Page 33 - Telebrasil - Novembro/Dezembro 1983
P. 33
tóncia em locais como padarias, residências,
cerralherias, açougues e escritórios.
‘ Esse duro teste de campo durou dois anos
_ 1978 a 1980 — e era condição funda
mental à homologação dos aparelhos Gra
diente. "Os resultados foram os melhores
possíveis. Os aparelhos passaram por um
completo acompanhamento dos desvios e ca
da defeito que surgia merecia uma análise.
No final do processo atingimos os menores
índices de defeitos entre os telefones já fabri
cados no Brasil: dois defeitos a cada 1.000
aparelhos. Com o telefone padrão procura
mos reduzir o ofensor aparelho, tomando-o o
mais confiável possível", informou De Bonis.
Hoje, a fábrica de telefonia da Gradien
te, em Manaus, ocupa sete mil metros qua
drados e tem capacidade para produzir 5.400
telefones/dia. Lá estão os 400 empregados
voltados para a área de telecomunicações. A
superintendência comercial fica em São Pau
lo, e os novos produtos são desenvolvidos no
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, com Em Manaus, o
sede em Osasco. Com isso, a Gradiente Ele complexo industrial da
trônica aplica a sua flexibilidade de desen Gradiente ocupa a
volvimento e comercialização também na área de 47 mil metros
área de telefonia. quadrados e emprega
3.500 pessoas.
Novos produtos
D e p a i p a r a f ilh o , u m a t r a d iç ã o d e s u c e s s o A partir do telefone-padráo, a Gradiente
desenvolveu novos recursos, capazes de aten
der a diferentes necessidades dos consumi
Tudo começou em 1927, quando o suí diente, com sede na Avenida Santo Ama dores. Um deles é o telefone com recepção
ço Émile Staub chegou a São Paulo, on ro, São Paulo. A fusão com a Staub Ele amplificada, equipado com controle de vo
de fundou uma pequena importadora na trônica deu origem ao Grupo IGB — In lume da cápsula receptora, instalado no mo-
ma Santa Efigénia, tradiciona] na venda dústrias Gradiente do Brasil, que inten nofone. Esse aparelho é indicado para insta
de componentes eletrônicos. Émile teve sificou as atividades na área de áudio. lação em locais com grande ruído ambien
dois filhos, Richard e Eugênio — atuais Dois anos depois. Eugênio partiu pa tei (fábricas, por exemplo), e para deficien
vice-presidente e presidente do Grupo ra um empreendimento arrojado: a ins tes auditivos. Outra variação do modelo pa
Gradiente — que sempre seguiram a talação das fábricas em Manaus, aprovei drão apresenta bloqueador de chamadas in
orientação do pai, um selfnuide man de tando as vantagens oferecidas pela Zona corporado ao aparelho (built-in), e é o primei
grande visão empresarial Desde peque Franca, em termos de isenção de impos ro deste tipo no Brasil.
no, Eugênio já demonstrava forte inclina tos. Começou assim a nascer o maior gru “Sempre confiando na capacidade de de
ção para negócios. Aos 14 anos, resolveu po da indústria eletrônica do Brasil, com senvolvimento da nossa tecnologia, financia
passar as férias escolares na loja do pai capital 100 por cento nacional, o sétimo da só por capital genuinamente brasileiro”,
e de lá nunca mais saiu. Passou em pri fabricante de telefones do mundo, .e que como frisou De Bonis, a Gradiente desenvol
meiro lugar no vestibular da Escola de agora se lança, “para liderar", no merca veu outros aparelhos. Um deles é o Piccolo,
Administração, da Fundação Getúlio Var do de videojogos, através da marca Ata- na linha dos telefones compactos, cujo desen
gas, onde concluiu o curso em 1964. ri. Para Eugênio Staub, seu presidente, volvimento levou em conta “tudo o que o con
As ligações com fábricas de aparelhos 41 anos, a palavra crise pode ser, tranqui sumidor reclamou dos minifones lançados
de som fez com que a pequena lojajiros- lamente, substituída por desafio. E isso anteriormente no Brasil”. Robusto, o Picco
perasse. No início dos anos 60, Émile ele aprendeu com o pai, Émile Staub. lo tem concepção totalmente eletrônica (com
Staub resolveu diversificar suas ativida cápsulas dinâmicas, para melhor recepção),
des e passou a fabricar seletores de canais teclado de curso curto e teclas de sigilo e de
de TV. Era a época da multiplicação no memória, permitindo ainda a sua instalação
País das fábricas de televisores, um mer em parede, com suporte apropriado. Dois
cado em expansão devido ao interesse ge meses após o lançamento, em maio, ele já se
ral de substituir as importações de com tornava um campeão de vendas, cõfti 35 mil
ponentes. A idéia, que tinha tudo para dar unidades comercializadas”, garantiu De
certo, partiu de Eugênio, que convenceu Bonis.
o pai a adquirir as primeiras máquinas da Outro modelo — considerado a segunda
indústria que surgia, numa pequena fer- geração de telefones com teclas — é o Mcmo-
ramentaria paulista. A Staub Eletrônica fone, também uma variação do padrão. O Me-
prosperou, chegando a vender seus pro rnofone permitiu arquivar em memória dez
dutos para todos os fabricantes de televi números que podem ser utilizados a qual
sores da época. quer momento ou então substituídos por ou
A chegada das empresas japonesas tros. O primeiro telefone brasileiro com me
na área de televisores, no final dos anos mória foi desenvolvido para o mercado-na
60, levou a família a pesquisar um novo cional, isso porque uma pesquisa revelou que
ramo, o som. E Eugênio, em 1971, resol o usuário brasileiro faz, habitualmente, de oi
veu comprar outra empresa, voltada pa to a dez chamadas diárias para os mesmos
ra a fabricação de amplificadores de 20 números. Já no lançamento, a l.° de agosto
watts, que havia sido criada em 1964 por último, ele se tornou um sucesso, com as pri
quatro estudantes de engenharia, a Gra- meiras oito mil unidades totalm ente
vendidas. +
Teiebrasii. Novembro / Dezembro 83