Page 72 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1982

B A T E R I A S E S T A C I O N Á R I A S
E M
O a rtig o , escrito p o r u m
e sp e c ia lista , d e fe n d e o c o m u n ic a ç ã o
co n ceito d e q u e a bateria
é u m e q u ip a m e n to caro e
d e fabricação a lta m en te
crítica, m e re c e n d o ,
p o rta n to , u m a série d e
aten ções e c u id a d o s.
Muito se tem escrito sobre acumuladores elétricos. A biblio­
grafia é imensa. Qualquer um que se interesse pelo assunto
encontrará farta informação sobre princípios e reações quími­
cas, evolução histórica, métodos de fabricação etc, etc... Um
campo, no entanto, permanece no que poderíamos chamar de
penumbra. E o campo que, em termos amplos, diz respeito à
"vida" de uma bateria, a qual teria início no momento em que
essa bateria é entregue ao cliente, e o fim assinalado quando
não mais é capaz de exercer a sua função elementar, qual seja,
armazenar energia. Este espaço de tempo, em grande parte,
foge ao controle do fabricante, em princípio, o especialista no
ramo.
A vida de uma bateria envolve conceitos que, por força das cir­
cunstâncias, são muitas vezes aleatórios, já que dependem de
critérios não rigidamente objetivos, por sua vez dependentes
dos fins a que se destina uma instalação e do que se espera
dela. Evidentemente, esses valores vão depender de cada cli­
ente e a variedade destes é incontável.
No presente caso, vamos nos circunscrever a um único tipo de
cliente que, como o título indica, seriam as empresas de teleco­
municações. Isto posto, os fins, os modelos e as expectativas
de uma instalação ficam bem delineados, e poderá ser falada
uma linguagem bastante objetiva.
Poderíamos caracterizar a vida de uma bateria da seguinte
forma: nasce perfeita, se deteriora com o decorrer dos anos e
termina seus dias valendo quase nada: apenas o valor do
chumbo que ainda lhe resta. Interessa ao cliente que a bateria
seja entregue em perfeitas condições e que a deterioração seja
a mais lenta possível.
Sobre o primeiro requisito, "quase" não pairam dúvidas. Em
termos gerais, podemos afirmar que o produto entregue pelo
fabricante é confiável e, para confirmar isso, existe e cerimo­
nial da entrega, ou seja, o teste de aceitação, por sua vez consa­
grado pelo certificado de garantia. No entanto, isto não exclúi
a possibilidade de, posteriormente, se revelarem falhas que
eventualmente poderão causar graves aborrecimentos.
Cabe ao cliente participação ativa no que se refere ao segundo
requisito, ou seja, deterioração a mais lenta possível e, para
isso, existem princípios e regras que devem ser obedecidos sob
pena de, caso contrário, acelerar de forma desastrosa a ruína
da melhor das baterias.
T E L E C O M U N I C A Ç Õ E S .
Máximo Renedo Ruiz — T écnico em Energia
A c o n fia b ilid a d e da
te le fô n ic a
e stá , s e m d ú v id a ,
in tim a m e n te lig a d a à
q u a lid a d e d a s b a te ria s
e sta c io n á ria s d a s centrais
— u m e q u ip a m e n t o
q u a s e e s q u e c id o .
Muitas dessas regras e princípios têm permanecidos difusas,
ao ponto de várias incógnitas ficarem sem uma resposta mate­
m aticam ente conclusiva. Q uerem os aqui abordar algumas
dessas incógnitas e tentar situar as respostas o mais objetiva­
mente possível.
Tensão d e flutuação — Todos sabemos que o regime de utili­
zação de uma bateria em telecomunicações é o sistema em
paralelo com a fonte e o consumidor. Neste sistema, a bateria
está sempre em regime de flutuação e só esporadicamente vai
ser solicitada como fonte de energia para o consumidor. Para
que a bateria se mantenha sempre plenamente carregada, re­
quer uma tensão que os fabricantes determinam dentro de
uma faixa bem estreita, da ordem de cinco centésimos de volt/
elemento. Mesmo dentro desses estreitos limites, convém es­
colher o valor de tensão que melhor se coadune com o estado
atual da bateria. De modo geral, se escolhe o valor médio da­
quele estipulado pelo fabricante, mas, em determinados ca­
sos, poderá ser alterado para dois centésimos a mais ou a me­
nos. Um operador consciente deve saber posicionar esses
valores.
Alguém poderá perguntar o por quê de tanta precisão: qual a
influência de uma tensão de flutuação incorreta numa bateria?
Digamos, em primeiro lugar, que essa tensão se destina a
"em purrar" uma corrente capaz de vencer a pequena resistên­
cia interna da bateria e, dessa forma, compensar as pequenas
perdas naturais. É evidente que uma tensão de 2,18 volts por
elemento, que é o estipulado para uma determinada marca de
baterias, consegue em purrar essa corrente bem melhor do
que, por exemplo, 2,15 volts.
As conseqüências, neste último caso, se evidencia por um pro­
cesso lento de descarga da bateria, e, na hora de sua utilização
pode ser aquele fiasco. Por outro lado, existe a possibilidade
de o ácido sulfúrico, devido a seu maior peso específico, se de­
cantar na parte inferior do vaso, atacando as placas naquela
área. No caso de tensão mais alta, digamos, de 2,20 volts por
elemento, para esse mesmo tipo de bateria, o resultado se faz
sentir principalm ente no aspecto do consumo de água, as­
pecto este muito sensível à tensão alta. Na prática, é comum
encontrarm os baterias bem fora dos valores mencionados,
que, no fim das contas, estão dentro da faixa. As consequên­
cias, tanto num caso, como no outro (alta ou baixa tensão) se
multiplicam geometricamente.
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