Page 17 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981

R e c u r s o s h u m a n o s p a r a o f u t u r o

ambígua. O gerente precisará, em con-

seqüência, conviver com um maior

grau de incerteza, suportando maiores

níveis de tensão e correndo maiores ris­

cos, além de ter que encontrar rápidas

alternativas de solução para mudanças

que não estavam previstas (relembre­

mos a crise energética).

Dessa maneira, um gerente só estará

preparado para executar sua tarefa se,

além dos conhecimentos técnicos ne­

cessários à sua posição, tiver uma per­

feita percepção dos problemas huma­

nos e sociais de seu tempo.

O desafio colocado pelo futuro so­ Diante da complexidade dos proble­ dos modelos teóricos, trazendo in­
mano é outro elemento perturbador
bre o mundo das telecomunica­

ções pode ser resumido em três per­ mas que terão que ser solucionados no fluências contraditórias e multifaceta-

guntas principais: a) Que tipo e quanti­ futuro, preconiza-se a coexistência de das que vão do lógico e racional ao

dade de recursos humanos o mercado duas estruturas paralelas nas organiza­ emocional e inconsciente.

irá absorver? b) Que providências de­ ções: uma, rotineira, para as tarefas ha-

vem ser tomadas hoje para atender à •bituais, e outra, mais reflexiva, para as Diante desse panorama complexo, ca­

demanda de amanhã? c) Que tipo de missões de planejamento e desenvolvi­ berá ao gerente do futuro não só colher

organização necessitarão as telecomu­ mento. e distinguir informações precisas, mas,

nicações do futuro? também, saber diagnosticar os valores

Há que se distinguir entre os modelos envolvidos nas diversas situações, en­

Tentando responder a essas indaga­ teóricos, nos quais seu criador pode co­ frentando as discordâncias e lidando

ções, os estudiosos prevêem que deve nhecer todas as suas implicações, e o com os sentimentos dos participan­

crescer a complexidade das.interrela- mundo real, no qual aparece um maior tes... Tal qual sempre fizeram os che­

ções entre as organizações e o meio em grau de incerteza, devido ao volume e fes e líderes de toda sorte, antes mesmo

que operam, o que tornará a fixação de complexidade das informações que que se descobrissem as grandes teorias

objetivos empresariais mais difusa e precisam ser analisadas. O fator hu- organizacionais.

A INTERAÇÃO DO HOMEM E DA MÁQUINA

Para o futurólogo P. Schw artz, do agentes de memória especializados em Identificados e entendidos, esses agen­

Standford Research Institute, o compu­ funções ou emoções precisas. Um tes poderiam ser, um dia, representa­

tador recorrerá mais do que nunca à ca­ 'estado de espírito' poderia ser, então, dos por sinais eletrônicos nas máqui­

pacidade de abstração do homem. Para o entrelaçado desses 'agentes', que se nas do futuro? Conseguir-se-á uma má­

este cientista é impossível comunicar- aliam uns aos outros para uma função quina dotada de alma? Continua ainda

se com um vídeo segundo os modos da específica. Haveria agentes de amor, sem resposta essa pergunta, que os

realidade. Uma criança pode fazer um de alegria, de solidão, de cólera, de in­ cientistas fazem a si mesmos. Até

elefante de argila. Bastam suas mãos tuição e de depressão". agora, a máquina consegue, na melhor

para perceber a realidade da massa. das hipóteses, não sentir realmente,

Para fazer aparecer um elefante no ví­ mas sim simular certas formas de sensi­

deo de um computador, no entanto, bilidade, exibindo sinais exteriores de

será necessário que, antes, a criança de­ emoção, como abrindo os lábios para

fina o conceito de elefante. "A lógica e a sorrir ou secretando gotas de água para

mente quantitativas continuarão sendo chorar.

— segundo Peter Schwartz — as duas

grandes virtudes do com kid (a criança Vira e mexe e o homem continua preo­

do computador)". cupado com o ser que criou — o com­

putador. Indaga-se, por outro lado, se

Uma máquina poderá, algum dia, co­ um pouco de mística judiciosamente

mover ou ser comovida? O professor dosada nos veículos de comunicação

Marvin Minsky, pai da inteligência arti­ social não serviria também para manter

ficial, responde a essa pergunta: "O es­ alto o status mercadológico de um sim­

pírito humano talvez se componha de ples aparelho.