Page 9 - Telebrasil - Janeiro/Fevereiro 1982
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m enos uma boa parte dos atuais cabos
d e cobre. Portanto, toda e qualquer fá
brica d e cabos telefônicos tem que se
preocupar fortem ente em entrar nesse
campo de fibras ópticas. Nenhuma fábri
ca d e cabos telefônicos p od e se dar ao
luxo d e ficar d e fora. Portanto a Pirelli,
evidentem ente, também vai entrar.
. T — Concretamente, a esse respeito, o
que já existe?
Z — A Pirelli, através de sua consorcia
da italiana, já tem contrato de know-
how, já está capacitada, já está fabri
cando fibras ópticas na Itália. Portanto,
possibilidade d e know-how nós temos,
imediatamente. O problema todo está
na adequação à tecnologia local, por
que, no Brasil, a Telebrás não pretende
importar know-how; ela tem o seu pró IItom Fialho acha que a concorrência ó um sistema regulador de preços.
prio know-how e está desenvolvendo
tecnologia no seu centro de pesquisas, Telebrasil — Qual a situação das em quota destinada à expansão e melhoria,
em C am pinas, d e form a qu e o pro presas produtoras de cabo? prevista em lei. Nesse caso, o FNT não
blema é com o adequar a indústria a es faria falta.
sa tecnologia local. Estamos em contato Iltom — C onquanto não responda
constante com a Telebrás, procurando pelas empresas do setor, creio que sua /— Como o valor da tarifa influi no IGP
a m aneira d e form alizar um acordo ociosidade média seja da ordem de 60 a e o FNT, não. Reduziu-se a tarifa e se
para a produção de fibras ópticas, ou, 66% da capacidade instalada. elevou o FNT ao máximo permitido por
p e lo m en o s, d e ca b o s óp ticos, no lei. Depois se retirou o FNT do setor, o
Brasil. que não seria possível com uma alíquo
T — Como o desaquecimento da econo ta integrante da tarifa. Uma decisão
mia não chegou a esse índice alar
T — Na Itália já existem cabos ópticos política, nos parece.
mante, parece-nos que a indústria de
em operação comercial?
cabos e fios superestimou o "milagre T— Lemos, em revista estrangeira, que
brasileiro". Erro de marketing?
a concorrência conduz, necessaria
Z — Na Itália foram desenvolvidos três mente, à elevação dos custos e,.via de
projetos-pilotos, em escala crescente, e I — Os planos da Telebrás, os PND's e conseqüência, ao aumento dos preços.
o último a gente já p od e chamar, pelo as cartas d e intenção apoiavam e até A divisão de m ercado não seria
m enos, de semi-industrial. E uma linha m esm o estim ulavam o desenvolvi preferível?
d e vinte quilômetros de cabo, que está mento. Quem não acreditasse estaria
em experim entação. Eu acho que ne arriscando-se a ficar para trás, a ser ali / — Na divisão de mercado é recomen
nhum país do m undo p od e dizer que já jado da competição. Por isso, cada um dável não haver a pulverização das en
existe operação comercial. Agora, eu se estruturou da m elhor forma para comendas...
gostaria d e acrescentar uma opinião atender a demanda.
pessoal: eu acho que o Brasil está vi T — Você quer dizer que temos fabri
vendo uma crise conjuntural e momen T — Não entendo a retração a ponto de cantes demais, ou mercado de menos?
tânea, em que é preciso despertar as chegar a 1/3 da capacidade de carga,
forças vivas da nação para que possa pois, em serviços públicos, a tarifa é, / — Ambas as coisas. Outros fatores
m os sair dessa crise, o m ais rapida em outros países, o recurso usual para importantes são a padronização, como
m ente possív el. N ão há dúvidas de a manutenção do grau de serviço e foi o caso da TV a cores que se adotou o
que, entre as forças vivas da nação, o atendimento da demanda vegetativa. PAL-M, e o debate aberto dos critérios
setor d e telecomunicações é aquele que Os planos de expansão para atender a que iriam presidir as encomendas. Sem
se apresenta com o uma das mais im demanda reprimida ou projetos de isso a divisão de mercado ficaria muito
portantes infra-estruturas para a conse vulto recorrem a empréstimos inter vulnerável por estar sujeita a arbitrarie
cução desses objetivos. E necessário nos, saldáveis pela renda da própria dades.
qu e, ap esar d e en v olv id os em inú operação.
meros problem as, de ordem econômica T — Mas a concorrência, além de esti
etc, o Governo se sensibilize o mais ra I — Aqui dois fatos se somam para não mular a evolução, é um sistema regula
pidam ente possível para a necessidade ser aplicável ao nosso caso o esquema dor de preços.
d e qu e o setor d e telecom unicações convencional — a tarifa demagógica e
precisa se desenvolver, p elo m enos, maior custo de operação. A destinação / — A disputa não seria perdida, mas
até a medida da auto-suficiência. Não do FNTpara outros setores foi um de transferida para a conquista de pontos
querem os que o setor seja subsidiado, sastre para o nosso setor. no atendimento dos parâmetros defini
mas pretendem os, pelo menos, que ele dores de critérios estabelecidos, por
possa caminhar até o ponto que a sua T — Não entendemos por que não in consenso, para a distribuição de enco
própria resistência permita atingir. cluímos na formulação da tarifa a alí mendas.