Page 8 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1984
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TANCREDO: SOBERANIA MALUF PELA LIVRE AÇÃO
SÓ COM TECNOLOGIA DAS FORÇAS DO MERCADO
Tancredo de Almeida Neves, candidato da Aliança De O candidato do PDS â Presidência da República, Paulo
mocrática à Presidência da República, é fayorável á reserva Salim Maluf, é a favor da reserva de mercado — por oito
de mercado "sem a qual dificilmente o país atingirá o seu anos protegida através de mecanismos de elevação de
objetivo de independência tecnológica”. tarifas aduaneiras e de fiscaizâçáo alfandegária. Não vê
Náo favorecendo à solução dejointventures, o candidato maiores problemas na importação de tecnologia, que po
oposicionista vê a empresa nacional nos moldes propostos derá ser obtida através de contratos de transferência com
nas emendas do PMDB, isto é, "aquela que detém os contro pagamentos de assistência técnica ou então pela participa
les decisório, tecnológico e do capital”. ção de empresas estrangeiras, sob forma minoritária, com a
Em relação à SEI, acha Tancredo Neves que sua atuação empresa nacional (joint ventures).
foi da maior importância e a ela se deve a existência das 140 Uma das críticas de Paulo Maluf, ao projeto do Governo,
empresas do setor de informãtica, que resultaram numa di é a maneira pouco precisa com que é tratado o conceito de
minuição sensível das importações. Defende, porém, a cria reserva de mercado, em que náo se fica sabendo "se é defi
ção de um Conselho Nacional para Informática, desvin nida à nível de empresa ou a nível de país”. E fornece seu
culado do Conselho de Segurança Nacional e constituído próprio conceito:
por representantes dos vários segmentos sociais a serem in — Reserva de mercado seria aquela que, delimitada
dicados pelo Presidente da República e aprovados pelo Se pelas fronteiras brasileiras, permitiria que os 130 milhões
nado Federal. de habitantes possam, na verdade, ter acesso principal
A criação de um Ministério da Ciência, Tecnologia e In mente a bens produzidos no país. Isto é até mesmo louvável,
formática é uma das hipóteses que poderá vir a ser exami como medida temporária, com o objetivo de proteger a in
nada pelo candidato, se eleito Presidente da República, dústria nascente no país, dando-lhe condições de capitali
"pela transcendência e magnitude da informática”, que no zar-se e fortalecer-se. O que não é recomendável, todavia, é
seu entender deve ter seus recursos sob controle democrá os que desejam a reserva de mercado como um cartório para
tico e nacional. quatro ou cinco industriais brasileiros produzirem determi
Admite, contudo, o candidato das oposições estudar a cri nado produto.
ação de "zonas livres”, onde sob estreita vigilância as multi Outra crítica do candidato do PDS se refere às restrições
nacionais possam entrar com tecnologias passíveis de ab para comercialização, importação e exportações de bens e
sorção. E quanto a conciliação de interesses entre automa serviços técnicos de informática que, segundo ele, são alta
ção e desemprego, ele afirma que, embora não seja possível mente punitivas. O que deve proteger a empresa não é o Go
prescindir das vantagens da automação, sua implantação verno, mas sim produtos de boa qualidade, preços competi
deve ser norteada visando dar prioridade ao emprego. tivos e tecnologia que possa aplicar.
— A Lei de Informática coloca o país em face de interes Paulo Maluf admitiu que, se eleito, poderá vir a alterar,
ses legítimos, mas antagônicos — ressaltou Tancredo Ne após 15 de março, o atual projeto do Governo caso seja apro
ves — e deve se constituir num instrumento de resguardo vado como está, mas mesmo discordando seguirá agora a
dos direitos do cidadáo, da liberdade democrática, da so orientação do PDS, "porque é um homem de partido”. Y
berania nacional e da cultura do povo.
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