Page 20 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981

O d i l e m a d i g i t a l d o s e t o r

As administrações mundiais estão, aos transferência de tecnologia da Tele-

poucos, se encaminhando para o uso brás.

de técnicas digitais nas redes em que A área de comutação apresenta um pa­

operam. norama mais complexo. Um marco im­

portante dessa política foi a portaria
Isto requer que, aos poucos, uma nova

mentalidade — digital — passe a nor­ 661, de agosto de 1975, que determi­
nava o desenvolvimento de uma cen­
tear os fornecedores e utilizadores des­

tral CPA, do tipo temporal, a ser desen­
ta tecnologia, à medida que os equipa­

volvida pelo CPqD, este também pre­
mentos digitais vão ficando disponí­

visto na portaria. O precursor do pro­
veis.
jeto foi desenvolvido pela Universi­

A introdução, no mercado, de uma dade de São Paulo, com o nome de Sis-

nova tecnologia sempre favoreceu a en­ ;om, que passou a denominar-se pelo

trada de novos parceiros, e aí reside o CPqD de Trópico. O desenvolvimento de pequenas cen­

impulso de querer participar o Brasil,
O desenvolvimento de um projeto de trais Trópico, para uso em áreas rurais,
na medida dos recursos humanos de
CPA temporal pelo CPqD, nas suas e de concentradores constitui o projeto
que dispõe, no desenvolvimento de
versões para aplicação local, tandem e Siscom III. O CPqD de Campinas já co­
uma tecnologia própria.
trânsito, poderá levar de cinco a oito meça a colher seus primeiros resul­

anos, isto é, sua versão industrial pode tados.
Do ponto de vista das telecomunica­

aparecer entre 1986 e 1989.
ções, este anseio brasileiro se dirige ba­
Dessa maneira, aos poucos, aparecem

sicam ente em três direções que se O dilema atual da situação é, portanto, no Brasil os produtos e a nova mentali­

complementam: componentes, trans­ o seguinte: dade digital.

missão e comutação. — utilizar CPA do tipo espacial, ou

mesmo permanecer com tecnologia

A área de componentes, hoje em dia, Do ponto de vista global, existe uma
eletromecânica, até que o desenvol­

está sendo orientada pela Secretaria Es­ grande tentação de classificar os esfor­
vimento do CPqD frutifique;
pecial de Informática — SEI, que prevê ços do país, nesta fase, na qual aparece
— contratar ou pelo menos reservar
a criação de um Instituto Nacional de opções para compra de CPA tem­ no setor aeronáutico o Bandeirante, em

Microeletrônica, com sede em Campi­ informática, o Cobra-400 e em teleco­
poral junto aos fornecedores inter­

nas, além da reserva de mercado para m unicações, o multiplex MCP-480,
nacionais.

empresas de capital nacional. como fase de pré-autonomia tecnoló­

Como todo dilema, este também e difí­ gica.

A área de transmissão é a mais adian­ cil de ser resolvido, visto que a introdu­

tada e está coberta com o desenvolvi­ ção de uma tecnologia nao padrão irá Como diz o Ministro Haroldo de Mat­

mento e teste pelo CPqD de multiplexa- certamente dificultar a idéia de desen­ tos: "U m a nação não pode perdero

dores PCM, de 30,120 e 480 canais, que volver uma tecnologia CPA autônoma bonde da história" ...e nem o das cen­

serão industrializados no Brasil, com no Brasil. trais CPA's.

r u m

A importância das técnicas digitais O H u n D n

As telecomunicações caminham, gica com que atuam individual­ Os sinais analógicos, e entre eles a

sem dúvida, para um mundo de téc­ mente e a necessidade de integrar- voz hum ana, podem ser transfor­

nicas digitais. Aspectos filosóficos à se uma grande quantidade desses mados, com bastante fidelidade, em

parte, isto está se tornando possível componentes em uma arquitetura sinais digitais, e vice-versa, ou seja,

graças aos novos componentes ele­ única — os microcircuitos — que, a voz pode ser transmitida digital­

trônicos, baratos, confiáveis e de devidamente operada, permite ma­ m ente, com as vantagens que isto

baixo consumo energético, destina­ nipular todo o tipo desejado de in­ oferece, e reproduzida, como o som

dos a operar não mais analógica- formação. analógico original, no outro extre­

mente (isto é, podendo ocupar toda O grande entusiasmo pela aplicação mo. As máquinas, por sua vez, se

uma gama de estados eletrônicos de técnicas digitais em telecomuni­ comunicam muito bem, pelo menos

dentro de limites definidos), mas cações provém do fato de que estas até agora, através de sinais repre­

sim digitalmente (isto é, condiciona­ técnicas protegem a integridade da sentando dígitos.

dos a ocupar uns poucos estados informação frente às influências do

bem definidos, equivalente cada meio, pois a qualquer momento se A revolução do analógico para o di­

qual a um dígito matemático). pode deduzir, com razoável grau de gital não é só de novos componen­

certeza, se o sinal em causa, mesmo tes, mas também do enfoque de en­

O que caracteriza os novos compo­ distorcido, representa determinado genharia,em que o tipo de raciocínio

nentes digitais é a simplicidade ló­ dígito transmitido. utilizado passa a 3er outro.