Page 34 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983

nicações em setembro de 1980 e hoje se or­ je ternos a maior fábrica de telefones da

gulha de já ter produzido 1 milhão 300 mil América Latina”. Somente na área de tele­

telefones, ou seja, em três anos comerciali­ comunicações, a Gradiente faturou, em

zou mais de 15 por cento da planta total ins­ 1982, Cr$ 5 bilhões. E as expectativas são

talada no País. “Esta é a nossa resposta. Co­ maiores. O trabalho de base no mercado ex-

locamos no mercado três vezes mais do que temo começou no ano passado, utilizando em

0 gerente geral de telecomunicações a reserva que nos foi concedida”, argumen­ seus telefones a marca Garrard, internacio­

anunciou os novos produtos que estão em fi­ ta De Bonis, referindo-se às críticas dos de­ nalmente conhecida. Os aparelhos já foram

nal de desenvolvimento pela Gradiente: sev­ mais fabricantes de aparelhos em relação à registrados e homologados nos Estados Uni­

ere tá riá eletrônica, telefone sem fio e o já Portaria 203 do Ministério das Comunica­ dos, Inglaterra, França, Colômbia, Chile, Ar­

pronto e, em fase de lançamento, o telefone ções, que deu à Gradiente uma garantia de gentina, Venezuela, Uruguai e México. No

totalmente eletrónico. Éste último é conside­ mercado de 600 mil aparelhos a disco em três México, o Grupo IGB abriu a Gramex Tele-

rado um aparelho universal, capaz de subs­ anos, sendo 200 mil por ano. Quanto aos te­ comunicaciones, uma fábrica de aparelhos

tituir qualquer outro, a disco ou a teclado, lefones a teclado, a portaria inclui a partici­ que funciona no prédio da Gradiente-Áudio.

com maior confiabilidade e menor custo. pação de mais duas empresas brasileiras, a Os aparelhos começaram a ser exporta­

Além de deter, atualmente, 50 por cento Daruma e a Icatel. A Gradiente forneceu dos para os Estados Unidos, Chile, Argen­

do mercado de aparelhos da Telebrás, a Gra­ com exclusividade, até setembro de 1982, e, tina, Urugyai, Venezuela e França, totalizan­

diente se apoia no mercado secundário (lo­ a partir daquela data, as duas empresas tam­ do 30 mil unidades. “O mercado internacio­

jas) para escoamento de sua produção, on­ bém passaram a participar da reserva, que nal está conturbado, mas temos preços para

de vem se mantendo na liderança, com a fa­ vai vigorar até setembro de 1984. Em rela­ competir. Estamos intensificando os conta­

tia de 70 a 80 por cento do mercado. “Nós ção ao telefone a disco, a reserva da Gradien­ tos, principalmente nos Estados Unidos, on­

aproveitamos a rede de distribuição da Gra­ te foi de setembro de 1980 a janeiro deste de está ocorrendo um boom de aparelhos". A

diente em áudio, com mais de 1.200 pontos ano, quando todas as empresas puderam participação em feiras internacionais é item

de venda em todo o País e investimos maci­ participar das concorrências. importante na divulgação dos produtos.

çamente em propaganda — só no lançamen­ “A reserva, na área de telecomunicações, “Quando apresentamos nosso telefone na

to do Piccolo e do Memofone aplicamos Cr$ não existe só para aparelhos e vem sendo fei­ Telecom de 1979, ainda em fase experimen­

200 milhões em publicidade”, revelou De ta até para as empresas nacionalizadas, em tal, recebemos 80 consultas. Agora, com o

Bonis. áreas como a das teleimpressoras e CPAs, produto testado e industrializado, vamos vol­

tar à Telecom para sair com novos contratos.

A exportação é um trabalho a longo prazo,

pois há saturação do mercado internacional

e falta de tradição do Brasil como exporta­

dor de telefones”, explicou.

A crise econômica brasileira representa

para a Gradiente um desafio que a empresa

procura enfrentar através da motivação do

mercado secundário, que independe do Sis­

tema Telebrás. “A curto prazo, o que a Tele­

brás deixou de comprar não será absorvido.

Mas a longo prazo, a venda nas lojas poderá

desafogá-la do compromisso de absorver a

produção de telefones e permitir que as com­

panhias telefônicas desloquem seus investi­

mentos para o básico, que é o aumento de ter­

minais. Este é um mercado de imenso poten­

cial. como está sendo comprovado nos Esta­

dos l nidos. E por que o brasileiro vai trazer

de Miami o telefone sem fio ou a secretária

Modelo 7tt DC/BC equipãdo com controle de volume no braço da cápsula; a pequena enare à eletrônica? Nós podemos produzi-los aqui.

dbvila bloqueia a discagem sem interromper as chamadas de tora Tudo que estiver na ponta da linha, a Gra­

diente vai produzir”

1 Teço é outro item importante, para en­

Resposta às Críticas por exemplo. E o nosso sucesso pode ser frentar a crise. Quando a Gradiente iniciou

comprovado também no mercado .secundá­ a produção do telefone-padrâo a teclado seu

rio, que passamos a liderar apesar da gran­ custo era maior do que o aparelho a disco,

“Nossas campanhas procuram formar de concorrência. Aí é uma questão de ser com a previsão de que em cinco anos (em

um novo hábito no consumidor, para que ele mais agressivo. A marca Gradiente teve um 1985) o preço seria igualado. E a meta foi

saia de casa para comprar um telefone. An­ peso grande no processo de comercialização atingida este ano, superando as expectativas.

tes de 1980, o aparelho só era fornecido pe­ nas lojas, pois já tínhamos a preferência do O preço tende a baixar ainda mais. “Com o

las companhias telefônicas. Informamos aos público pelos nossos produtos”. novo telefone, totalmente eletrônico, pode­

usuários que existe uma portaria do Mini- Segundo o gerente geral de telecomuni­ remos obter um custo 20 por cento menor,

com que permite a cada assinante ter três ex­ cações da Gradiente, a política do Ministé­ nos telefones a teclado, e 15 por cento a me­

tensões, que podem ser instaladas por ele rio contribuiu, “sem dúvida”, para o desen­ nos, nos aparelhos a disco”, explicou De

mesmo. E também buscamos tornar o tele­ volvimento desta área na empresa, “pois nos Bonis.

fone um bem de consumo, que aumenta o deixou fora da concorrência predatória, co­ Voltando à reserva de mercado De Bonis

conforto da casa, em locais onde geralmen­ mo a que ocorreu no início deste ano, cmn o concluiu: “O que vai ocorrer em setembro de

te não se conta com ele, como cozinha, quarto telefone a disco. A reserva faz parte de um 1984, quando cessar a reserva? Tudo o que

ou banheiro. Com isso, tivemos resultados processo de desenvolvimento de produtos a Telebrás ganhou e poderia economizar fu­

expressivos, pois telefone já está fazendo realmente brasileiros, fabricados e comercia­ turamente — de acordo com dados do Minis­

parte de listas de presente, em lojas”, co­ lizados no Brasil. Então, por que distorcer es­ tério da Indústria e Comércio o Brasil per­

mentou. se objetivo? A empresa brasileira é capaz. de atualmente 500 milhões de dólares por

Essa est ratégia de marketing começou a Desenvolvemos um produto tão bom que as falta de padronização — vai por água a bai­

ser adotada pela Gradiente desde que ingres­ multinacionais que o criticaram estão que­ xo. E preciso que se continue a incentivaras

sou no mercado de telecomunicações. A em­ rendo produzí-lo”, enfatizou De Bonis. empresas genuinamente brasileiras, pois

presa sentia que as companhias telefônicas Ao investir em telecomunicações, a Gra­ não adianta nacionalizar as empresas estran­

deixariam gradativamente de comprar apa­ diente tinha em mira um objetivo: liderar. geiras, se a dependência tecnológica conti­

relhos devido aos limites de investimento. “Poderíamos ficar acomodados na reserva nua importada. Seria abrir mão de algo du

A Gradiente iniciou a operação telecomu- de mercado, mas resolvemos crescer. E ho­ ramente conquistado”. '¦