Page 56 - Telebrasil - Julho/Agosto 1982
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e que só funcionam enquanto há demanda, de
pendendo do mercado; no curso citado, atende
mos a uma parte da computação, formando pro
gramadores e analistas em computação.
Temos, também, a preocupação em exteriori
zar o nosso conhecimento, por meio de vincula-
ções com o meio externo. Por exemplo, o setor de
coordenação de cursos atende tanto às nossas
necessidades quanto às das indústrias, empresas
e centros de pesquisa. Ele funciona sob a forma
de cursos de atualização técnica, extensão uni
versitária e especialização. E temos ainda um se
tor de projetos para apoiar e controlar os grandes
trabalhos feitos com o Ministério das Comunica
ções, Finep, o CNpQ e o Conselho Nacional de
Energia Nuclear. A Formação O Ciclo da Formação
A visão do Ita é a de promover uma antecipa
Fig. 3 -N o delo de formação do engenheiro se alternam sucessivamente a escola e a empresa,
ção do processo de recursos humanos, porque há
o consenso interno de que nenhuma tecnologia
floresce se não for calcada em recursos humanos. alentadora que nós, do setor de telecomunica um processo de ajuste até o elemento identifi
O potencial de recursos humanos tem que estar ções, não podemos ter queixas da escola. car-se com a empresa. Temos exemplos disto
disponível. O programa do Proálcool em teleco Quando foi desencadeado o processo de implan aqui no país, dentro mesmo das universidades:
municações e o projeto Sonda de lançadores são tação das telecomunicações, este estava calcado e quando se pretendeu criar competências e pen
exemplos da influência da atuação do CTA em alicerçado numa sólida base de recursos huma sou-se em ir ao exterior e contratar-se 80 PhDs
objetivos externos alcançados (figura 2). Na avia nos, responsável pelo sucesso do setor. Talvez para gerar esta competência, viu-se que 80 com
ção, o exemplo é o Bandeirantes. Este esquema que, no país, o setor de maior sucesso efetivo foi petências jogadas num certo centro não produ
rápido do Ita foi feito para demonstrar que existe este, graças ao embasamento de recursos huma ziram como 80 competências isoladas e nem cor
uma preocupação real em atender às necessida nos existente, produzido pelas escolas nacionais. responderam ao dinheiro investido. Por que?
des nacionais em termos de recursos humanos.
Um problema que notamos é a falta de apro Porque o processo de ajustamento é vital em
ximação entre escola e indústria, do que decorre, qualquer desenvolvimento.
O Relacionamento Escola-Indústria logicamente, acusações mútuas. Do lado da in
dústria, diz-se que a escola forma um indivíduo
Em termos do relacionamento escola- só com visão teórica e não-capaz de atender às A Formação
indústria, gostaria primeiro de dar a mensagem suas necessidades práticas. A escola acusa a in
A visão da formação de um indivíduo po
dústria de só operar no âmbito adapta ti vo e limi
deria, simplificadamente, ser focalizada em três
tativo, nunca no âmbito criador, portanto não
itens: a formação básica, a humanização e a espe
necessitando de recursos humanos de alta quali
cialização (figura 3). Primeiro gostaríamos de
ficação.
considerar que a formação de um indivíduo não é
Matait aatratégkot As barreiras existem, de fato. A primeira
um processo estático e nem está localizado no
grande delas é a falta de conhecimento entre as
tempo; a formação é um processo contínuo e a
partes, com a não existência de um relaciona
vida é a grande escola. Em termos de formação,
Bandairanta mento mais estreito. Outra está em diferenças de
pensamos que: a formação válida, que normal
atitude. Normalmente a escola trabalha com pra
mente cabe à escola, é aquela que dá o núcleo bá
zos definidos, mas o setor industrial, pelo con
sico para que o elemento possa dispor de um po
trário, precisa de prazos bem definidos. Uma se
tencial capaz de permitir-se o acompanhamento
gunda diferença de atitude é quanto à economici-
da evolução da tecnologia; a especialização já é
dade — a escola, nos seus desenvolvimentos,
um direcionamento profissional e a humaniza
não tem o problema econômico como uma preo
ção seria a cultura geral que o elemento deve ter.
cupação prioritária. E nós sabemos que da gera
(figura 4).
ção de um protótipo até sua industrialização, há
Uma outra coisa que reparamos — e que
uma distância muito grande. Notamos aí a falha
achamos ser uma visão distorcida do nosso meio
do lado industrial — o imediatismo decorrente
da necessidade de faturamento, constituindo-se
numa outra barreira.
Em termos de pessoal, outro problema é a
TalacormmJcaçôaa falta de fluxo nos dois sentidos. Usualmente o
que acontece é que q setor industrial, por ter um
Formaçào Alternativa-1
nível de remuneração mais alto, rouba elementos Básica
da universidade. E não existe o fluxo inverso.
Ainda outro problema é o da formação, já que
geralmente quer-se debitar todo o processo à es Formaçào Alternativa-2
cola. Básica Especialização
O processo de formação não é a escola, ela é
só parte dele. A própria vida é o campo de forma
ção do elemento humano. Até em termos de em
Escola
prego sabemos que a competência total existente
Projeto Sonda
numa empresa não é a soma das competências [ ] In d ú stria
existentes e quando tentamos montar uma com
Fig. 2 - Influência do CTA/ITA em grandes projetos petência, ou fazê-la crescer, toma-se necessário Fig. 4 - O pções de atributos
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