Page 64 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983
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saber o que é produtividade, a fim de
tes e que educar os líderes sindicais é m elh o rar sua posição; o empresário
um processo que precisa ser feito.
sabe o que é produtividade e este fator
não deve ser escondido ao trabalhador”,
Conceitos diferentes
E m ais adiante: "Patrão e empregado
não devem ser inimigos; podem ter in
Por sua vez, Arno Traeger, presidente
da CTBC (Borda do Campo), distribuiu teresses conflitantes, mas não sáo ini
entre lucro e produtividade; o primeiro é migos; a produtividade é um mecanismo
resultante da aplicação do capital e sua real ainda que imperfeito, mas abre o
participação é uma questão de opção do caminho para a negociação; se os nú
detentor do capital e não do empregado; meros são demagógicos a culpa náo é da
lei, mas das duas partes — a empresa
em contrapartida tem que se melhorar a
remuneração do trabalhador. Para Tra devia fornecer informações ao sindicato
eger querer fixar produtividade por lei e este à empresa num clima de negocia
não é possível; falta o elemento de pla ção; a aplicação do sistema pode ser
nejamento pelo qual se possa vislum ainda imperfeita, mas temos que avan
brar a real participação da mão-de-obra çar para não ficarmos sempre com as
no aumento do resultado da organiza nossas imperfeições”.
ção; a produtividade não pode ser incor Nelson Souto Jorge, presidente da
porada à remuneração, devendo se dis Telerj, interveio novamente para reafir
sociar a primeira da segunda. "Devemos abandonar a palavra m ar que sua em presa tem rentabili
O representante do Ministro Murillo produtividade e voltar à velha dade, e acrescentou: "Largamos uma
Macedo não concordou com a tese apre participação nos resultados, que é algo coisa que estava dando certo e estava ar
sentada por Arno Traeger. E justificou: que o trabalhador e n t e n d e a f i r m o u raigada na população — a participação
"O capitalismo é constituído por dois fa nos resultados — e mudamos. Como ex
Nelson Souto Jorge, presidente da
tores básicos: o capital e o trabalho. plicar ao Sindicato dos Empregados em
Existe o conflito entre os dois lados. Os Telerj. Telecomunicações que a Light, que per
capitalistasjustificam que toda a produ tence à área de eletricidade, concordou
tividade vem do capital e os trabalha em conceder 37c de produtividade para
dores afirmam que a produtividade de acrescentou: "Os números que medem a seus empregados e o setor de TCs, reco
pende do trabalho, dos insumos, da produtividade são mais ou menos dema nhecidamente produtivo, recebeu zero
mão-de-obra”. Para Ramonaval não se gógicos e não são baseados, na reali por cento? — perguntou Souto Jorge.
pode ignorar o componente trabalho; é dade, em cálculo algum”. Bandeira de O representante do Ministro Murillo
necessário enriquecer um pouco a po Mello disse, ainda, que os conceitos teó Macedo respondeu que era um proble
pulação para que haja consumidores c, ricos são muito bonitos, mas de difícil ma controverso, mas havia de ficar claro
em consequências, o fortalecimento do aplicação. que e um problema de distribuir o que
próprio capitalismo; a produtividade Ramonaval respondeu que a idéia da foi produzido. E finalizou: "É um proble
deve ser levada em consideração de uma produtividade rompe com uma série de ma de distribuição de renda, é um pro
maneira menos imposit iva de como esta outras coisas que têm de ser mudadas. E blema político que náo pode ser resol
sendo interpretada na lei, que não obri enfatizou: "A caixinha da produtividade vido sim plesm ente por técnicos, mas
ga a incorporação da produtividade ao que existe para o empresário tem de ser que envolve m uita negociação entre o
salário, mas sim aquilo que for negocia extendida ao trabalhador. Este tem que capital e o trabalho”. Y
do; negociar, portanto, é a palavra-cha
ve entre os fatores capital e trabalho,
disse Ramonaval. Para fazer frente ao
problema da incorporação da produtivi
dade ao salário no caso de oscilações pos
teriores adversas poder-se-ia recorrer a
um sistema de bonus que podem aumen
tar ou diminuir, dependendo da conjun
tura econômica; o Governo acha que isto
também seria uma área para nego
ciação.
Sindicalismo forte
Gustavo Bandeira de Mello, do Minis
tério das Comunicações, observou que a
negociação para funcionar é necessário
a existência de um conjunto de forças
mais ou menos equilibradas entre o tra
balho e o capital — uma administração
sadia, um governo coerente e um sindi
calismo forte; ele acha que a produtivi
dade é de difícil avaliação e a idéia de O Ministro Haroldo Corrêa de M attos em conversa inform al com o presidente da
negociação não é muito objetiva. E Telebrás, Gen. Alencastro e Silva, no hall do au d itório do M inicom , em Brasília.
Telebrasll, Julho Agos';'