Page 18 - Telebrasil - Julho/Agosto 1987
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I n d ú s t r i a s e r e s s e n t e d a c r i s e e c o n ô m i c a
Acostumada a um crescimento de 30
A crise econômica está se refletindo por cento nos últimos seis anos, o setor putadores e periféricos afetou a venda
na arrumação do mercado de in
de suprimentos e de um total de mil em
formática e eletrônica. São pedidos de de informática vem se contentando, se presas existentes no mercado 70% en
concordata e o estabelecimento de novas gundo os dados apurados para os pri frentam sérias dificuldades e algumas
configurações empresariais que estão meiros meses do ano, com apenas 18 a até estão ameaçadas de fechar. E não se
alterando o perfil das indústrias. Já os 20 por cento. Muitas das quedas nas trata de pouca coisa. O setor de supri
industriais de telecomunicações, de vendas são atribuídas a pedidos que es mentos é responsável pela distribuição
certa maneira mais protegidos pelas tão sendo diferidos como medida acau mensal de 1,3 milhões de disquetes 50
compras do Sistema Telebrás, têm sen teladora por parte dos compradores de mil fitas magnéticas e 2,5 mil discos
tido a crise, mas nâo na mesma pro equipamento de informática. Indiscuti magnéticos dentre outros produtos.
porção. velmente, porém, com ou sem reserva de Hélio Azevedo, presidente da Suce
Como sinal dos maus tempos, o mercado, a crise se instalou no setor de su-RJ, velho conhecedor do setor de in
balanço que o grupo Elebra encaminhou informática. formática, acredita que é necessário de
à Bolsa de Valores, relativo aos três pri alguma maneira ocorrer um reaqueci-
meiros meses deste ano, registrou uma mento das vendas, caso contrário a mé
receita líquida de 98,3 milhões de cruza dio prazo a situação poderá se tornar re
dos e um prejuízo de 272,46 milhões almente crítica. Para José Maria Tei
atribuído ao arrefecimento do mercado xeira Sobrinho, vice-presidente da As
de produtos eletrônicos e às elevadas ta sociação Comercial do Rio de Janeiro,
xas de juros. Com um ambicioso progra apesar do Plano Bresser não ser um pla
ma de investimentos, o grupo Elebra, no ideal, é o plano que se tem e todos os
controlado pela família Guinle através membros da sociedade devem ceder um
da Elebra Informática S/A, acumulou pouco para que ele venha a ter sucesso.
um passivo financeiro estimado, se A Associação Brasileira da Indústria
gundo o Estado de São Paulo, em 2 bi e Periféricos-Abicomp encontra-se
lhões de cruzados. Assim, fala-se da as atenta à situação e em conseqüência
sociação do Grupo Elebra, que envolve a Hélio Azevedo, presidente da Sucesu-RJ. montou dois grupos de trabalho para fa
Elebra Telecon, Elebra Microeletrô- zer frente à crise. Um deles, composto
nica, Elebra Computadores e Elebra por executivos financeiros das empresas
Sistemas com o Citybank. E o mesmo No primeiro trimestre deste ano ape associadas, tem por objetivo ana isar e
banco americano que fechou negócio nas duas, dentre doze empresas de infor acompanhar sistematicamente a polí
com a Sid para formar uma empresa mática, não caíram no vermelho e assim tica econômica do País. O segundo, visa
destinada à venda de informações pro mesmo apresentando lucros comedidos. cuidar exclusivamente de traçar uma
cessadas eletronicamente. A Itautec lucrou 19,6 milhões de cruza política de exportações para a indústria
dos e a Sid ficou no modesto nível de 4,1 nacional de informática, uma das solu
Em Manaus milhões. ções para a crise.
Segundo Sérgio Pellegrino, presi
Em Manaus, a justiça deferiu a con dente da Anforsai-Associação Nacional Flupeme
cordata pedida pela Dismac e pela Alfa dos Fornecedores do Informática, a crise
Digital (do mesmo grupo), medida just i também começa a afetar o setor de su Ao tomar posse, a nova diretoria da
ficada, pelo seu vice-presidente Henry primentos. Ele observa que o cresci lupeme (associação fluminense da pe-
Feder, devida à queda das vendas de 6,5 mento deste setor sempre se manteve íena e média empresa), numa concor-
milhões de dólares em fevereiro para 1,5 entre 10 a 15% acima do crescimento da da cerimônia com a presença de depu
milhões em maio. No Rio de Janeiro foi indústria de informática, tendo em idos, vereadores, do vice-prefeito do
a vez da Cetus Informática (redes locais vista que cada computador vendido io de Janeiro, o orador convidado, se-
para micros) que pediu concordata e de exige uma grande série de suprimentos. ador José Richa, referiu-se à atual cn
pois teve seu controle acionário adquiri No entanto, a queda das vendas de com- J econômica como "grave”, destacando
do pela SPA (software-house) que absor ué "nunca foi maior o contraste entre o
veu um passivo de 16 milhões de cruza rasil oficial e o Brasil real”.
dos junto aos bancos. A própria IBM, no Benedito Dias Paret, oriundo da aro
Brasil, através de declaração de seu pre e informática e eleito novo presiden
sidente, Rudolf Höhn, admitiu não ter a Flupeme, em aplaudido disein
atingido os objetivos que a organização osse, disse que é difícil agora a c re 1
havia fixado, o que vem se refletindo a concretização das medidas Plon
numa redobrada atenção para com as as pelo Governo para tirar a Pe9uf ^
atividades de vendas e marketing. lédia empresa da crise. QuClX pnte
Cada empresa procura enfrentar a *aret de que tais medidas gera n ^
crise a seu modo. A Digiponto, por eneficiam os bancos criando um ^
exemplo, lançou um programa de venda ância cada vez maior entre os s¦
especial para teclados, válido a partir de irodutivo (a indústria) e o especo ^
certo volume de encomendas, que in Estamos cansados de uma a S^.j0ieS'
cluiu descontos e dilatação no prazo de nia, que não beneficia o empies^ es^'
pagamentos. Para Carlos Alberto Tu- amos cansados dos especulada1,
mang, diretor de operações da Digi nos cansados do oligopólio dos ^
ponto "a indústria de informática, desta as. A transição democrática
vez, não ficou imune à recessão que :rise e a sociedade precisa se
atinge rapidamente todos os setores da / amos trabalhar”, conclamo *
indústria nacional”. Rudolf Hohn, presidente da IBM Brasil. mte da Flupeme. {JCF)
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