Page 35 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1986
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Concorrência and Wireless, empresa que no Brasil foi
dona da antiga Western. Os serviços in
Outro aspecto ressaltado pelos con gleses de valor agregado e os serviços
ferencistas, foi o da concorrência que é móveis foram abertos a concorrentes li
feita às operadoras de TCs, pelos gran cenciados e o fornecimento de equipa
des usuários que tendem a implementar mentos e de sua manutenção à concor
suas próprias redes privadas. Esta si rência pública. Também deu seu recado,
tuação de conflito compreende, segundo o conferencista, dentro da linha pre
a Coopers & Lybrand, très fases: uma de valecente do Seminário:
confronto (empresa operadora x gran — O importante no fato de uma em
des clientes); seguida, por outra, de rea presa ser privatizada é o estímulo da
valiação (descobrem os usuários que concorrência que a obriga a alinhar seus
existem "custos ocultos” que nâo ha Jack Dunleavy preços mais próximos dos custos, parti
viam previsto); e, fmalmente, outra de lhar o mercado em segmentos, controlar
perspectiva a longo prazo (alguns gran coisas tais como margens de lucrativi
des clientes permanecem atores ativos e dade de 100 aparelhos/habitantes. Já a dade e sua participação no mercado —
outros não). Dessa maneira, só resta às proporção brasileira de 30 telefones co disse John Collings.
operadoras provar que podem oferecer merciais para 70 residenciais está den A palestra subseqüente coube a Fre-
serviços melhores e mais baratos, no tro da média de outros países. Mas é bai derick Mackenzie, da C&L, que tratou
todo, do que seus grandes usuários. xa sua taxa de 16 instalações por 100 do de problemas organizacionais e de re
Sobre planejamento estratégico micílios se comparada com EUA (15%); cursos humanos e, após elogiar o Brasil,
foram colocadas algumas questões pelçs Japão (75%); Reino Unido (74%); Itália por seu rápido desenvolvimento econô
técnicos da Coopers & Lybrand: Em que (57%). mico, observou que "se as telecomunica
direção caminham as operadoras de Foi também justificada, através das ções, a nível mundial, quiserem ocupar
TCs? Serão empresas transformadoras estatísticas, a existência de uma estra o centro de revolução da informação pre
ou transportadoras de informação? De tégia mundial, generalizada, de subsí cisarão mudar seu enfoque orientando-
vem elas cobrir toda a gama de serviços dios cruzados entre as ligações interna se para fora, para a aceitação de maior
ou somente alguns? Quais? Que tipo de cionais (mais caras) e as tarifas nacio risco, com um estilo gerencial descen
organização é melhor frente à mudança nais de longa distância (mais baratas). tralizado e participativo e com comuni
tecnológica e mercadológica que se efe Por outro lado, as horas de trabalho ne cações polldirecionais”.
tiva nas TCs? cessárias para pagar o custo anual do Para ele, há também escassez de re
serviço telefônico de um usuário de clas cursos especializados em TCs e a ênfase
se média, representam hoje, na maioria nas operadoras está se deslocando da
dos países, entre metade e dois terços, do engenharia de operação para o do mar
que eram há 10 anos atrás. Conclusão: keting técnico, visto estar se vivendo
os serviços de TCs melhoraram seu per num novo mundo, onde até clientes se
fil eficiência/custo na última década. tornam concorrentes, a tecnologia
muda com grande rapidez e os ambien
Recursos Humanos tes operacionais são desconhecidos.
— As mudanças organizacionais são
Dando prosseguimento ao semi sempre difíceis e durante os períodos de
nário, John Collings fez um resumo das transição é necessário identificar os
transformações pelas quais passaram o "bolsões” de resistência dando-lhes
PTT inglês: criação do monopólio esta mais atenção e treinamento — reco
tal em 1912; empresa estatal em 69; des mendou a palestrante, que identificou
membramento dos correios e da British os principais sistemas a serem consi
Telecom em 81; privatização desta úl derados "empresarial (operação, orga
tima, em 84, com 51% das ações ofereci nização); político (poder, influência, in
das ao público. tercâmbios) e cultural (valores, normas,
Na Inglaterra, a British Telecom amizades)”.
passou a ser uma operadora de TCs pú A seguir, ela deu sua metodologia de
blicas, licenciada pelo governo e que como se reformular um sistema empre
compete com a Mercury, do grupo Cable sarial: a) rever os objetivos da empresa;
b) reestruturar a organização e as fun
Para responder a estas questões, a ções (mudar responsabilidades, criar
especialista Kathleen Leibfried mos novas funções, definir estruturas matri
trou, inicialmente, algumas estatísticas ciais); c) selecionar e desenvolver geren
globais de TCs, dentre as quais a já clás tes (com rodízio de funções, mas aten
sica correlação entre telefones por 100 dendo às necessidades pessoais); d) trei
habitantes versus PNB (de 1981), onde namento técnico (novos serviços, novas
o Brasil se situa ligeiramente acima da tecnologias, novo ferramental); e) pla
média. Outra transparência indicava nejar e prever recursos humanos (a
que a depreciação da Embratel em rela curto e longo prazo); f) medir desempe
ção a seu imobilizado depreciável é de nho e melhorar as comunicações empre
apenas 5,4%, contra 9,6% da British sariais.
Telecom, 8% da AT&T e 13,5% da NTT. Em relação ao sistema político em
Os também tradicionais dados do presarial, Mackenzie enfatizou que é
World Telephones, publicados pela necessário dar atenção ao sistema de re
AT&T em 1983, foram mostrados verifi muneração (deve-se incentivar a habili
cando-se que o Brasil se situa em 8.° lu dade empresarial); à delegação de au
gar no conjunto de 39 países, que pos toridade; à gerência participativa; e à
suem mais de 1 milhão de telefones, mas criação de carreiras duplas (empre
cai para 35.° em se tratando da densi- Colin Dunn sarial e técnica).