Page 8 - Telebrasil - Maio/Junho 1982

tráfego e o que gera tráfego é o telefone,
náo é o terminal.
TLB - Hojé o uso do telefone nada mais é
do que trocar sons interativamente. O
Sr. acredita que isso vá se ampliar muito
brevemente para imagem, para texto,
para cálculo, etc., e que o usuário pas­
sará a ter um terminal muito mais com­
pleto, em termos de Brasil?
DF - Em termos de Brasil, eu acredito. Eu
acho que nós vamos ter um início um
pouco lento, mas melhorará na segunda
metade dos anos 80. Eu acredito que a
microeletrônica vai continuar tendo uma
razão de queda de preços na base de 20%
ao ano. Então, nós vamos ter possibilida­
des de obter terminais por preços que
são possíveis de serem adquiridos pela
população.
TLB - Se o usuário passa a ter um compu­
tador em casa voltado para dados, o tele­
fone ficaria obsoleto? Nesse caso, qual
seria o futuro das telecomunciações?
DF - O futuro é o saber e o conhecimento.
O nosso negócio vai ser o conhecimento.
Nós não vamos ser mais prestadores de
serviço telefônico. A diversificação em
O s r e c u r s o s h u m a n o s
e x e r c e r u m a f u n ç i o
p r i m o r d i a l d o q u e n u n c a . . .
termos de necessidade dos usuários vai
ser tão grande que nós passaremos a co­
nhecer muito melhor os seus problemas.
Nossos empregados têm que dialogar
com os usuários, conhecer o negócio
deles. E conhecendo o negócio deles,
nós vamos ter condição de melhor aten­
dê-los.
TLB - Diz-se que náo se pode ter telein­
formática sem educação e mais tarde náo
se vai poder ter educação sem teleinfor­
mática. Como vê o panorama brasileiro
para os próximos 20 anos?
DF - Os recursos humanos vão exercer
uma função mais prim ordial do que
nunca. A necessidade de ter uma forma­
ção cultural ampla é fundamental, do
meu ponto-de-vista. Por outro lado, a
idéia de desmassifícação vai levar a um
surgimento cada vez maior de necessida­
des distintas dos usuários. As coisas es­
tão se alterando e as empresas se adap­
tando, umas mais rapidamente, outras
menos, e estão procurando compreen­
der as mutações no ambiente que elas
operam. Agora, nos anos 80 isso vai ser
uma explosão.
TLB - E como o Sistema Telebrás está se
8 TelebrasÜ, Maio/Junho 82
estru tu ra n d o para a ten d er a e ste s DF - Só interurbano. Ternos ainda os Ser­
desafios? viços CPAs — Centrais de Controle por
Programa Armazenado, Teleconferência
DF - Nós separamos os serviços em duas e Transferência. Este último, quando o
categorias: básicos e verticais. Os servi­ usuário sai de casa, dá o número do tele­
ços básicos são obrigatórios, prestados fone para onde vai. Então, a chamada é
em regime de monopólio, necessários a reencaminhada automaticamente para
própria existência, indelegáveis pelos lá. Existe ainda o S1AG — Sistema de In>
prestadores de serviços. Os verticais não formações Agrícolas que fornece, pelo
são obrigatórios, podem ser delegados, telefone, as cotações do feijão, do arroz,
os preços são função da rentabilidade do etc. e os serviços de transm issão de
mercado. dados: A ird ata, C onsulta de Telex,
Swift, Videotexto, Interdata, além de in-
*TLB - Dentro de um panorama geral da teriorização das TCs: Telefonia Rural,
popularização do telefone quais são os P ostos de S erv iço s, Rádio Comuni­
novos serviços? tário... • ’ 41 j|S
DF - Nos serviços básicos, eles são TLB - O que é Renac? >|í
tradicionais: telefone, telex, áudio e TV, DF - Renac é a sigla de Rede Nacional Co­
móvel e marítimo, comunicação de da­ munitária de Comunicações. Através
dos — são aqueles de tratam ento de dela pretendemos integrar o sistema li-
massa. mitaao privado aos centros de comuta­
ção telefônica manual, ampliando assim
TLB - E os verticais?
a prestação desse serviço. ;;;áj
DF - Os verticais seriam divididos assim:
TLB - E o Simplifone? I S
Informação — hora certa, meteorologia,
horário de ônibus, noticiário, imposto de
renda, Prefeitura Municipal, farmácias DF - O Simplifone é uma telefonia móvel
de plantão, teleturismo. Utilidade Públi­ simplificada, com uso de transceptores
ca — telefone de defesa do consumidor, na faixa de VHF ou UHF, de tal forma
que o assinante caia também num centro
polícia, Inamps, pronto-socorro, corpo ae comutação manual. Bem... mas o fato
de bombeiros, Detran-acidentes, emer­ mais importante de tudo isso é que real­
gência águo e gás, plantão de energia, re­
mente nós estamos entrando numa ou­
clamações à Sunab e defesa civil. Entrt*-
v ã o fenimen to— horóscopo, loteria, progra­ tra fase. Essa é uma fase de proverão
usuário os serviços que ele quer, a preços
m a i s mação de cinema e teatro, telecriança, que ele possa pagar, dando lucro para as
que são historinhas infantis contadas empresas.
pelo telefone, disqueamizade, disque-
piada, etc. Outros — discagem direta a
TLB - E qual a sua mensagem final?
ramal, telegrama fonado, despertador,
reunião por telefone, bip-fone, telcmer-
gência, teleagenda, tele-recados, assi­ DF - Eu acho que nós estamos totalmente
nante d istan te, rede fale-fácil, dis- envolvidos no negócio do futuro, numa
que-hotel e telefonia móvel. das grandes atividades-chave do futuro.
Qualidade de vida e produtividade serão
TLB - Soubemos que tem um, que a pes­ os dois fatores predominantes nos anos
soa liga para uma outra que está com 80, em termos de anseio do cidadão do
solidão e... mundo dos negócios. E, através dasTCs,
nós vamos ter condições de atendera es­
DF - É o disqueamizade. Essa da solidão ses dois aspectos. Por sua vez, a telein­
está causando um impacto extraordi­ formática, juntamente com a engenharia
nário. Li no jornal sobre o casamento de genética, a exploração dos oceanos e a
um senhor de 65 anos de idade com uma robótica serão atividades dinamizadoras
senhora de 50. Eles se conheceram atra­ de nosso futuro. E nós participamos
vés do disqueamizade. E ainda sobre po­ delas. Eu acredito que, paulatinamente,
pularização do telefone temos: o orelhi- as nossas atividades, o nosso setor, vai
nha, o TP com amplificação para pessoas sendo reconhecido como infra-estrutura
com pouca audição, a discagem direta a básica para esta nova civilização.
cobrar, além dos já conhecidos DDD e
DDL E mais outros serviços como: Caixa TLB - E que recursos devem ser mobili­
Coletora, o pagamento através do Cor­ zados para alcançarmos estes objetivos?
reio, a Conta-Cheque, além do Fone-Pag
e do Serviço de Aviso IU... Este é o se­ DF - Inicialmente, nós temos que mudar
guinte: Quanto A está em ligação urbana a mentalidade de nossos gerentes, no
com B e quando entra C querendo falar sentido de lhes dar condições de com­
com A este vai receber sinal sonoro avi­ preenderem a nova realidade, na qual
sando que há alguém no interurbano estam os ingressando, e dar formação
querendo se comunicar e que a conversa­ profissional aos nossos empregados
ção deve ser abreviada. para fazer face a essa nova mudança.
TLB - Isso é muito importante! Mas só Entrevista exclusiva concedida ao diretor di
interurbano? TelebrasÜ, José Raul Aüegretti.