Page 11 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1982

Robôs: Fição e realidade
H á m u i t o t e m p o
s o n h a n d o c o m o s r o b ô s
s i m p l e s m e n t e c o m
m á q u i n a s , m a s t a m
a r t i f i c i a i s
Segundo as palavras do Instituto dos do objeto que manipulam, nem a finali­
Robôs dos Estados Unidos, um robô é dade da tarefa que estão repetindo ho­
"um manipulador multifuncional re- ras a fio. Isso faz com que seu treino
programável destinado a mover coisas, seja difícil. Imagine treinar um operário
peças, ferramentas ou equipamentos humano através de instruções específi­
especializados através de variados mo­ cas para cada movimento que ele faz!"
vimentos programados para a realiza­
ção de uma série de tarefas". A inteligência do robô está na sua pro­
gramação. É ela que o torna um robô de
Um robô real não é engraçadinho e es­ linha de montagem. Os mais avança­
perto como os de filmes de ficção-cientí­ dos podem ser ensinados através de
fica. E uma máquina feia controlada ordens gravadas no teclado de um
por computadores. A grande diferença computador mínimo, numa linguagem
entre o robô e a máquina é que ele pode que inclui aqui cem palavras em in­
ser transformado, bastando mudar sua glês, como mover, colocar, agora etc. A
programação, em perfuratriz, solda­ evolução da linguagem dos robôs tor­
dor, pintor com spray, e uma infini­ nará possível dar ordens, faladas ou
dade de outras ocupações distintas. gravadas, de montagem padrão na in­
dústria automobilística, se precisa pro­
* Agora, o mais intenso trabalho de pes­
A medida que a anatomia dos robôs se duzir cerca de mil unidades por dia
desenvolve, seus fabricantes se gabam para operar economicamente. A altera­
de sua capacidade de rolar, arrastar, ção ou renovação de componentes des­
desviar-se, carregar, lançar e girar. Es­ sas máquinas leva meses. Um robô se
tes term os se referem ao "grau de transforma em minutos.
liberdade" de um robô, ou seja, os ei­
xos em torno dos quais pode se mover.
Se os robôs são tão maravilhosos, por
que já não transformaram os lugares de
Seis graus de liberdade permitem a um trabalho? A resposta é que, por mais ex­
robô levar seu braço a qualquer parte —
qualquer parte aí quer dizer, dentro de traordinários que sejam, a arte da robo-
seu "envelope de trabalho", a forma tologia ainda não começou a se aproxi­
descrita no espaço pelo alcance má­ mar, nem de longe, da arte do homem.
ximo de seu braço em qualquer direção.
Pesquisadores estão ensinando aos
Também há toda uma profusão de gar­ cérebros a compreenderem ordens na
ras — en d effectors (terminais), se­ voz humana. Já existe um modelo que
gundo a linguagem dos robotólogos — reconhece até mil palavras bem pro­
para os mais diversos fins. nunciadas. A parte mais complicada é
compreender a voz humana, porque a
língua é variável e imprecisa. Quando
OS ROBÔS DO FUTURO
as pessoas falam, fluem as palavras
juntas, variam a forma como pronun­
Os robôs do futuro serão mais pareci­ ciam, e comunicam muito pela maneira
dos com os dos filmes de ficção-cientí­ como acentuam certas palavras. O robô
fica. Os atuais possuem um braço, uma só entende um certo número de frases
garra com dois ou três dedos, sem feitas num contexto limitado aos tipos
juntas; são cegos e não têm senso de de tarefas que faz, e pronunciadas com
tato. Um pesquisador do Laboratório cuidado, na mesma inflexão de quem o
de Inteligência Artificial da Universi­ treinou. Outro problema para que um
dade de Stanford, Califórnia, diz que robô funcione como os que você vê em
os robôs ainda são essencialm ente filmes é que ele não sabe armazenar na
burros: "Não possuem a menor idéia memória as informações que se proces­
o h o m e m v e m
— n ã o a p e n a s
o f e r r a m e n t a s e
b é m c o m o h o m e n s
sam diante dele, como o ser humano
faz. Portanto, não sabe reagir. Pesqui­
sadores estão estudando como especi­
ficar informações e armazená-las de
maneira correta na memória de compu­
tador do robô, para qge ele possa usá-
las na hora precisa.
Atualmente, os sistemas de visão dos
robôs ainda não são sofisticados o bas­
tante. Os sistemas sensoriais tácteis
também ainda précisam evoluir muito
para que os robôs passem a ter um ver­
dadeiro virtuosismo na manipulação
de objetos. Então as tarefas, no verda­
deiro sentido da palavra, ainda estão
fora do alcance dos robôs.
quisa está sendo focalizado no proble­
ma da visão, na qual se emprega câ­
maras de televisão e computadores.
Em um novo sistema de visão, a silhue­
ta branca de um objeto aparece na tela
do computador, juntamente com uma
longa lista de números detalhando a
área e perímetro do objeto, a localiza­
ção de seus furos e coisas do gênero —
informação pela qual o robô pode reco­
nhecer o objeto cada vez que ele apare­
ce. Tal sistema pode ser ensinado a me­
morizar muitos objetos, pois os dados
dimensionais de todos eles ficam guar­
dados no computador.
Os centros de pesquisa também estão
fazendo experiências com a visão em
terceira dimensão, empregando para
isto raios laser, câmaras móveis e con­
juntos de duas câmaras.
Para melhorar a capacidade de mani­
pulação dos robôs, os cientistas estão
tentando ensinar-lhes a variar a força
com que pregam um objeto de acordo
com sua fragilidade ou sua resistência.
Também estão procurando um robô ca­
paz de conferir alinhamentos — sentir,
por exemplo, se um parafuso está en­
trando enjambrado e então corrigir seu
curso.