semipú-

de Alencastro com unicações a todos os municípios brasilei­ blicos, sistemas m ultiacesso e de uso com par­

e Silva) ros, para o que foram im plantados os vasos tilhado de freqüências, em sistem as rurais,

— Ex-presidente capilares do atual Sistem a N acional de T e le ­ além de outras soluções apropriadas, foram

da Telebrás — comunicações. Esta m eta foi alcançada em 9 os valiosos instrum entos de que se valeu o

de n ovem b ro de 1982, quando a T eleb rá s S istem a T e le b rá s para cu m p rir a gra n d e

com pletou 10 anos de sua constituição. missão que recebeu do M inistério. I