Page 63 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983
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• idee constitui, hoje em dia. o principal porém, que os ganhos de eficiência, os moderno. Nenhuma tecnologia é neutra
lator de eficiência na produção agrícola, ganhos de produtividade sejam ratea do ponto de vista social e a moderna tec
industrial e de serviços. dos entre o lucro, o salário e o emprego. nologia das comunicações não foge à re
Na modernização da empresa e me E isso pode ser feito pela via da negocia gra. Entendo, porém, que ela constitui
lhoria da eficiência setorial, o que mais ção. Tudo depende de aumentarmos a um dos mais poderosos instrumentos de
nteressa é a incorporação de tecnologia sensibilidade de empresários, trabalha produtividade e, como tal, precisa ser
em clima de negociação. E isto que tem dor e governo para o assunto. adequadamente aproveitada por todos
orientado a conduta do M inistério do Neste ciclo de debates em que se co nós. E, para que as eventuais divergên
Trabalho sobre o assunto. O Ministério memora o Ano Internacional das Comu cias sejam atenuadas, devemos nos pre
nãoe contra a entrada da tecnologia que nicações desejo enfatizar, portanto, que parar para dar cada passo dentro de um
comprovadamente melhora a nossa efi- este setor constitui hoje em dia a fron clima democrático de negociação e diá
uíncia produtiva. O Ministério propõe, teira do conhecimento e a fronteira do logo.
resultados ou nos lucros. Para ele, a pro
dutividade é incorporada ao salário e is
so causa uma verdadeira balbúrdia.
Como exemplo, citou sua experiência
passada na Telebrasília, cujos emprega
dos tinham participação nos lucros da
empresa. Revelou também o caso do
Sindicato dos Empregados de Empresas
do Telecomunicações do Rio de Janeiro
que pediu 3% de produtividade e o Go
verno deu zero, ao passo que os empre
gados da Light ganharam 3% como uma
excessáo. Souto Jorge advogou a volta
do velho sistema de participação nos lu
cros.
Ramonaval Augusto Costa defendeu
a produtividade como conceito de mais
fácil compreensão comparando-a ao
INPC, que já caiu no domínio popular.
Ele acha que todo empresário tem à mão
os dados sobre o que gastou e o que pro
duziu; a introdução da produtividade na
lei salarial foi feita como base para ne
gociação; o empresário e o sindicato têm
de ter uma base para discutir o au
mento, além da correção da parcela que
"Negociar é a palavra-chave entre capital e trabalho” — disse Ramonaval Augusto foi perdida pelo aumento de preços — e
Costa ao explicar o âmago da Lei Salarial. Na mesa (E-D), Danton Nogueira, da esta base é a produtividade; critica o uso
Telebrasília, e Israel de Oliveira; da Telern. do lucro como base porque o mesmo pode
ser devido a fatores conjunturais e não
ligados a um aumento real da produtivi
O tem a '’As Telecomunicações e a dade, o qual é menos ilusório do que o lu
Produtividade” foi um dos mais polêmi cro para efeito de reajustes salariais; a
cos, criando um maior número de per idéia é que o trabalhador precisa até
guntas e interferências dos debate- mesmo ser ensinado a calcular a produ
dores. O representante do Ministério do tividade para poder negociar com o em
Trabalho, Ramonaval Augusto Costa, presário; os líderes sindicais devem re
respondeu a todos com objetividade. To ceber um verdadeiro banho de conheci
m aram parte da mesa Danton Eifler mentos para mostrar que para ganhar
Nogueira, presidente da Telebrasília; mais significa produzir mais; no Brasil o
Israel de Oliveira, presidente da Telern; que se sugere é diminuir o salário, mas o
e Ramonaval Augusto Costa, represen que deveria ser feito é aumentar a pro
tante do Ministro Murillo Macedo. dutividade, exigir mais do trabalhador
e fazer com que ele seja mais eficiente.
Participação nos lucros Por fim, disse Ram onaval Augusto
Costa que "a produtividade seria um
O debate foi iniciado pelo presidente motivo real para se dar participação ao
da Telerj, Nelson Souto Jorge, ao afir trabalhador nos lucros da empresa”.
mar que "a impressão que nós temos é Nelson Souto Jorge concordou, mas
que o nosso trabalhador não sabe o que é acha que, no Brasil, a realidade é bem
Bandeira de Mello: "Para que a
produtividade”. Ele vê os sindicatos outra.
negociação funcione na prática é pleiteiando percentuais absurdamente Ram onaval tam bém concordou,
necessário existir equilíbrio entre as distintos, mas ressalvou que os traba porém ainda acredita que a produtivi
forças do trabalho e do capital”. lhadores sabem o que é participação nos dade é um elemento dos mais importan- +