Page 16 - Telebrasil - Setembro/Outubro 1983

te era o único meio de chegar ao topo de um

morro para salvar uma antena ou equipa­

mento de rádio.

Nem mesmo nos momentos mais críti­

cos, quando Blumenau estava quase sub­

mersa, os telefones emudecerarrítotalmen-

te. Dos 14.300 terminais da cidade, cerca de

4.000 continuavam a funcionar. E os que fi­

caram paralisados foram motivados pela en­

trada de água na rede, quando a energia elé­

trica foi desligada para evitar riscos de vi­

da, deixando assim que a água penetrasse

na rede pressurizada. A pouco mais de 90

km acima de Blumenau, Rio do Sul enfren­

tava problemas idênticos. A Telesc, ali, te­

ve todo o equipamento de transmissão sub­

merso, inutilizando 300 canais de transmis­

são que atendiam a região, composta de 18

municípios. A Central Tandem que faz o

O presidente da Telebrás, Alencastro e Silva, ouve do governador Esperidião A m im e do presidente da Te­

lesc, Douglas de Mesquita, o balanço dos prejuízos causados às TC s no Estado de Santa Catanna.

Em plena recu p eração Em Itaqui, talvez o caso mais grave dos

gaúchos, a central telefônica da CRT-Com-

Até meados de agosto, ocasião em que panhia Riograndense de T elecomunicaçòes

esta reportagem estava sendo redigida, a foi invadida pelas águas que penetraram até

Telesc informava que, com excessão de uma altura de 60 centímetros, segundo o en­

Laurentino, onde por precaução a central te­ genheiro Antonio Luiz Pereira, chefe da Re­

lefônica foi desmontada e retirada do prédio, gião Operacional Oeste. Ele explicou que os

os trabalhos de recuperação de todo o sis­ funcionários tiveram que levantar os equi­

tema estão praticamente terminados. pamentos — especialmente baterias e reti-

Na cidade de Blumenau, os serviços te­ f icadores — para escapar das águas, fato es­

lefônicos estão normalizados e os defeitos te que permitiu que o sistema de comunica­

atualmente apresentados são os de rotina. ções fosse mantido durante todo o período,

Agora, os trabalhos estão mais concentra­ com apenas três interrupções para estas

dos no Alto Vale do Itajaí. Os telefones tam­ manobras.

Funcionários da CRT, em Itaqui (RS), tentando re­ bém já voltaram a funcionar em Lontras e — Na verdade o pesadelo para os gaú­

cuperar as baterias parcialmente submersas. Laurentino e os de Rio D’Oeste e Agronô­ chos começou no início de julho — lembrou

mica já estão sendo concluídos. Apenas o Antonio Luiz Pereira. Ventos de até 140

município de Taió, um dos mais atingidos km/h e chuvas fortes acabaram causando

pela cheia, continua com um Posto de Ser­ grandes estragos nas cidades e no campo.
trânsito destas localidades também foi se­ viço funcionando para o atendimento daque­ No dia 5 de julho, por exemplo, um for­

riamente atingida e a rede local talvez a mais la comunidade. Também já estão concluídos te temporal deixou 77 localidades do Rio

afetada de todas as cidades inundadas.
os trabalhos de recuperação dos serviços te­ Grande do Sul sem comunicações telefôni­

Edificações, rodovias, postes, sistema lefônicos de Rio do Sul, onde durante 4 dias cas. A partir daí, mesmo com o tempo ins­

viário interno, hospitais, escolas, serviços a central deste município esteve submersa, tável, teve início a recuperação das linhas te­

públicos de modo geral foram violentamente com a água atingindo a quase dois metros lefônicas que foram sendo liberadas graças

danificados pelas enchentes. Segundo o Co­ de altura. Muita lama foi retirada de dentro ao trabalho intenso dos técnicos e engenhei­

mando da Polícia Militar de Santa Catarina, do prédio, o que dificultou a operação de re­ ros da CRT.

o número de mortos em conseqüência das paros dos equipamentos. O presidente da empresa, eng.° Carlos

inundações chegaram a 56, além dos desa­ A Telesc, até o momento, ainda não cal­ Aristides Magnus, informou que os prejuí­

parecidos. Muitos corpos foram enterrados, culou totalmente os prejuízos sofridos com zos da CRT, num levantamento preliminar,

em covas provisórias, nas cidades de Canoi- as enchentes, preocupando-se primeiro em foram em tomo de 158 milhões de cruzeiros,

nhas, Blumenau, Itajaí, Três Barras, Rio do restabelecer o sistema de telefonia a nível resultante da recuperação de 47 rádio-enla-

Sul, Videira, Petrolândia, Chapecó, Gaspar, estadual, para que a economia catarinense ces, de 480 quilômetros de linhas físicas do

Joaçaba, Lacerdópolis, Mafra, Porto União, não viesse a sofrer ainda mais com a falta de sistema interurbano e de cabos telefônicos

São Domingos, Caibi, Xanxerê, Curitibanos, comunicação com outros Estados. de assinantes urbanos e de estações de mi­

Itapiranga e Coronel Freitas. croondas, além das despesas com transpor­

Enquanto isso, dirigentes e empregados tes, estadas e diárias de pessoal.

do Sistema Telebrás solidarizavam-se com No Rio G rande do Sul Apesar de tudo, Carlos Magnus conside-

seus irmãos do Sul. A Embratel, a Telerj,

a Telesp e a CTBC/SP enviaram equipes Com o auxílio de carros anfíbios do Exer­

técnicas, médicos e enfermeiros, além de ca­ cício e de aviões da Base Aérea de Santa

minhões carregados de toneladas de roupas, Maria, que ajudaram a transportar o pessoal

agasalhos, remédios e mantimentos para os e material de reposição do sistema telefôni­

flagelados do Sul do País. A Telesp, por co, as cidades de Itaqui, Uruguaiana e São Em União da Vi tona (PR),
técnicos da Tclcpar não
exemplo, enviou 23 veículos e 78 funcioná­ Borja foram as mais atingidas pelas enchen­ mediram esforços para npar :r

rios, entre instaladores, reparadores, puxa­ tes no Rio Grande do Sul. O rio Uruguai es­ os cabos telefônicos. duranU as

dores de cabo, emendadores e ajudantes pa­ palhou-se em alguns locais até 15 quilôme­ enchentes que castigaram aqucli

ra Blumenau, Joaçaba e Rio do Sul, tros fora de seu leito. município