Page 62 - Telebrasil - Julho/Agosto 1983

t r a b a l h a r m e l h o r

n a o t r a b a l h a r m a i s

A grande cruzada que se impõe no Brasil de hoje é a

de se reconstruir ou construir um sadio sentimento de comprometimento

nacional e a operação de incentivos específicos para aumentar a produtividade

Resumo da palestra do Ministro do Tra­ leg islad o r pretendeu, inteligente­

balho, Murillo Macedo, lida por Ramo- mente, que os adicionais de salário —ou

naval Augusto Costa, diretor do Dep. de seja, o ganho real — deveria ser baseado

Cargos e Salários do MTb. no ganho de produtividade. Porque

isso? Porque esse ganho reflete acu­

mulação de riqueza; é excedente que

Produtividade é um dos mais urgen­ pode ser distribuído. Tentar-se distri­

tes imperativos dos dias de hoje. His­ buir o que não se ganhou é ilógico, e do

toricamente, e ainda mais na atuali­ ponto de vista econômico é correr risco

dade, a produtividade desempenhou e de provocar inflação. A negociação do

desempenha um importante papel. Foi aumento real, com base na produtivi­

a produtividade que permitiu a revolu­ dade, portanto, é um procedimento ló­

ção industrial e a modernização da agri­ gico, econômico e moderno. E assim que

cultura. Foi graças a produtividade que se procede em todos os países avançados

se encurtou a jornada de trabalho no e é com base nisso que avançaram.

mundo desenvolvido, que se promoveu O setor de telecomunicações no Brasil

férias mais prolongadas e a aposenta­ é um dos pioneiros e mais avançados na

doria mais precoce. Foi a produtividade avaliação da produtividade do trabalho.

também que permitiu melhores salá­ Estudos simples, mas rigorosos, têm ori­

rios, mais educação e melhor condição entado o cálculo anual da produtividade

de trabalho. da Embratel e de várias outras empre­

Os países desenvolvidos avançaram, Murillo Macedo: "O setor de sas do setor. Dessa forma, o setor não só

fundamentalmente, com base nos ga­ telecomunicações no Brasil é um dos vem se beneficiando desse poderoso

nhos de produtividade. Nos 20 anos de guia como também vem dando exemplo

pós-guerra, os Estados Unidos, por pioneiros e dos mais avançados na para vários outros que, aos poucos, váo

exemplo, aumentaram a produtividade avaliação da produtividade do igualmente se equipando para a valia-

na base de 3,2% ao ano e com isso deteve trabalho ção da produtividade. Avaliar a produti­

a liderança mundial na produção o ex­ vidade é tarefa da maior importância

portações industriais. A partir de então, para o administrador. Com base nela,

o Japão entrou na era de grandes ga­ vos específicos para aumentar a produ­ pode-se corrigir a tempo e a hora qual­

nhos de produtividade. A partir de 1968, tividade. quer desvio de rota que, no final do ano.

enquanto os Estados Unidos desceram Mas, afinal, o que é produtividade? redunda em perdas indesejáveis para a

para o patamar anual de 1,6%, o Japão Produtividade ó lazer mais com menos. empresa e para o trabalhador. 0 Minis­

subiu para o nível de 4,1% e manteve tal Esta definição se aplica a indivíduos, tério do Trabalho aplaude, pois, o es­

nível ao longo dos últimos 15 anos. Lem­ grupos, empresas, setores económicos e forço e o sucesso com que e s s e setor vem

bremos que o Japão importa 9 9 ,8 % do nações. No campo do trabalho, produti­ se dedicando a observar a produtivi­

petróleo que consome, 98,4%’ do ferro, vidade depende de trabalhar melhor e dade.

66% da madeira e tem apenas 15% do não de trabalhar mais. O objetivo final Entretanto, o setor de telecomunica­

solo cultivável. da produtividade é fazer o melhor possí­ ções é hoje em dia um poderoso promotor

É claro que, no Brasil, estamos em ou­ vel usando a menor quantidade de re­ da produtividade em vários outros se­

tra fase, embora é forçoso reconhecer-se cursos materiais, energia, tempo, força tores. É o telex, a televisão, o teleproces­

a existência de vários brasis entre nós. física, etc. Por isso, a produtividade é a samento, a teleimprensa e inúmeras ou­

Para muitos segmentos da nossa força resultante da comparação entre insu- tras modalidades de tecnologias que

de trabalho, já faz sentido pensar-se no mos e produtos. Em consequência, a me­ vem permitindo diminuir o dispêndn

cuidadoso planejamento de estímulos dida da produtividade é uma avaliação com energia, transporte, matérias-pri­

monetários e não-monetários, para o da eficiência relativa da utilização dos mas e também mão-de-obra. E aqui en­

aumento da produtividade — sendo que fatores. Quem melhor usa os fatores tem tram os em um tem a extremamente

o treinamento é o requisito mais rele­ mais produtividade. polêmico, ou seja: o da relação entre au­

vante e mais urgente para a maioria dos Nós estamos em um estágio no qual tomação e emprego. Muitos argumen­

trabalhadores brasileiros. A grande ainda há muita gente que duvida existir tam que a entrada da microeletròniea

cruzada que se impõe no Brasil de hoje, tal fenômeno como a produtividade; e ora acoplada ao teleprocessamento e la*

porém, é a de se reconstruir ou construir outros afirmam, passivamente, que pro­ tor de desemprego. Não há duvidado

um sadio sentimento de comprometi­ dutividade não pode ser medida ou que a m oderna tecnologia eletrônica

mento nacional e a operação de incenti- avaliada. Na atual política salarial, o eleva substancialm ente a produtivi*