Page 66 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983
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o t i m i s t a d a c r i s e
Eu queria deixar na meditação dos srs. uma equação nova aonde dados
negativos e positivos possam ser somados dando uma visão realística do país
Resumo do pronunciamento de Mário que estão hoje no setor das TCs e que es
Garnero, vice-presidente da Confedera tarão ligadas ao processo das CPAs se
ção Nacional da Indústria e presidente jam candidatas naturais a um processo
do Brasilinvest. de desenvolvimento na área de informá
tica. O mundo caminha hoje para uma
Achei que talvez, neste momento, integração entre computador e comuni
fosse importante lhes dizer, depois de 4 cações e este será certamente o passo
anos envolvido no setor, como um em que o B rasil dará para manter-se no
presário se sente, como ele vê o futuro mesmo nível de desenvolvimento tec
das TCs. Como os srs. sabem, nós esta nológico que, hoje, indubitavelmente,já
mos vinculados à NEC do Brasil, temos temos.
hoje uma posição majoritária no capital Isto me faz levantar a questão de
ordinário. Temos ainda uma posiçáo mi como o exemplo daquilo que se passou
noritária no capital total da empresa, no âmbito do Minicom possa vir a ser
mas com uma opção de rapidamente utilizado por outros setores do Governo,
chegar a uma posição de maioria na to que também tem necessidade de definir
talidade de seu capital. o que seja uma empresa nacional. Esta
Essa associação se deveu a um início definição hoje não é apenas requerida
de atividade do Brasilinvest, quando em termos da empresa estrangeira que
primeiro se pensou na ação conjunta fei aqui quer se fixar, mas é também neces
ta com grupos brasileiros para abra "O Brasil nào está sária para o balisamento dos empre
sileirar a então Standard Eléctrica. condenado à falência e não sários nacionais para seus investimen
Quando eu falo no controle efetivo das está parando seu desenvolvimento, tos futuros.
empresas por grupos nacionais, eu falo pois olhando o caminho Parece-me que a definição daquilo
certamente na possibilidade da absor percorrido desde 55, isto que é empresa nacional hoje se aplica à
ção completa de tecnologia e na gestão permite que sejamos em presa cujo centro de decisão e in
completa do empreendimento que está fluência no controle da absorção e gera
spb o comando de capitais brasileiros. otimistas” , afirmou Mário ção de tecnologia sejam claramente de
Eu acredito que o B rasil tenha Garnero; em segundo plano: monstrados. Também me parece que ho
evoluído muito neste sentido. Iloje o epi J. F. Falcão, da Ericsson. je com todo o instrumental que o Go
sódio dos "testa-de-ferro” praticamente verno tem e com o debate da opinião pú
desapareceu da história brasileira. Vejo blica mais aberto, será facilmente de
que as empresas nacionais que estão Foi exatamente esta possibilidade de terminado o grau com que uma empresa
exercendo funções nas áreas da SEJ e da um país carente de capital, comprar com age realmente no sentido de.ter sua au
Telebrás têm o respeito do público e o pouco capital, empresas que eram in tonom ia, seu controle de desenvolvi
respeito do próprio Governo, porque es tensivamente utilizadoras do mesmo, mento, no país.
tão exercendo efetivamente uma posi que permitiu que o parque nacional se Ocorre que este exemplo leva a uma
ção de proprietárias e de gestoras do ne estabeleça em termos de uma completa conclusão: Se amanhã uma das empre
gócio dos que detêm a maioria do ca autonomia tecnológica. Não estou di sas abrasileiradas por capital majori
pital. zendo da completa autonomia tecnoló tário desejasse ingressar em mercado?
Acredito que não pairam dúvidas so gica, neste momento, mas o caminho que são apenas colocados para empresas
bre essa função da empresa nacional, certo é aquele que nós estam os tr i nacionais, como seriam determinados
desta função de alavancagem que foi lhando. os critérios de seu ingresso? Seria neces
concebida no sistema Telebrás ao per Nesta primeira parte eu narrei um sário, por exemplo, que a NEC do Brasil,
mitir que empresas brasileiras nacio pouco da experiência da indústria na sob controle de capital brasileiro, a fim
nalizassem as empresas estrangeiras. cional com a certeza de que há por parte de produzir computadores devesse ter
Evidentemente as primeiras não teriam desta uma posição de apoio àquelas re na margem esquerda da Via Dutra o
forças nem condições para pagar o capi gras básicas estabelecidas pela Tele mesmo grupo de técnicos que na outi
tal ou para tomar uma posiçáo direta na brás e pelo Minicom, no sentido de abra margem da estrada fazem os computa
compra de uma em presa como uma sileiraras empresas estrangeiras. Isto é dores CPAs? Seria necessário que elos
Ericsson, uma Standard, uma NEC ou importante de ser levantado num mo desenvolvessem sob o nome de um !
uma Siemens, se não tivesse havido es mento em que passam a ser definidas al nova ém presa — empresa então cha
sa alavancagem inteligente criada no gumas das posições futuras como conse- m ada autenticam ente nacional — os
âmbito do Sistema Nacional de Teleco qüência deste passo dado. mesmos produtos que nós hoje estamos
municações. Acredito que m uitas das empresas fazendo na NEC do Brasil, onde temos