Page 24 - Telebrasil - Julho/Agosto 1981
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Como Delfim vê a política econômica
Delfim Netto, do de Guerra. Delfim reiterou que o obje econômico, me impressiona o impacto
Planejamento, disse na tivo da a'uai política econômica conti verbal. Mas esta é uma expressão va
nua sendo o crescimento econômico, z ia , p o rq u e p a re c e a b stra ir o
Conferência Monetária evitando a recessão. fundamental: a existência de recursos.
Internacional, em Se nós tentarmos invertera questão, no
Lausanne, Suíça que "a Delfim Netto chamou a atenção, na nível atual de renda que a sociedade
fase final da conferência, para o fato de gera; se deixarmos de realizar os inves
abertura política leva a um que a rígida política de combate à infla timentos fundamentais, se deixarmos
grande número de ção não produziu a queda de cresci de produzir alimentos, se desviarmos
demandas econômicas e mento econômico de que hoje se fala. os escassos recursos para uma pretensa
"política social" vamos acabar no pior
sociais, algumas das quais dos mundos: nem resolveremos o pro
não podem ser atendidas blema básico de criar empregos, de am
de imediato. Mas, por pliar a renda, e hem vamos resolver o
problema social. Se forçarmos a máo,
outro lado, elas criam um vamos todos acabar mais pobres e nem
consenso com respeito às por isso a renda será melhor distribuí
novas instituições, da. O que é preciso fazer é combinar o
social com econômico e é isto o que está
tornando assim possível fazendo o governo Figueiredo.
uma estabilidade política
duradoura". "O Brasil tem recursos. O Brasil tem con
dições de fazê-lo. Tem uma sociedade
razoavelmente organizada e eu estou
absolutam ente convencido, depois
desta fase de ajustamento — que é ne
cessária, que é fundamental — de que
nós vamos voltar a crescer acelerada
m en te e já a ju sta d o s a um novo
O ministro afirmou que o Brasil foi um mundo, já ajustados a um mundo que
dos países mais duramente atingidos terá superado esse problema dramático
pela crise do petróleo, assim como pela que foram os dois choques do petróleo.
elevação das taxas internacionais de E só tenho certeza, portanto, de que
juros, afirmando que o país importa nós estamos no caminho da solução do
75% do petróleo que consome, o que nosso problema".
correspondeu a 47% das suas exporta Delfim tem certeza de estar no caminho da
ções do ano passado. solução.
Ponto máximo de aperto,
Salientou que a política econômica pro "Nós estamos longe de uma recessão"
— garantiu ele. "A economia brasileira, disse Pastore
cura conciliar três objetivos: a curto
prazo, combater a inflação e reduzir o em 1981, não vai repetir a excepcional
déficit do balanço de pagamentos e, a performance de crescimento de 8,5 por Em entrevista a T. G. Meissner, da Fo
longo prazo, mobilizar recursos para a cento do ano passado, mas não apre lha de São Paulo, o secretário da Fa
produção de energia/Ele explicou que senta nem de longe a característica re zenda do Estado de São Paulo, econo
cessiva que lhe querem atribuir.
a estratégia é gradualista, pela necessi mista Afonso Celso Pastore, acredita
dade de manter ritmo razoável de cres que a economia brasileira está ultrapas
cimento, e atribui prioridade à agricul "O Brasil não pode viver com taxas de sando "o ponto crítico de sua crise" e
tura e às exportações. crescimento muito pequenas. O Brasil que os reajustes conjunturais forte
tende a absorver a população economi mente monetaristas introduzidos no fi*
camente ativa que está crescendo. E o
Delfim disse que a política de combate à nal do ano passado estão chegando ao
Brasil vai absorver essa população".
inflação e de correção das contas exter fim. "Chegamos ao ponto máximo de
nas está sendo realizada mediante me aperto, em termos de desaquecimento
lhor coordenação dos controles mone Numa nota de realismo aliado ao oti de vendas e de desemprego", disse ele.
tário, fiscal e cambial, afirmando que a mismo, disse ainda o ministro, a pro acrescentando: "Daqui para a frente
expansão dos meios de pagamento foi pósito do esforço para reduzir os dese temos de nos recuperar, porque há um
fixada este ano em 50%, apesar de a quilíbrios regionais: "Nós somos um certo grau de redução de produção ede
conta aberta para os créditos ao setor país que está crescendo mais do que os emprego com o qual a sociedade aceita
agrícola ser estimada este ano em US$ 5 outros, com grande esforço, mas ainda conviver temporariamente. Mas explo
bilhões. somos basicamente um país pobre. dir este nível, efetivamente, é muito
Quando ouço dizer, por exemplo, a complexo. Nenhum governo de ne
Em outro pronunciamento, realizado afirmação de que nossa política econô nhum país está disposto a se expor a es
para os estagiários da Escola Superior mica esquece o lado social e só pensa no se risco."