Page 17 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1983

r i que o comportamento do sistema foi ex- chuvas mais intensas. Neste município fica­
lente diante da calamidade que se abateu ram paralisados 1.500 dos 4.000 telefones
sobre o Estado. Segundo ele. a continuida- instalados e somente com o retorno do rio
,ie dos serviços deve ser destacada pelo que Iguaçu ao seu leito natural foi possível a re­
representou de demonstração da dedicação paração das linhas. Nas demais cidades afe­
dos técnicos da CRT, incansáveis na recu­ tadas, os telefones apresentaram apenas de­
peração dos pontos atingidos. feitos isolados, não se registrando nenhuma
paralisação de grande vulto.
Paraná: o m enos atingido Como forma de facilitar o trabalho de
coordenação dos organismos envolvidos no
No Paraná, em grande parte dos 38 mu­ trabalho cie atender aos quase 85 mil desa­
nicípios atingidos pelas chuvas, o telefone brigados, a Telepar-Telecomunjcações cio
:eve papel fundamental nas comunicações Paraná S.A., ativou, em apenas (i horas, o
entre as autoridades municipais e os diver­ código 199 que foi operado, durante as en­
sos órgãos encarregados de prestar atendi­ chentes, pela Defesa Civil do Estado.
mento aos flagelados. Apesar de toda a solidariedade do povo
A cidade de União da Vitória foi a que brasileiro enviando dinheiro, agasalhos, rou­
mais sofreu com as inundações, chegando pas, sapatos, remédios e toda a espécie de
a ter 32 mil desabrigados durante os dias de mantimentos, a situação dos flagelados, em
Efeito das enchentes:
A g r a n d e
d a e c o n o m i a
Além do setor de telecomunicações,
outras áreas importantes para a econo­
mia dos Estados de Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e Paraná foram duramen­
te atingidas pela maior enchente do sé­
culo. Segundo o “Jornal do Brasil”, só na
agricultura os prejuízos causados pelas
chuvas intensas no Sul, desde dezembro
de 1982, foram calculados em quase Cr$
300 milhões. Na indústria, para recupe­
rar as empresas inundadas, o Paraná te­
rá que gastar Cr$ 48 bilhões, mas não
tem recursos: os “últimos trocados” fo­
ram para a juda de emergência aos fla­
gelados, segundo o Governador José Ri-
cha; em Santa Catarina, 64% do parque
industrial — 6 mil 984 das 10 mil e 700
indústrias — foram afetados.
Para recuperar estradas estaduais,
municipais e federais, Santa Catarina
precisará de Cr$ 55 bilhões. Antes das
enchentes de junho-julho, o Governo do
Paraná calculava que seriam necessários
12 bilhões e 500 milhões em reparos na
malha rodoviária. Depois, os primeiros
cálculos indicam que, só nas rodovias es­
taduais e municipais, os prejuízos são de
Cr$ 10 bilhões e 500 milhões.
Mesmo com grandes perdas agríco­
las — as águas destruíram a expectativa
de grandes safras — economistas da
Fundação Getúlio Vargas (FGV) afir­
mam que os danos maiores ocorreram
nas chuvas de maio deste ano, quando
era fase de colheita. Julho é período de
entressafra e os agricultores plantam pa­
ra ajudar a recompor a terra.
Porém, os números fornecidos pelos
agosto passado, em algumas regiões atingi­
das pelas enchentes, continuava calamito­
sa. Infelizmente, segundo noticiário de jor­
nais, rádios e televisões do Rio e São Pau­
lo, nem todas as doações chegaram ao seu
destino. Um dos exemplos está no SOS pe­
dido por um funcionário da Prefeitura de
Porto Vitória (PR) comunicando, através de
um rádio monocanal instalado pela Telepar,
que cerca de dois mil flagelados estavam
passando fome.
Nas regiões de Santa Catarina, Rio (bran­
de do Sul e Paraná atingidas pelas enchen­
tes, as águas arrastaram anos de trabalho,
mas não a fibra de seu povo. No setor de te­
lecomunicações, por exemplo - um dos
mais modernos e eficientes do país -, diri­
gentes e empregados estão construindo tu­
do de novo.
p e r d a
n o Sul
governos estaduais assustam: Santa Ca­
tarina, quinto produtor de alimentos do
país. perdeu 1 milhão e 130 mil tonela­
das de cereais, da produção estimada em
3 milhões 970 mil toneladas. Neste Es­
tado, o feijão e o milho foram os mais
atingidos: 1 milhão 860 mil toneladas de
milho previstas para este ano se perde­
ram e será necessário importar 1 milhão
de toneladas, principalmente para nutrir
o rebanho suíno (1.° do país) e salvar a avi­
cultura (Santa Catarina é o 2? Estado
criador do Brasil).
No Paraná, a quebra de 260 mil tone­
ladas de feijão e 143 mil toneladas de ba­
tata vai afetar seriamente o abastecimen­
to dos grandes centros consumidores:
Rio e Sào Paulo; possivelmente fazendo
voltar as grandes filas para a compra des­
ses cereais nos supermercados como as
ocorridas em 1981. O Paraná vai ter que
importar milho, pois perdeu 750 mil to­
neladas (SC perdeu 860 mil e o Rio Gran­
de do Sul, desde dezembro de 82,400 mil
toneladas). •
A soja gaúcha também foi duramen­
te atingida: 1 milhão e 200 mil toneladas
se perderam. A fabricação de óleo de soja
dependerá do interesse das indústrias errí
abastecerem o mercado interno: o Rio
Grande do Sul perdeu 300 milhões de dó­
lares por não exportar 600 mil toneladas
de soja e um volume ainda não qualifica­
do de farelo/
Tudo isso pode ser considerado como
uma grande ironia da natureza ao casti­
gar o Brasil: Seca (há 5 anos) no Nordes­
te e enchentes no Sul. 'W