Page 31 - Telebrasil - Maio/Junho 1981
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Apesar do aumento da eficiência opera
cional das concessionárias, os empre Microeletrônica terá duas indústrias 100% nacionais
sários entendem que já estamos perto
dos níveis críticos. O Governo, ao con O secretário especial de Informática, Oc- serva de mercado para viabilizar as em
trário, mostra-se mais otimista. Autori távio Gennari Netto, anunciou que, até o presas nacionais, porque, segundo Gen
dades da área acreditam que o processo final do ano, serão instaladas em Campi nari-Netto, "num setor onde atuam em
foi até salutar, porque as empresas con nas duas indústrias 100% nacionais para presas como a Philips e a Siemens, preci
cessionárias não tinham e náo têm capa atuar na área de microeletrônica, produ samos olhar com cuidado e atenção os
cidade para instalar mais de 500 mil ter zindo componenjes eletrônicos e semi aspectos relacionados com a difusão de
minais por ano. condutores. Para a instalação das indús tecnologia. Por isso é que, antes da ins
trias, serão necessários recursos da or talação das duas indústrias nacionais em
Otimismo, mas só a longo prazo dem de Cr$ 800 milhões anuais. Atual Campinas, será criado, também naquela
mente, existem no Brasil 15 empresas cidade paulista, o Instituto de Pesquisas
Os empresários mostram-se céticos atuando no setor de microeletrônica, to e'Desenvolvimento de Microeletrônica,
quanto às possibilidades de melhoria a das multinacionais — 13 operando no a ser gerido pela SEI". Este instituto terá
curto prazo; até agora, por exemplo, as encapsulamento e difusão de testes, e entre suas prioridades a geração de tec
poucas contratações que ocorreram duas, na difusão de lâminas. nologias internas para o setor de infor
foram de responsabilidade da Telesp, Para o caso da microeletrônica, náo se mática e a atualização dos "pacotes" tec
que representa 50% da demanda. Ars- pretende implantar a estratégia da re- nológicos importados.
lan, da GTE, é de opinião que, mesmo
com tarifas mais realistas, a maior par
cela do FNT e a adoção da multimedição, Dirigente da Transit está perplexo
a sobre-receita gerada servirá apenas
para a manutenção dos serviços, já que Em telex a Octávio Gennari Netto, o pre certamente no aprimoramento de pro
as encomendas vão ficar em torno de 380
sidente do Conselho de Administração cessos daquela empresa".
mil, praticamente o mesmo nível do ano da Transit Semicondutores, Hindem- Esse exemplo — acrescenta o funda
passado. Monteiro de Carvalho, da
Ericsson, reconhece que ficou mais ani burgo Pereira Diniz, declarou-se dor ria Transit constitui o absurdo de
"perplexo" diante da pouca atenção atri uma estrutura empresarial brasileira.
mado com as promessas do Governo,
buída à equipe técnica responsável pelos A perplexidade de Diniz, segundo ele,
mas lembra que a situação econômica é
difícil, o que torna impossível racioci estudos e produção da empresa, quando deve-se ao fato de Gennari saber que
se sabe que o primeiro obstáculo a ser su
nar a curto prazo. "existe instalada em Montes Claros, Mi
perado pela microeletrônica brasileira é a nas (jerais, a mais versátil delodas as in
preparação de recursos humanos. Diniz dústrias de semicondutores do Brasil —
A longo prazo, porém, o pensamento
do setor é otimista. Mafra recorda que o chamou a atenção, em sua mensagem a a Transit — com capital controlado, ex
Brasil apresenta um dos menores índi Gennari, para o absurdo que é a instala clusivamente, por grupos brasileiros".
ces de telefones por habitante do ção das duas indústrias em São Paulo, Disse ainda que a empresa atingiu,
mundo: ''Enquanto aqui existem qua enquanto a fábrica da Transit em Montes desde 1978, nível de adiantamento tec
Claros se deteriora.
tro telefones para cada grupo de 100 nológico "capaz de efetuar difusão de lâ
pessoas, na Argentina são 9,9, na Gré minas com qualidade superior e maior
cia, 25, na Austrália, 41 e em nações Diniz revelou ainda que o diretor indus produtividade do qué as obtidas pela
mais desenvolvidas já ultrapassaram trial da Transit e seu principal cientista Philco, única empresa de capital es
os 60". Por esta razão, todos eles lem está hoje "prestando importantes servi trangeiro que incorporou essa etapa do
bram que o sistema telefônico brasilei ços à Philco, como chefe de sua difusão, processo no Brasil".
ro, um dos serviços que alcançaram
melhorias substanciais nos últimos Í5
anos, náo pode ser deixado "entupir",
principalmente num momento em que Vendas de componentes caíram 30% no primeiro trimestre
o país concentra seus esforços para au
mentar as exportações, economizar
combustível e poupar. Uma avaliação do desempenho da in revelam redução de 2,4% em relação à
dústria eletroeletrônica no primeiro tri posição de dezembro de 1980"
mestre, realizada pela Abinee, mostrou
quedas de até 30% nas vendas de com Entre os principais problemas do setor, o
ponentes eletrônicos, 15% nas de eletro documento aponta ainda a "significativa
domésticos e de 30% nas encomendas retração da demanda e consequente re
de transformadores, em relação ao dução da escala de produção, elevando o
mesmo período de 1980. Foram dispen custo total unitário e prejudicando a
sados 22 mil funcionários. competitividade no mercado externo; di
ficuldades para a captação de recursos
junto ao sistema bancário, bem como
O documento,- de circulação interna,
destaca que "a redução dos prazos de elevados custos financeiros; retração dos
pagamento por parte de importantes investimento governamentais, que vem
fornecedores de matérias-primas tem aumentando o grau de ociosidade do se
afetado sensivelmente a liquidez do tor de bens de capital".
setor". Diz, ainda, que "os índices de Quanto à exportação, o documento da
pessoal ocupado referentes a março úl Abinee estima que haja um aumento de
timo, de acordo com as informações de 40% em relação a 1980, situando-se em
257 empresas do setor eletroeletrônico, tomo de US$ 1,100 bilhão.
Sérgio Monteiro de Carvalho