Page 68 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983

ber. De modo que me parece que este é o uma moratória unilateral ou de um clu­ de se alçarem à posição que hoje alcan­

grande problema que nós deveríamos be de devedores, sejam idéias que de­ çaram.

como sociedade enfrentar em primeiro vam ser adotadas necessariam ente Não é portanto a dívida externa

lugar. como um todo. E por que? Uma mora­ aquilo que asfixia o país, na medida em

E por que eu coloco o problema da in­ tória unilateral é algo que aos poucos que houver um resultado efetivo in­

flação e não o da dívida externa em pri­ nós vamos tomando conhecimento de terno, de credibilidade grande, no sen­

meiro lugar? Porque eu acredito que seus efeitos. Quem pagaria a conta do tido de reduzir a inflação. Uma linha de

esta última passou a ser um problema satélite ou do combustível dos aviões da moderação no crescimento de preços, no

de ordem política, que afeta a macro e a Varig, nos vários lugares aonde pousas­ crescimento da própria inflação permi­

microeconomia das instituições finan­ sem, sem falar no financiamento de nos­ tirá certamente uma ação externa que

ceiras dos países desenvolvidos que vi­ sas exportações, quando acabar o cré­ nos dará alívio para que nós possamos

vem também os problemas da dívida ex­ dito em dólares? A moratória é isto — a ter uma parcela de nossas exportações

terna dos países do 3." mundo. Ao imagi­ suspensão das linhas de crédito. E o que destinadas à amortização da dívida, do

narmos que se trata de um problema acontecerá com o Projeto 3, que até hoje principal e dos juros. Esta é a visão nas

político, me parece que as linhas de ação não se fechou, no momento em que se de­ discussões que tenho mantido antes de

e as coordenadas para a ação, ao tratar­ terminar que estamos numa moratória investir nas empresas, no sentido de

mos da dívida externa, devam ser muito unilateral? perceber o Brasil como uma opção e

mais com ênfase na linha política do que Esses fatos me parecem suficiente- como uma viabilidade clara.

na econômica. mente im portantes para levar-m e a Eu queria deixar para meditação dos

Eu acentuo a linha política pelo peso uma posição, de que o Brasil com o peso srs. a formação de uma equação nova,

e relacionamento que os organismos in­ específico que tem, com a ação política onde esses dados pudessem ser somados

ternacionais — e estamos falando aqui que pode desenvolver, que ele deve se dando-nos, em média, uma visão realís­

em Banco Mundial, BID, FMI e do pró­ antecipar numa negociação para que se tica deste país. O Brasil não está conde­

prio Banco de Compensações Interna­ dê tempo ao tempo, para que possamos nado à falência, não está condenado a

cionais, e do Clube de Paris — já dis­ pagar a nossa dívida. parar o seu desenvolvimento. Do ponto

põem na manipulação e no tratamento Quanto à idéia de um clube de deve­ de vista da indústria privada estamos

da dívida externa e aonde vamos encon­ dores, esta solução me parece de uma preparados a acompanhar os passos da­

trar mecanismos internacionais que singeleza formidável, pois nós iremos dos pelo setor público, no sentido de con­

permitam um tratamento diferenciado nos sentar à mesma mesa com o México tinuar o desenvolvimento. O ámmo é

a um país que, por maior que seja a sua e a Venezuela, cuja posição quando a que talvez está baixo, na área de negó­

dívida, representa o 15." em termos de OPEP levantou os preços de petróleo cios ou na área privada, mas olhando

comércio mundial, com um total de 40 nas últimas vezes, não foi certamente de para trás, para 1955, isto nos permite

bilhões de dólares de exportação e com o apoio ao país. que sejamos otimistas, pois transforma­

peso dos investimentos estrangeiros Na verdade, não estamos explorando mo-nos de um pais com horizontes ex­

nele efetuado. a grande capacidade brasileira de rene­ tremamente apertados — exportador de

f
E importante então que o Brasil se gociar com prazos diferentes e inovati- produtos primários e de matérias pri­

recoloque novamente como um centro vos esta dívida, que todos nos sabemos mas para uma posição económica do

estratégico numa posição política e eco­ pode ser paga e vai ser paga. A história mesmo tamanho e devendo ainda menos

nômica importante, como um pais que nos mostra que outros países como os do que o Canadá.

tem um mercado em desenvolvimento, e Estados l Inidos que, já foram os maiores Temos certeza que nós somos maio­

que tem inclusive condições de pagar a devedores do mundo, conquistaram o res de que nossos problemas e não temos

sua dívida. Nós não podemos imaginar, direito de fazer sua infra-estrutura com certam ente outra destinaçáo do que o

nem deixar aqui que as idéias fáceis de dinheiro emprestado dando condições desenvolvimento e o progresso.

Debate III

O que é empresa nacional, a conver­ e o Diretor Comercial da Ericsson, José negociações havidas entre o Brasilin-

gência entre TCs e Informática consti­ Frederico Falcão. vest, a NEC e a Sesa.

tuíram a primeira parte da palestra de Tomando a palavra, disse Mário fiar-

Mário Garnero sobre o tema " As Teleco­ Telerj não fica sem equipam ento nero que, quando do inicio das negocia

municações e a Indústria" Com uma ções mencionadas, desenvolveu-se um

visão otimista sobre o futuro do país, O presidente Souto Jorge abriu o de­ nítido conflito entre as posições da Stan­

destacando a inflação e a dívida interna bate afirmando que o setor das teleco­ dard e da NEC, levando o grupo a ter

como os males maiores da economia, su­ municações está contribuindo para o de­ que escolher entre uma fusão entre >

gerindo um novo equacionarnento para senvolvimento do país, inclusive aju­ duas empresas e a consequente reduçá1

os problemas de hoje, seu pronuncia­ dando o Governo, porém desejava ser de 3 mil empregos na área do Rio ou

mento gerou amplo debate entre os par­ mais específico trazendo sua preocupa­ tornar a Sesa viável pela transferência

ticipantes. Compuseram a mesa dos de­ ção relativa à continuidade do forneci­ de "certos ativos e passivos para n res­

bates, além do conferencista, o consul­ mento de equipamento de comutação ponsabilidade da NEC. A solução n

tor-jurídico do Minicom, Hélio Estrella, eletro-mecânico da Standard, face às tica encontrada — acrescentou fiarm”.