Page 65 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981
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Já o Japão, além de criar um labirinto de barreiras comerciais, Inglaterra
nos fins dqs anos 70, colocou mais de US$ 350 milhões em pes
quisas básicas, difundindo seus resultados entre as maiores Fundada em 1977, por um projetista de computadores britânico
companhias. Inicialmente, resolveram produzir para uso in e dois veteranos da Mostek americana, a Inmos deveria ser apoi
terno, lançando-se, posteriormente, às exportações. ada pelo Britain's National Enterprise Board (NEB), que prome
teu investir US$ 115 milhões em duas parcelas iguais, assu
Olhando-se o mercado europeu, vemos a ausência destes fa mindo, então, a posição de acionista majoritário e, desta forma,
tores necessários ao sucesso. Cada naçáo projeta utilizando seguir os passos da Intel e Mostek.
componentes diferentes, tornando o mercado bastante fracio
nado. O capital de risco é quase incalcançável e, até recente Seu objetivo é a produção de memórias de tipos mais avançados
mente, fundos governamentais eram escassos. que as atualmente em uso.
As companhias americanas invadiram o mercado europeu pela Richard Petritz, dirigente da Inmos, acredita que o único modo
exportação e construção de fábricas no exterior. Em 1957, a Te de competir é atuar diretamente no dinâmico mercado ameri
xas constuiu sua primeira fábrica na Europa e, hoje, 15 fabrican cano. Iniciando sua produção-piloto em Colorado Springs, es
tes americanos ocupam o território. Outro problema é que o pera até o fim do ano entregar amostras de seu primeiro pro
mercado europeu demanda mais componentes para bens de duto, uma superveloz memória de 16 kbits. Tendo havido relu
consumo do que para equipamentos sofisticados, tais como tância por parte do governo conservador inglês em continuar a
computadores e satélites de comunicações, e, segundo Sanders, subsidiar uma empresa privada, bem como discussões sobre a
da America Micro Devices, "o caminho para baixar os custos de localização de sua fábrica na Inglaterra, a segunda parcela do in
quase todos os CIs é produzir memórias para computadores". vestimento foi retardada de sete meses, o que, neste setor, signi
Elas são os componentes de maior consumo; a tecnologia adqui fica atrasos dos planos de produção e fez com que a empresa
rida com sua produção pode ser aplicada a todo o resto e, além desistisse de se instalar, também, na Inglaterra. Por isso, o NEB
disso, produzindo componentes complexos, aprende-se a fa iniciou sondagens para encontrar comprador de parte do em
zer com que os circuitos mais simples de consumo tenham me preendimento. Por outro lado, o Departamento da Indústria Bri
lhor performance. tânica é um adversário da Inmos; irá dispender US$ 125 milhões
até 1983 para apoiar a microeletrónica; porém, somente um
quarto deste valor destinar-se-á a auxiliar fabricantes de disposi
França tivos semicondutores em grandes quantidades padronizados
•mundialmente. A maior parte destes fundos destina-se a desen
O mais agressivo programa para a produção de semicondutores volver outros dois ramos do negócio: dispositivos projetados es-
é o Plan Circuits Intégrés, francês, lançado há 2 anos. Ofere peficicamente (custom made) para um único consumidor e com
cendo US$ 200 milhões em ajuda do Estado e um acesso pre ponentes padronizados projetados para uma indústria em parti
ferencial ao mercado interno, tenta induzir os fabricantes ameri cular.
canos a fazerem joint-ventures, como parceiros minoritários, com
as indústrias locais. Note-se que o governo detém cerca de 40%
do mercado de semicondutores, que se espera que atinja US$ 500 Alemanha
milhões em 1985. Com essa finalidade, dividiu os fornecedores
com cinco categorias: O Ministro de Pesquisa e Tecnologia da Alemanha Ocidental
decidiu investir US$ 25 milhões este ano em VLSI, a nova gera
1. Companhias francesas ou joint-ventures franco america ção de CIs. Embora espere um bom retomo de capital no futuro,
nas; o governo ainda é um subsidiador relutante.
2. Companhias americanas que participam nas joint-ventu
res; Uwe Thomas, o especialista em microeletrónica do Ministério,
3. Companhias americanas que vendem seus projetos a compa afirma que seu país está sendo obrigado à competição com os
nhias francesas; americanos, que continuam a suportar os programas de microe-
4. Companhias estrangeiras que fabriquem na França; letrônica com projetos especiais, como o do Departamento de
5. Produtores que exportam para a França. Defesa para desenvolver circuitos de alta velocidade, no valor de
US$ 200 milhões.
É importante frisar que nesta última categoria se inclui a Intel,
O governo alemão sente-se mais à vontade no ensino e apoio às
indústria líder em inovações.
pequenas e médias indústrias no emprego da microeletrónica.
Mais de US$ 60 bilhões das exportações alemãs são relativas a
Após analisar cada companhia americana de porte, Jean Pierre
Souviron, o autor do plano, e, atualmente, o segundo em hierar produtos que utilizam semicondutores.
quia do Ministério da Indústria, somente conseguiu viabilizar
duas joint-ventures: a Eurotechnique, formada pela National Se- Panorama Europeu
micondutors e a Saint-Gobain-Point-Mousson, e outra formada
pela Harris Corp. e a Matra, que irá somente produzir para o As únicas companhias européias que se encontram entre as dez
setor de telecomunicações. maiores produtoras de semicondutores são a Philips, da Ho
landa, e a Siemens, da Alemanha Ocidental. A Philips, que es
O ponto mais controvertido do plano é a competição entre as três pera produzir este ano semicondutores no valor de mais de US$
companhias francesas e as duas joint-ventures. Algumas estão 500 milhões, é a líder de vendas na Europa. Produz seus pró
produzindo componentes similares, porém, no conjunto, elas prios equipamentos para fabricação de chips e detém a tecnolo
se comprometeram a atender todas as necessidades do mercado gia MOS (metal-oxide-semicondutor). Pretende, por sua boa
francês em 1985. Acha o governo francês que esta competição as posição na eletrônica de consumo, tirar proveito do emergente
obrigará a procurar o mercado externo. Porém, fabricantes mercado doméstico de sistemas: TV bidirecional, jornal eletrô
americanos que se recusaram a aceitar qualquer associação di nico etc. Daí ter se concentrado nas tecnologias atuais de semi
zem que não conseguirão exportar, principalmente por causa do condutores, deixando em segundo plano os novos desenvolvi
ressentimento criado pelo protecionismo à indústria francesa. mentos. A maioria dos chips que vende para computadores e }