Page 27 - Telebrasil - Maio/Junho 1985
P. 27
a u t o m a ç ã o é i r r e s i s t í v e l
João Carlos da Fonseca
Se por um lado a automação agilizou
o serviço bancário, por outro começaram
a surgir problemas. Um deles refere-se
à reação do usuário médio frente a digi
tações complicadas, senhas a memori
zar e computadores "fora do ar”. Paulo
Jobim, do Ministério da Fazenda, re
velou que num estudo conduzido pelos
próprios bancos ocorrem indícios de que
o usuário, frente à automação inten
siva, enxerga neste um serviço desper
sonalizado, além da falta de calor hu
mano transmitido por um funcionário
atencioso. Isto é contestado por Antonio
L)i Gianni, da Associação Brasileira de
Automação Comercial — ABEC, que
disse não ter observado tal dificuldade
nas pessoas com quem tem mantido con
tato.
Custos crescentes
I)o ponto de vista prático, uma área
que se revela delicada refere-se aos cus
Diante da memorização de senhas, digitação de dados e caixas automáticas, o usuário sente tos crescentes dos novos serviços — uma
falta do calor humano. verdadeira armadilha para as institui
ções bancárias — segundo afirma Fran
cisco Castro Neto, do Uni banco. Não
Há vinte anos existiam no País 320 milhões de cheques. Instituições como o será difícil prever, portanto, que daí re
bancos, 7 mil agências, 15 milhões de Bradesco, cm dias de pico de paga sultarão mecanismos de pressão dos
clientes, atendendo metade dos municí mento, podem atender até 8 mil pessoas
pios brasileiros. Atualmente o Brasil por minuto, em todo o sistema. bancos para que sejam tarifados esses
conta com mais de 100 instituições ban Iniciado na retaguarda dos bancos, a novos serviços e que sejam fixados valo
cárias, 14 mil agências e 45 milhões de automação dos serviços alcançou rapi res mínimos. Trocado em miúdos, isto
contas cobrindo todo o território nacio damente o dia-a-dia do usuário. Hoje significará que o usuário de alguma
nal. Uma evolução fantástica que trans torna-se lugar comum o emprego de ter forma terá de pagar pelo novo conforto
formou o sistema bancário, de uma má minais de caixa e de clientes ligados ao eletrônico, que lhe é oferecido.
quina distante do grande público numa computador, as máquinas de caixa auto Grandes e pequenos bancos têm ótica
grande operação varejista onde, ao lado mático (ATM) e o cartão magnético para diferente em relação à autom ação.
da massificação dos serviços financeiros clientes especiais. Cerca de 70% das instituições, que cons-1
(ações, letras, poupança, open m a rke t),
coexistem atividades correlatas como
seguros, câmbio, turismo e exportações.
Segundo Roberto Bornhausen, presi
dente da Federação Brasileira das Asso
ciações de Bancos (Febraban), dois fa
tores justificaram essa evolução: a am
pliação da renda da população (família e
indivíduos participam com 28% do PIB
na formação de poupança) e o uso da re
de bancária em substituição ao poder
público, na coleta de tributos, impostos
e taxas.
Automação irresistível
Diante do volume de transações vei
culadas pelo sistema bancário, a incor Os cartões
poração da informática na agilização de bancários
seus serviços tornou-se um fenômeno ir fazem milagres
reversível. Somente pela Câmara de eas senhas
Compensação de Cheques — o coração protegem
do sistema — passam diariamente 235 o cliente.