Page 4 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981

A Telebrasil realizou no dia 14 de julho, no Rio de Janeiro,

o seu 4.° Debate, com o tema T elecom u n icações e

Desburocratização. Aqui, estão resum idos os pontos

principais das palestras e pronunciam entos do encontro.

S o b re as te le c o ­ nas, colocar mais um instrumento a de mudar a cultura do povo brasileiro,

serviço do homem. Isso nós todos esta­ o que seria insensato. O que é neces­

m unicações — "Eucon- mos procurando aqui." sário é mudar os decretos que existem

sidero — sempre considerei — o Minis­ "Os programas ligados à descentraliza­ na administração pública, porque lá se

tério das Comunicações um aliado na­ ção, que é a pedra de toque de desburo­ refugiou tudo aquilo que nós herdamos

tural do Ministério da Desburocratiza­ do passado, do arcabouço burocrático
cratização, hoje estão muito simplifica­
ção. Não só é, como tem-se compor­ dos, através dos terminais de computa­ utilizado pelo colonizador".

tado como tal. Aliás, não há nada mais
dor, de equipam entos periféricos. S ob re o programa
natural do que essa aliança. A burocra­ Tudo isso pode parecer muito difícil,

cia é a morosidade, é a complicação, mas, hoje, é muito fácil. O que é difícil d e d esb u ro crati-

fila, papelório... E a atividade de co­ é manter a burocracia como ela é hoje.

municações é exatamente o contrário — "Eu tenho colocado o
O difícil é manter o que está aí. Entre­
de tudo isso. Portanto, os ministérios programa não como um programa téc­
tanto, ainda há muita suspeição, muita
têm que andar juntos." nico, mas como um programa cultural,
antipatia, pelos instrumentos moder­
a ser deflagrado pela via política, por­
nos. Confunde-se o computador com a
? ?? que afeta o poder e a maneira de exercè-
ditadura de computador. Os equipa­

mentos ¦»o terminal, o telex, a televisão, lo, afeta a necessidade de mudar leise
"Nós não estamos, aqui, procurando - tudo que hoje se usa, pode e deve ser regulamentos que consagram marcase

demonstrar se a ajuda do Ministério hábitos herdados do Brasil colonial.”
utilizado sem risco. O importante é
das Comunicações deve existir; não, is­
quem está por trás disso, é quem pro­
so nós já sabemos — que deve, pode e é grama o computador, é quem usa o sa­ ? ? ?

importante que ajude, e já está aju­
télite ou o telex. O homem é que tem
dando. O que nós temos que eviden­ que estar com a cabeça no lugar." "E certo que as mensagens do progra­

ciar é que essa ajuda está sendo subu- ma têm sido absorvidas muito rapida­

tilizada. Vastas áreas do Governo ainda S o b re as c a n s a s mente pela população. A revolução

não se deram conta de que essa ajuda é que estamos pregando é aquela que o

possível. E, em segundo lugar, deve­ h istó ricas — "O Brasil já povo quer ouvir; é a revolução do re­

mos procurar identificar meios, modos nasceu regulamentado, centralizado e torno à simplicidade, ao bom-senso, do

e fórmulas para que essa ajuda se con­ controlado. Tudo aqui foi feito de cima retorno à confiança. O povo precisa

cretize nas várias áreas do Governo. É para baixo. Quando Tomé de Souza confiar, o povo quer acreditar nas pes­

claro que nós não pretendemos substi­ chegou ao Brasil, em 1549, já trouxe o soas. E o programa é muito mais isso do

tuir a burocracia — que empregamos regulamento pronto, elaborado em Lis­ que outra coisa qualquer. É dizer: va­

não na expressão acadêmica, mas na boa. Não havia povo, mas havia regula­ mos dar soluções simples aos proble­

expressão popular — por outro tipo de mento. A burocracia chegou ao Brasil mas. Vamos basear a administração na

desumanidade. Nós queremos que a antes da sociedade. E a burocracia é confiança, porque desconfiar é muito

administração se torne mais humana. que moldou a sociedade, superpôs-se a caro, além de pouco ético."

Portanto, se ela é desumana hoje, não é ela. As realidades, aqui, têm sido cons­

nosso intuito manter a desumanidade truídas por decreto. A própria Federa­ ? ??

através do avanço tecnológico. Nós te­ ção foi feita assim, e é por isso que até

mos que utilizar a teleinformática e hoje não funciona direito." "Eu pergunto: estamos ganhando ou

tudo mais que as comunicações nos perdendo a guerra? Isso é importante.

oferecem a serviço do homem. O ho­ ? ?? Estamos ganhando, porque a palavra

mem tem que estar predominando so­ desburocratização, que, há dois anos

bre tudo isso. Não se pode, em nenhu­ "A burocracia é uma herança do pas­ atrás, não tinha a menor circulação —

ma solução, perder a dimensão hu­ sado, que ficou confinada, graças a mesmo porque é uma palavra mais ou

mana. Desburocratizar é humanizar, e Deus, à administração pública, mas menos complicada de pronunciar —

a utilização da técnica significa, ape- que, infelizmente, existe. Não se trata hoje está na boca do povo, está nos jor-