Page 5 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981

" E x i s t e u m a

a l i a n ç a n a t u r a l

e n t r e a s c o m u n i c a ç õ e s

e a d e s b u r o c r a t i z a ç á o "

Hélio Beltrão

nais todos os dias, é notícia... O minis­ Sobre a via polí­ compelir o administrador a abrir mão

tério jamais gastou um tostão de publi­ do poder. Ele terá mil justificativas, cer­

cidade, porque não precisa... É notícia, tica — " O problema, sendo cul­ tas ou erradas, legítimas ou ilegítimas,

o povo está a favor... Eu recebo 2 mil tural, tem que ser operado e resolvido para não fazê-lo. Só quem pode com­

cartas por mês". pela via do poder... Só pode ter trata­ pelir a administração a abrir mão do po­

mento cultural e político. O insucesso der é quem tem o poder superior".

de todas as reformas que já se tentou fa­

"Em todos os estados do Brasil já há zer na administração pública, no pas­ ? ? ?

programas de desburocratizaçáo. Re­ sado, resultou de um erro de enfoque.

centemente, São Paulo criou uma Se­ Acreditou-se que a reforma administra­ "Não existe fórmula técnica mágica

cretaria Extraordinária para a Desburo- tiva era um problema técnico e que, para resolver o problema. A fórmula

cratização, como fez o Governo federal convocando-se os melhores técnicos de mágica é um presidente da República

ao criar um ministério. Eu espero que administração do país — e os temos, determinado a mudar a estrutura do

outros estados sigam o exemplo, mas, excelentes — eles poderiam formular poder. A medida que o presidente as­

mesmo onde não há secretário extraor­ soluções. É um erro absoluto e grossei­ sina esses atos (desburocratizantes) —

dinário, há sempre uma secretaria cui­ ro, pela simples razão de que só se des­ e o Congresso também atua, quando se

dando da desburocratizaçáo, isto é, burocratiza o país que quer se desburo­ precisa de leis — a coisa muda instanta­

tentando desburocratizar as reparti­ cratizar. O técnico, por melhor que neamente".

ções estaduais." seja, jamais conseguirá o milagre de

? ? ?

"Nós demos prioridade à solução dos

problemas que afetam maior número

de pessoas. A mensagem foi entendida Gilson: cuidado com

porque nós estamos falando daquilo a "burocracia eletrônica"

que irrita o homem comum. Estamos

demonstrando que o programa está li­

gado ao conceito de abertura política, presidente daTelebrasil, Helvécio

que ele não é técnico: trata-se de levar O Gilson, fez a abertura do Debate.

ao indivíduo o conceito de liberdade, Em seu discurso, distinguiu os dois

de proteção contra o arbítrio do Estado, sentidos da palavra burocracia: o aca­

não apenas no plano político das gran­ dêmico, weberiano, e o outro, de uso

des liberdades, mas no dia a dia do ci­ corrente. A respeito do primeiro, disse

dadão que todos os dias tem sua digni­ que "o desenvolvimento social não

dade e seus direitos humanos violados pode ser desligado do desenvolvi­

nas filas, guichês e balcões." mento da capacidade de legislar, regis­

trar e estruturar direitos e deveres. A
? ??
burocracia é o sujeito dessa ação, que

"O programa está intimamente ligado não pode distinguir o tipo de organiza­

aos ideais de liberdade e cidadania. ção, pois é o atributo essencial de

Não se pode falar em democracia sem todas". Definindo como tema do De­

desburocratizar o país. A burocracia é bate o sentido popular do termo, Gil­

exatamente a negação da democracia. son ressalvou que, "além de suprimir­ gar, não se venha instalar uma outra,

Nós não teremos democracia neste mos os restos de uma burocracia colo­ tão ou mais poderosa, invisível, com os

país, enquanto tivermos este excesso nial, caligráfica e 'papeleira', faz-se n ov os re c u rs o s da e s c r itu r a

burocrático." mister cuidarmos para que, em seu lu­ eletrônica".