Page 71 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983
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0 encontro de dois ex-Ministros das Comunicações: Corsetti e Quandt de Oliveira.
fica pesquisar o que o mercado deseja nado momento. O fundamental é que a para cada dólar exportado. Este seria
comprar e como a distribuição é feita. inflação gera o desemprego. sob forma de um aumento na participa
Depois é só concentrar esforços na estra ção do mercado interno brasileiro.
tégia escolhida. Exportar não é fácil , Na opinião de Garnero a situação de
Citando números, Garnero disse a pende um pouco da ação do Brasil junto
propósito que o comércio Brasil-EUA é O Brasil tem procurado exportar a esses mercados, não acreditando — e
de cerca de 8 bilhões de dólares, para um para países vizinhos num modelo de co cita o caso da NEC — que viesse a ocor
total de 81 bilhões entre a América La mércio bilateral — disse Jacques Glaz, rer alguma limitação de venda lá fora.
tina e os Estados Unidos, ao passo que da Abinee, — que relatou a recente vi Isto porque se a NEC viesse a ter melho
nosso país representa 55% do produto sita de uma comitiva acompanhando o res condições de venda partindo do Bra
bruto da América Latina. Há certa Ministro Haroldo Corrêa de Mattos ao sil, também estaria de acordo que os
mente alguma coisa desbalanceada e Equador e Peru, firmando-se um início suprimentos saíssem daqui.
existe um campo vasto para reorientar a de convênio para o fornecimento de O importante agora é não perder to
indústria para aproveitar sua capaci equipamentos e serviços de telecomuni das as possibilidades que estão ofere
dade ociosa e gerar empregos. Existe cações para esses países, com um poten cendo, sabendo-se que só os países sub
também um campo para o aproveita cial de vendas estimado em 350 milhões desenvolvidos podem dar uma resposta
mento da indústria na substituição de de dólares para os próximos 2 a 3 anos. a curtíssimo prazo para atender à nossa
importações, gerando os mesmos resul Um dos problemas observados por demanda de exportação. O mercado do
tados positivos. Glaz é que se sente claramente, nos paí 3.° mundo é fundamental e deve ser ex
Uma terceira área a ser explorada é a ses visitados que há uma preferência plorado. Em certos países produtores de
utilização melhor da energia, que no pelas importações oriundas das matri petróleo teremos o que comprar. Em ou
Brasil é cerca de 50% menos competi zes de uma NEC, de uma Ericsson, ou de tros teremos que usar a imaginação, tal
tivo em termos de energia consumida. uma Siemens e, em conseqüência, o como o da complementação industrial.
Quanto ao desemprego, Mário Gar Brasil, apesar de naturalmente adap Uma coisa porém é certa: se não puder
nero foi taxativo: o combate a inflação tado por semelhança de língua, tropi- mos importar nada dos países sem pe
nâo gera desemprego, porque no sis calização de equipamentos, facilidade tróleo estaremos em sérias dificuldades
tema gradualista, até agora adotado, o de manutenção, operação e treinamento para explorar nossos produtt. É difícil
que se fez foi somar desempregos anual tem dificuldade em penetrar. Uma das que um grande mercado diversificado
mente, para taxas constantes de infla possibilidades — sugere o empresário — como o Brasil não possa importar peque
ção. Após 3 anos de gradualismo, o que seria exportar m aterial mesmo sob nas coisas que se fazem nesses países.
se observa é uma inflação acima de forma de componentes e a outra seria Falta uma decisão política para che
100% e um número de desempregados dar um incentivo às 4 ou 5 empresas que garmos a esse resultado, mas uma coisa
maior que se tivéssemos dado um "bre operam no mercado principal de TCs é certa — na opinião de Mário Garnero
que” concertando as coisas em determi brasileiras dando-lhe um incentivo, —: o caminho é exportar. if